quinta-feira, 18 de março de 2010

História ( 120)- "Far l´America (68)": O pioneirismo de Paolo Bortoluzzi no Vale Vêneto, no Rio Grande do Sul

A família Bortoluzzi mantém na internet um relato da chegada do patriarca  Paolo às terras gaúchas na região do Vale Vêneto..

"A vida em Vale Vêneto surgiu timidamente. Porém, na cabeça de Paolo Bortoluzzi nasceu a idéia de formar uma “CITTÁ” na localidade e ali concentrar sua vida social e religiosa. Então em 1879, como sinal de partida Paolo Bortoluzzi instalou um moinho, (a primeira casa comercial, local onde também morava) e a pia de Erva Mate no Capitel. Ramificou o comércio em mais três locais: Ribeirão, São João do Polêsine e Novo Treviso. Com a construção de algumas casas, lentamente apareceram alguns traços de vida comunitária. Paolo Bortoluzzi, era um homem com a personalidade de liderança, não lhe faltavam cultura, autodisciplina e andava sempre bem trajado.

Seu caminhar dizia tudo o que era. Passo firme e compassado, corpo teso, cabeça erguida representando um gerdame italiano em marcha cívica. Um homem de fé, marcando o lugar através de sua religiosidade e personalidade. Sendo a religiosidade uma das brilhantes características do povo Vêneto, os colonos eram guiados espiritualmente por Paolo Bortoluzzi que, aos domingos, explicava e ensinava o evangelho.

A 1ª missa a ser rezada em Vale Vêneto foi no dia 18 de maio de 1879, pelo padre Marcelino Bittencourt, então vigário de Santa Maria. Esta missa foi celebrada em um descascador de arroz, junto à casa do Patriarca, usando como altar à mesa de sua família, que está guardada no museu de Vale Vêneto.

Paolo Bortoluzzi, sempre lutava por uma comunidade de religiosidade, educação e cultura aos seus liderados. Paolo Bortoluzzi acalentava o sonho de um dia poder ter padres e irmãs em Vale Vêneto, pois os colonos vindos do norte da Itália eram profundamente religiosos e não se conformavam em viver sem padres e irmãs. Paolo Bortoluzzi queria padres para ter a assistência religiosa e irmãs para educar e formar as crianças e jovens. Paolo Bortoluzzi preocupado com a segurança de Vale Vêneto, convocou uma assembléia, reuniu aproximadamente 200 homens para discutir e estudar os problemas, já que o delegado de Santa Maria não resolvia nada. Formaram uma comissão e foram a Porto Alegre, solicitar ao delegado provincial que necessitavam de segurança em Vale Vêneto. Na ocasião desta viagem, aproveitaram e foram ao secretário do bispo para solicitar um novo sacerdote para atender a localidade. Então, o Conselho Geral dos Padres Palotinos enviou um representante para analisar as necessidades do povo e introduzir na localidade uma ordem palotina. Surgiu o problema de quem pagaria as despesas para a vinda dos padres? Novamente o dedo de Paolo Bortoluzzi.

Então no dia 24 de julho de 1886 chegaram em Vale Vêneto dois padres: Pe. Jacó Pfandler (suíço) e Pe. Francisco Xavier Schuster (alemão). Uma recepção muito calorosa para os Palotinos, onde aproximadamente uns 100 cavaleiros fizeram o cortejo aos padres que foram saudados com tiros de espingardas e trabucos. Esta data marcou profundamente a história Palotina no Brasil e na América Latina. A partir de então, a 1ª casa Palotina na América e a 10ª no Mundo fundada em 1892. Com a chegada dos padres palotinos em Vale Vêneto, a comunidade, com muita dificuldade, em tempos escassez, iniciou a construção da atual igreja.

A pedra fundamental foi lançada em um terreno doado por Paolo Bortoluzzi. Iniciaram a construção da igreja, com pedras de basalto, pedras roliças e barro, porém, quando a igreja alcançava 8 metros de altura, ocorreu um deslizamento provocado por intensas chuvas. Com este fato, os colonos decidiram construir a Igreja com tijolos feitos por eles mesmos. A igreja destacou-se pela sua beleza de construção para época, quando o povo de Vale Vêneto foi presenteado, em seu sacrifício, por uma mulher, a maior benfeitora da Missão dos Palotinos no Brasil, Dona Giorgia Maria Augusta, condessa inglesa de Stehpoll, fez doações, como: 3 mil liras, o sacrário de bronze dourado, dois paramentos e outros objetos. Porém a maior doação foi de um sino de bronze, que pesa 1200 quilos, que foi fundido em Paris. Ela fez um único pedido: que a igreja fosse dedicada a Corpus Christi, como hoje é conhecida. Sua construção durou 20 anos e sua inauguração se deu no ano de 1907 e a consagração no dia 12 de dezembro de 1909, sendo a sua torre inaugurada no dia 7 de setembro 1922".

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