quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

História 33 – “Far l´America” (1): Contextos políticos e econômicos


Após dedicar particular l atenção à figura de Giuseppe Garibaldi e sua epopéia no Brasil, Oriundi Brasile abre um segundo e longo Especial intitulado “Far l´America”, que procurará reunir informações dispersas na Internet sobre a grande imigração italiana desde a décadas finais do século XIX até o final da Segunda Guerra Mundial.

COMO TUDO COMEÇOU 

A partir da década de 40, o governo inglês começava a endurecer, definitivamente, sua posição contrária à política escravocrata do império brasileiro. Legalmente amparada, a marinha inglesa passou a interceptar os navios que transportavam os negros africanos, impedindo-os que chegassem ao Brasil, etapa final do tráfico de escravos. A firme postura britânica atingia frontalmente a economia brasileira, cuja agricultura se amparava no trabalho do negro feito escravo. Assim, ficava evidente que a elite nacional teria de encontrar uma solução para a substituição desse sistema de mão-de-obra. Isso valia, sobretudo, para os cafeicultores, cuja lavoura encontrava-se em pleno desenvolvimento, incrementando as exportações brasileiras.

Entre 1847 e 1848, com base numa legislação oficial, foram feitas algumas tentativas de fixar colonos europeus em São Paulo, com resultados pouco satisfatórios. Essa região já havia recebido, timidamente, em 1829, algumas famílias alemãs, que, numa iniciativa do poder imperial, chegavam na condição de colonos, tendo estabelecido dois núcleos: um no interior do Estado (divisa com Paraná) e outro nas proximidades da capital.

Com a promulgação da lei Eusébio de Queiroz, em 1850, que determinava o fim do tráfico de escravos no Brasil, evidenciava-se a necessidade da adoção, o mais breve possível, de uma ampla política de favorecimento da imigração. Por outro lado, o governo brasileiro tinha plena consciência de que a economia do País precisava contar com uma política de colonização das imensas áreas rurais ainda improdutivas, estimulando o desenvolvimento de culturas que não a do café.

A partir de então, começaram a surgir , com incentivo governamental, as companhias de colonização. Estas firmavam contratos com o governo visando à vinda e ao estabelecimento de imigrantes em terras do Estado, que eram repassadas às próprias companhias com condições especiais de pagamento.

Nos anos 50 e 60 sucessivas modificações na legislação foram efetuadas, objetivando dar uma maior segurança aos que imigravam. Uma desses incentivos, aprovado em 1867, consistia, entre outras facilidades, no pagamento do lote rural em até 10 anos. Mesmo assim, os resultados alcançados ainda eram considerados muito tímidos.


Mais tarde, porém, essa situação ganharia novos contornos quando, já na década de 60, o jovem Reino da Itália passava a conviver com um forte movimento de êxodo populacional, que a partir de 1876 ganharia contornos de um amplo e complexo fenômeno, conhecido como “a grande emigração” , algo destinado a durar até a deflagração da Primeira Guerra Mundial, em 1914. No Brasil, os desdobramentos desse fenômeno aconteceriam, de forma mais entre 1885 e 1891

No primeiro ano deste período o País recebeu cerca de 40 mil italianos, número que saltaria para mais de 100 mil em 1888, ano da promulgação da Lei Áurea, que pôs fim à escravidão no Pais. Em 1891, desembarcariam outros 130 mil. Antes disso, porém, o Rio Grande do Sul começaria a se destacar como um dos pólos receptores de imigrantes italianos. Historicamente, a imigração italiana naquele Estado tem como marco zero o ano de 1875, quando as colônias gaúchas Conde D’ Eu e Princesa Isabel recebiam as primeiras famílias italianas.

Na seqüência, outros núcleos foram sendo ocupados por italianos, a maior parte proveniente do Vêneto e Lombardia, como foi o caso da colônia chamada “Fundos da Nova Palmeira”, rebatizada como “Colônia Caxias”. De 1875 a 1879, entraram no Rio Grande do Sul pouco mais de 11 mil imigrantes, sendo que 8.500 vinham da Itália. Nessas regiões o governo provincial procurava estimular a imigração com base na pequena propriedade rural.


Na província de São Paulo o quadro era outro, uma vez que a região era o centro da cafeicultura nacional. Na década de 80, com a clara perspectiva da falência total do regime escravocrata, fazendeiros paulistas e o governo local partiram para a adoção de políticas de incentivo à imigração, tendo como principal objetivo a substituição da mão-de-obra escrava por aquela assalariada. Um dos incentivos foi subsidiar os transporte do imigrante desde o país de origem até os cafezais.  

OBS. Esse contexto político-econômico de substituição de mão-de-obra no Brasil do Segundo Império, aqui resumido, aparece de maneira aprofundada em diversos estudos disponíveis na Internet e que este blog procurará mostrar.

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