sábado, 9 de janeiro de 2010

Italiani (Jornalismo) - Angelo Agostini e a charge política no Brasil imperial


A charge política no Brasil tem em Angelo Agostini, nascido na cidade de Vercelli (Piemonte) em 1843 uma de suas principais raízes.Depois de passar a infância e adolescência em Paris, desembarcou em São Paulo em 1859 e morreria no Rio de Janeiro em 1910. A pesquisadora da Unicamp (Universidade de Campinas), Rosangela de Jesus Silva fez seu doutorado em História estudando a vida de Agostini.

O artigo Angelo Agostini: crítica de arte, política e cultura no Brasil do Segundo Reinado é baseado na tese de Rosangela. A seguir trechos da autora.


"Nosso percurso nos indicou que Agostini viveu pouco tempo na Itália e esteve por mais de dez anos na França em companhia de sua avó materna, antes de vir ao Brasil. Lá, ao que se sabe, teria iniciado sua formação artística. Não encontramos documentos ou relatos do artista que comprovem essas informações,porém é bastante curiosa a história do personagem Cabrião (criado por Angelo Agostini em 1866) num periódico homônimo, o segundo do qual fez parte em São Paulo depois do Diabo Coxo".

"A atividade de sua vida que ficou registrada na história do Brasil deu-se por meio da imprensa, mais precisamente a partir de setembro de 1864, no periódico Diabo Coxo. Essa revista representou um novo empreendimento na imprensa paulista em razão de seu formato, que dava grande destaque para as caricaturas. Das oito páginas, quatro eram de caricatura".

"Esse tipo de periódico, com destaque para as ilustrações, popularizou-se no Brasil anos mais tarde e foi uma característica de outras revistas nas quais Agostini trabalhou.A revista era redigida por Luis Gama,16 ex-escravo, abolicionista e liberal, com a colaboração de Sizenando Nabuco17 – irmão mais novo do defensor da causa abolicionista Joaquim Nabuco – e, é claro, Angelo Agostini. Esse periódico teve curta duração, tendo cessado suas atividades em dezembro de 1865". "

"Em setembro de 1866, Agostini, Américo de Campos18 e Antônio Manuel dos Reis19 fundaram o Cabrião,periódico na mesma linha do anterior, cujo traço marcante era o humor e a caricatura".

"A Guerra do Paraguai foi um tema bastante explorado pelo periódico, que elogiou o patriotismo dos soldados ao mesmo tempo em que criticou a forma de recrutamento dos voluntários". A figura de D. Pedro II foi sempre muito respeitada durante esses primeiros anos, algo que não continuará no trabalho de Agostini no Rio de Janeiro. Lá, o imperador será alvo de muitas críticas por meio de caricaturas jocosas".


"Em 1876 Angelo Agostini fundou a Revista Illustrada,que foi considerada sua grande obra. (...) As páginas da Revista Illustrada foram palco de grandes discussões das questões nacionais, das denúncias de violência contra o negro, da vinculação de um novo projeto político-social para o Brasil, fundado num regime republicano e liberal, de mudanças no panorama artístico, da consagração de artistas, entre tantas outras questões, sempre num âmbito mais amplo possível, favorecido pelo didatismo das ilustrações".

"Em 1895 funda o D. Quixote. Agostini se sentiria agora o cavaleiro solitário a lutar contra os invencíveis moinhos de vento, como na obra de Cervantes? Seus ideais de República não se concretizaram, a abolição da escravidão não teria resultado em grandes progressos sociais. A revista durou até 1903, mas sem o mesmo sucesso da outra publicação. Depois desse empreendimento Agostini só fará participações em outros periódicos, como n’O Tico tico, revista infantil que circulou de 1905 a 1959, fundada por Luís Bartolomeu".


"Refletir sobre o trabalho de Angelo Agostini nos permite encontrar vestígios de uma memória crítica ao sistema político, artístico e social do Brasil no Segundo Reinado, abrindo-nos assim mais uma possibilidade de confrontação de documentos e de discursos, atividade essencial no trabalho historiográfico".





sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

História 14- O explendor da arquitetura do italiano Giuseppe Landi no Pará 2

Quem navega pela internet e procura de informações sobre Giuseppe Landi encontrará  trabalhos acadêmicos e guias práticos sobre a sua obra no Pará. O professor Flávio Augusto Sìdiim Nassau, por exemplo,  é autor do trabalho Mobilidade, artistas e artífices no espaço amazónico: a saga de Landi .

Também existe um site dedicado a Landi: Fórum Landi .

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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

História 13- O explendor da arquitetura do italiano Giuseppe Landi no Pará


Por volta de 1750, o arquiteto Giuseppe Antonio Landi, natural de Bologna, começaria um extenso trabalho no Norte do Brasil, mais especificamente no Pará. Profissional experiente, tendo já atuado em Lisboa a serviço da Coroa, Landi constrói em estilo neoclássico, edifícios religiosos e civis, na cidade de Belém.

