A socióloga Marília Emmi na Universidade Federal do Pará- tese de doutorado- faz um relato da imigração italiana no Estado do Pará.
"Entre as décadas de 1920 e 1930, os imigrantes italianos eram bastante representativos em Belém. As famílias se reuniam em duas entidades, conforme o respectivo poder aquisitivo. Havia a elitista Sociedade Italiana e a popular União Italiana. Entre as duas, uma enorme rivalidade.
Na rua Manoel Barata, em frente à antiga confeitaria Palmeira, funcionava a União Italiana.No mesmo prédio, hoje está instalada a Associação Ítalo-brasileira, entidade promotora da Festa de São Genaro, na avenida Serzedelo Correa.
Ainda na Manoel Barata, na esquina com a avenida Presidente Vargas, havia a Casa dos Italianos. Os filhos de italianos estudavam em escolas especialmente voltadas para eles. Uma delas, era a escola Dante Alighieri.
Em 1932, havia no Pará duas facções do Partido Fascista. A de Belém tinha 68 inscritos. A de Óbidos, 41. Além dos conservadores, havia os anarquistas ligados, principalmente, ao setor gráfico.
Eles se dedicaram ao comércio de gêneros alimentícios, de tecidos, de ferramentas e produtos regionais, mas também havia os que se tornaram representantes de bancos, como do Banco do Brasil e da Casa Moreira Gomes.
Os italianos que chegavam a São Paulo encontravam abrigo na Casa dos Imigrantes. Em Belém não havia uma casa similar. Os recém-chegados se hospedavam em pensões de famílias italianas. Na avenida Padre Eutíquio, a pensão da Dona Genoveva era uma das mais concorridas. Elas são as precursoras das cantinas italianas de hoje.
O primeiro grande impacto dos italianos no Pará era de ordem gastronômica, relata seus descendentes. A comida extremamente diferente era uma barreira. A maioria produzia as suas próprias massas.
Das 400 famílias do Norte da Itália programadas para as colônias Anita Garibaldi e Ianetama, em 1898, somente oitenta chegaram. Pertenciam às regiôes da Lombardia e do Veno, Norte da Itália.
Os imigrantes não tinham a preocupação de enviar dinheiro para a Itália, salvo para buscar o restante da família. Os mais abastados, no entanto, visitavam a Itália todos os anos.
Entre os comerciantes italianos, a maioria era originária da cidade de São Constantino di Rivello, na região da Basilicata. A pesquisadora do NAEA entrevistou um descendente que conheceu a cidade. Segundo ele, São Constantino é muito pequena e com poucas oportunidades de trabalho. Ainda hoje os jovens são obrigados a sair de lá quando chegam à idade escolar.
Os imigrantes que chegaram entre 1940 e 1950 saíram da Itália por causa da Guerra. Muitos já tinham parentes no Estado. Depois desse período, a imigração chegou ao fim". (Fonte Universidade Federal do Pará)
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