quarta-feira, 19 de maio de 2010

História (198) - Imigração Italiana após a Segunda Guerra (2)

A historiadora Luciana Facchinetti (Unicamp) lembra que uma das bases do fascismo é o nacionalismo, sentimento difícil de impor a uma Itália dividida em muitas regiões, cada qual com seu dialeto. "Mussolini via na alfabetização o meio de unificar o país, moldar uma consciência de cidadão e transmitir sua ideologia, criando uma geração de fascistas em todo o território. Obrigava a família a colocar os filhos da escola, no mínimo até o quarto ano primário", conta.

Educação, mas até determinado nível, pois o ditador reduziu incentivos ao ensino médio, fechou escolas técnicas e elitizou a formação superior. Não queria seres pensantes. Então, como o imigrante conseguiu sua qualificação, perguntava a historiadora aos entrevistados, obtendo como resposta o corporativismo de ofício que prevalece na Itália desde tempos feudais. "As crianças saíam da escola e iam aprender uma profissão com um parente ferramenteiro, um vizinho alfaiate. Mesmo aqueles do sul, que representam 60% da minha amostragem, tinham pais agricultores mas aprenderam a fazer pão, por exemplo".

Assim, vieram para o Brasil ferramenteiros, pedreiros, carpinteiros, mecânicos, marceneiros, padeiros, motoristas, barbeiros. Não possuíam certificados, mas conheciam o ofício. Também vieram diplomados como engenheiros, técnicos altamente especializados e professores. "Um professor com importantes publicações na área da aeronáutica, que por colaborar com o regime fascista ficou sem espaço na Universidade de Roma, foi autorizado pelo governo a trabalhar na Embraer. Vale salientar que engenheiros e especialistas italianos tiveram uma participação importante na construção do primeiro avião brasileiro, o Bandeirante”

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