quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

História (223) - Imigração italiana após a Segunda Guerra Mundial: a colônia de Pedrinhas( 2)

"Entre 1949 e 1950, o Economic Cooperation Administration (ECA), "pelo seu programa de assistência técnica ao exterior, consignou a importância de 1.300.000 dólares para auxiliar a iniciativa italiana ligada ao fomento da emigração agrícola". Órgãos do governo italiano delegaram ao Instituto Nazionale di Credito per il Lavoro Italiano all'Estero (ICLE) a criação de um programa para a utilização dessa quantia. Esse programa contou com o apoio do Instituto Agronômico per A.I. (Instituto Agronômico para a África Italiana). O fracasso da África Italiana, da época de Mussolini, renovou o interesse pela América do Sul, que datava do período da chamada migração em massa (1880-1930, aproximadamente). A primeira missão de reconhecimento chegou ao Brasil em 1949, e a segunda, em 1950, incluiu, além do Brasil, outros países da América do Sul. Após levantamentos realizados no estado de São Paulo, decidiu-se pela instalação de uma colônia na região da Alta Sorocabana. 
 
A escolha recaiu sobre uma gleba de terras –Pedrinhas – de 3.565 ha., localizada na bacia do Rio Paranapanema, na direção sudoeste do planalto paulista. Desbravada na altura de 1922, esta área, constituída em 1950 de catorze propriedades, entre fazendas e sítios, [...] [situava-se] a apenas 50 quilômetros da cidade de Assis.

A compra de terras e a execução do plano de colonização foram realizadas pela Companhia Brasileira de Colonização e Imigração Italiana, empresa constituída no Rio de Janeiro, como sociedade anônima, em 28 de setembro de 1950, com o fim de 'promover a imigração e colonização italiana no Brasil'. [...] esta instituição surgia como produto também da Segunda Guerra Mundial, compondo assim o elenco de órgãos encarregados de revitalização da emigração italiana de pós-guerra. [...] Surge, assim, a Companhia Brasileira de Colonização e Imigração Italiana, com capital formado pelos bens italianos liberadose pela subscrição do governo italiano, auxiliado pelo governo americano. A ocupação da gleba, compreendendo os trabalhos de demarcação dos lotes e as atividades de construção, levou três anos. Em 1963, data do início da pesquisa e 10 anos depois da chegada das famílias, Borges Pereira encontrou o seguinte quadro:
[...] uma área rural dividida em 180 lotes, variando de 20 a 25 ha., a qual circunda totalmente a área urbana, com uma faixa de intermeio – suburbana – onde se localizam o cemitério e os campos de aviação e de futebol. Na parte urbana, com ruas e avenidas que se cruzam em traçados precisos, localiza-se a igreja, o hospital de emergência, os escritórios administrativos do núcleo, o clube, a hospedaria, o banco, as escolas pré-primária, primária e secundária. Completando esta paisagem urbana, e atendendo ao desenvolvimento do núcleo, há, ao lado de casas residenciais, um comércio varejista, que aos poucos se diversifica, e uma indústria icipiente de transformação – máquinas de beneficiar arroz, moinhos de trigo e de fubá, laticínio, etc. É neste cenário rural-urbano que se distribui a população envolvida no processo de aculturação, que está sendo objeto desta análise.

Para completar o quadro da colônia, o autor destaca a sua localização próxima da cidade de Assis, um centro urbano dotado de recursos – escolas e faculdade, assistência médico-hospitalar, etc. –, o que "garantiu de antemão à Companhia Colonizadora redução do capital investido no núcleo". Esse fato levou a comunidade a entrar forçosamente em contato com a sociedade inclusiva, tornando-a uma comunidade "aberta" e criando assim condições que "atuam favoravelmente no processo de aculturação daquele grupo étnico".

Além da proximidade de Assis, a escolha da localização do núcleo foi também motivada pela facilidade de obtenção de mão-de-obra: os trabalhadores temporários, migrantes dos estados setentrionais, de "certas áreas matogrossenses, fronteiriças com o Paraguai, o que explica a presença esporádica de paraguaios, e até de índios Terena". Esses trabalhadores são aproveitados pelos imigrantes italianos para a colheita do algodão. (fonte:Ethel V. Kosminsky Universidade Estadual Paulista, campus de Marília - in www.scielo.com.br )

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