quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Históri (66 ) – “Far l’America (34 )”: donne e imigrantes, exploradas e humilhadas

Um relato interessante da participação da mulher italiana no fenômeno da imigração italiana no Brasil foi traçado por Ines Manuel Minardi (Centro de Comunicação e Letras – CCL – Universidade Presbiteriana Mackenzie) no texto Imigrantes italianas. Eis algumas das passagens do trabalho da professora, relatando a difícil situação da mulher imigrante.

“Durante o período escravocrata, a família para os fazendeiros, senhores absolutos em seus domínios, era formada por um núcleo central legalizado, composto pelo casal branco e seus filhos e um núcleo periférico mal definido, constituído do senhor, escravos e agregados. A mulher negra era um objeto de que os fazendeiros, seus filhos e capatazes dispunham como bem entendiam. É exatamente nesta promiscuidade à qual a escrava, por sua própria condição, pouca resistência podia oferecer, que a mulher imigrante é atirada, sofrendo seus resquícios ainda por muito tempo” . “Inúmeras queixas chegavam aos Consulados ou Vice-Consulados, onde a violência moral, misturava-se à violência física. Normalmente, quando as mulheres resistiam às propostas desonestas de patrões, de seus filhos ou capatazes, toda a família sofria represálias. Casos de estupros de meninas ainda crianças eram freqüentes, não suscitando nenhuma punição, nem mesmo quando procuradas as autoridades na cidade distante” .

“No caso de agressão às mulheres, a repulsa levava à solidariedade e esta paralisação do trabalho era o único meio de protesto possível. O desrespeito pelas mulheres era tão previsto que os contratos de trabalho rezavam que entre os motivos válidos para o colono poder abandonar a fazenda e romper o contrato, estavam o atentado a honra da mulher, filhas e outras pessoas da família por parte do proprietário da fazenda ou pessoas ligadas à direção e administração da mesma.”.

“Ao lado do trabalho extenuante que eram obrigadas a executar, a violência moral e física de que eram vitimas pelo fato de serem mulheres, havia a solidão em que viviam, e o fato de não contar com nenhum tipo de assistência. Muitos casos de loucura por parto foram assinados. Os médicos eram raros e difíceis. Os honorários impagáveis pelos colonos. As mulheres se serviam da ajuda de uma vizinha ou do próprio marido. Qualquer complicação era fatal. No auge do desespero recorriam a curandeiros. Os próprios padres procuravam cuidas das doenças com benzimento”.

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