domingo, 16 de maio de 2010

Oriunidi: Cacilda, a morte e o poeta

"Numa apresentação vespertina para estudantes secundaristas, durante o intervalo da peça Esperando Godot de Samuel Beckett, Cacilda Becker sentiu fortes dores de cabeça e levada às pressas para um hospital foi submetida a uma cirurgia. Trinta e nove dias após a internação, faleceu vítima de um aneurisma cerebral: era 14 de junho de 1969 e o país vivia sob o olhar censor do regime militar". (Joceley Vieira de Souza- Revista USP).

"Cacilda partiu deixando o Brasil em estado de coma político: muito sangue ainda iria jorrar, manchando indelevelmente a consciência nacional. Ela, que pregava a arte pela arte, que nunca fora uma artista engajada, deixou-nos como legado uma trajetória corajosa de doação à cultura brasileira que tanto amou, conquistando um lugar que poucos ocupam na história do nosso teatro. O Brasil sobreviveria ao AI-5, mas com seqüelas graves. Ainda sofremos em conseqüência das lesões profundas causadas pelo aneurisma militar que, por 21 anos, colocou o país em vida política vegetativa e nos legou uma atrofia social e cultural contra a qual ainda lutamos" (Biografia de Cacilda Becker – “CACILDA BECKER: FÚRIA SANTA” - Luis André do Padro)

“A morte emendou a gramática / Morreram Cacilda Becker / Não eram uma só. Eram tantas..” (do poeta Carlos Drummond de Andrade ao saber da morte da atriz)

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