sexta-feira, 4 de junho de 2010

História (219) - "Far l'America"(128):Imigração no Pará e Amazonas nos séculos XIX e XX (1)

"Posteriores elementos de interesse apresenta a surpreendente imigração italiana nos estados do norte, principalmente em Belém, Santarém e Óbidos, no Pará, e em Manaus, no Amazonas. Também desta vez trata-se de uma imigração proveniente do mesmo território no Apenino meridional, atraída pelo mítico boom da “borracha”, cujo ciclo se estendeu entre 1870 e 1920, e no qual esses italianos procuram inserir-se de qualquer maneira.

É conhecido o vibrante desenvolvimento urbano de Belém que, em 1904, tem 125.000 habitantes, o triplo de trinta anos antes, graças ao boom do comércio internacional da borracha. No final do século XIX, na cidade também se iniciava um processo de industrialização, com o surgimento de oficinas mecânicas e pequenas fábricas de sabão, cera, biscoitos, licores, etc. Seja no comércio citadino, seja na pequena indústria, encontramos uma centena de italianos também em Belém. Muitos são sapateiros, operários, vendedores de fruta. Por iniciativa dos italianos Conte e Libonati, surgem as primeiras fábricas de sapatos. Mais uma vez, esses sobrenomes remetem à mesma zona do Apenino lucano, entre a Calábria e a Campania. No final do século XIX, quando vivem em Belém cerca de quinhentos italianos, é movimentada a linha de navegação Genova-Manaus, empreendimento da Società di Navigazione Ligure-Brasiliana. A colônia cria raízes rapidamente; tanto é que, em 1912, constitui-se uma Associazione Culturale Italo-Brasiliana, contando com algumas centenas de sócios fundadores.

No censo de 1920, registram-se cerca de mil italianos que, nos anos sucessivos, fundam mais duas associações, uma de caráter elitista, outra de caráter mais popular, ambas em permanente competição. Neste momento, quando encerrava o ciclo da borracha, os italianos eram numerosos no comércio de gêneros alimentícios, tecidos, ferragens e no comércio de produtos regionais, mas também desempenhavam atividades bancárias e ocupavam- se de tipografias" .(Fonte: Vittorio Capelli, professor-associado de História Contemporânea na Universidade da Calábria, no ensaio  “A propósito de imigração e urbanização: correntes imigratórias da Itália meridional às ‘outras Américas’ tradução da Profa. Dra. Núncia Santoro de Constantino,docente do Programa de Pós-Graduação em História da PUCRS.-2006)
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário