terça-feira, 9 de março de 2010

História (102): A mulher imigrante na zona de colonização gaúcha

"No Rio Grande do Sul, como também já no Vêneto, as famílias de imigrantes eram quase sempre muito numerosas, contanto muitas vezes mais de dez filhos em um casal. Assim, praticamente a cada dois anos uma mulher tinha um filho e com eles um aumento da sua já pesada carga de trabalho.

As atividades que uma mulher desenvolvia no seio de uma família de imigrantes eram variados e pesados: além do trabalho de acompanhamento do crescimento e educação dos filhos, cabia também à mulher todas as atividades da casa como cozinhar, lavar, costurar e remendar as roupas de todos, cuidar da horta e dos animais doméstico, ordenhar as vacas, cuidar dos doentes e pessoas idosas da família e se estendia com o trabalho no campo ajudando o marido no trabalho nas roças e em serviços artesanais.

A jornada de uma mulher começava muito antes do alvorecer, sendo a primeira a levantar, para só terminar à noite, após preparar o jantar e finalizar os trabalhos de costura. Foi este trabalho duro e esta dedicação exclusiva à família da mulher vêneta fatores decisivos para que aquela emigração desordenada tivesse êxito aqui no nosso estado. Foram elas que tornaram possível a fixação do homem à terra além de manterem sempre vivas as tradições da língua, religiosidade, cultura e gastronomia dos Vênetos.

A Mulher Vêneta no início da imigração Na família, até muito pouco tempo atrás, o pai ou o marido detinham a autoridade total da casa. Distribuiam tarefas e determinavam eles todas as atividades a serem cumpridas em uma propriedade. Considerada menos importante que o homem, a mulher era muitas vezes privada do direito ao estudo em vantagem dos homens e sempre deixada de fora da herança familiar da terra. À mulher trabalhava incessantemente, mergulhada nas pesadas ocupações agrícolas e domésticas tarefas e deveres precisos dos quais não podia refutar.

O dia de trabalho da mulher camponesa iniciava ainda antes do alvorecer com a ordenha das vacas, fazia todo o trabalho da casa, desde as refeições, a feitura do queijo até a costura, o remendo das roupas para toda a família, a confecção da lã e dos chapéus de palha usados como proteção ao sol nas lidas do campo. Terminava a sua dura faina diária somente a noite, depois de servir o jantar para a família. A primeira levantar e a última a deitar.

O analfabetismo femenino era muito elevado e segundo dados apurados chegava até perto de 80% entre as primeira mulheres imigrantes que chegaram ao Rio Grande do Sul. Nas palavras da autora do livro "Brasile per sempre" Francesca M. Raouik: "depositária e guardiã dos principais conteúdos do patrimônio étnico dos emigrantes, a mulher preservou da extinção modelos de vida e valores camponeses do fim do século XIX, com costumes, linguagem e usos típicos desta cultura que, graças a maternidade, puderam ser conservados e transmitidos às novas gerações".(Fonte: Arquivos da La Piave FAINORS Federação Veneta ).

Nenhum comentário:

Postar um comentário