 Landi, nasceu em Bolonha, Itália, no ano de 1713. Formou-se na Academia Clementina de Bologna, a mais importante instituição de ensino de Belas-Artes da Itália, foi discípulo de Ferdinando Bibiena, membro de uma famosa família de arquitetos bolonheses que também se destacavam como decoradores teatrais

Em 1742, já formado, Landi leciona Arquitetura na Academia Clementina e, em 1747, é eleito membro desta instituição. Em 1750, com a assinatura do Tratado de Madri, o governo português junto com a Espanha, precisa contratar profissionais qualificados para integrar a comissão portuguesa de delimitação dos marcos de fronteira do tratado.A inexistência, em Portugal, de profissionais experientes para integrar essa comissão faz com que o rei D. João V solicite a contratação de profissionais estrangeiros, principalmente, italianos para compor a comissão.Assim, Landi é contratado para desenhar mapas e documentar a natureza da região amazônica, abandonando seu cargo na Academia Clementina.

Em 1753, quando a Comissão Demarcadora de Limites chegou a Belém, a paisagem urbana era composta, em sua maioria, por edificações simples, sem grande expressão arquitetônica. Apenas um empreendimento barroco construído pelos jesuítas se destacava: a igreja de Santo Alexandre. A comissão, da qual Landi faz parte, permanece em Belém por um ano. Em 1754, parte para o interior do Amazonas em missão de demarcação.

Em 1755, há relatos sobre os primeiros trabalhos de Landi como arquiteto: uma intervenção para a capela de Santana, em Barcelos. Em 1761, com a revogação do Tratado de Madri, Portugal suspende oficialmente os trabalhos de demarcação e ordena-se o retorno de Landi a Portugal. Todavia, o governador da capitania do Grão-Pará na época, solicita ao rei a permanência de Landi, que ficou na região por trinta e oito anos. Aqui, ele elabora vários projetos para a capital e para o interior do estado, incluindo arquitetura, retábulos, púlpitos, órgãos, composições em estuque decorativos, esquemas compositivos para pinturas em quadratura, construções efêmeras (arcos e alegorias na paisagem urbana), decoração de livros e desenho de peças de ourivesaria.

Em sua produção paraense, Landi faz uso das duas correntes do barroco italiano setecentista: o Classicizante e o Borromínico. Na decoração, ele emprega o rococó italiano e as pinturas ilusionistas conhecidas como Quadratura.

Devoto fervoroso de Santa Ana, Landi deixou suas marcas na arquitetura religiosa, encontradas nos bairros mais antigos de Belém. O arquiteto participou da concepção das Igrejas do Carmo, Ordem Terceira de São Francisco, Igreja das Mercês, de Santo Alexandre e a Catedral da Sé, além de ter projetado inteiramente as igrejas de Sant’Ana, São João Batista e a Capela do Pombo, todas no entorno da Cidade Velha.  

Além das obras religiosas, o italiano construiu o Palácio dos Governadores, o antigo Hospital Real (atual Casa das Onze Janelas) e a Capela de Santa Rita de Cássia - já demolida. No bairro do Comércio, a construção de residências particulares pelo arquiteto, inaugurou, com 63 anos de antecedência, o que viria a ser conhecido – em 1816 – como neoclassicismo de vertente francesa.


 Landi falece em 1791 na fazenda do Murutucu, de sua propriedade, sem jamais ter retornado à Itália.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Italianità- Os talian e os cablocos

Engana-se quem pensa que ao chegarem ao Brasil e estabelecerem-se no interior de Estados como o Rio Grande do Sul, na condição de colonos, os italianos impuseram-se hegemonicamente em relação aos brasileiros que trabalhavam nas roças.
O trabalho da pesquisadora Marilei Veroneze mostra justamente o intercâmbio de técnicas entre os imigrantes italianos ((talian) que se dirigiram a Viadutos, interior do Rio Grande do Sul, e os cablocos gaúchos. O estudo intitulado O jeito italiano de ser cabloco  está disponível na internet.  Nele, descobrimos que os italianos aprenderam muito no convívio com os homens da terra, A seguir, trechos do trabalho de Marilei Veronze.

"Assim, a própria manutenção da “construção da idéia do “lavoro” associado ao talian, deve-se em grande medida ao aprendizado das novas técnicas dos caboclos uma vez que, o talian necessitou adequar-se as necessidades de sobrevivência da região, que por sua vez estiveram vinculadas as práticas caboclas. As novas técnicas, no entanto, podem ser assimiladas como uma involução no sentido do aperfeiçoamento de novos meios de cultivo, uma vez que os imigrantes na Itália detinham métodos e técnicas que melhor facilitavam o trabalho com o solo.7 Este elemento não corresponde ao fato de que os taliani eram melhores que os caboclos por terem contatos com “técnicas novas”, mas revela o fato de que nem sempre as inovações chegam com a mesma rapidez em locais diferentes e que, o ser humano em sua essência não necessita deter grandes materialidades para sobreviver, pois a sua sobrevivência pode-se dar de maneira simples ao mesmo tempo que qualitativa. Associada também a prática da coivara o talian aprendeu com o caboclo a fazer suas roças de maneira que o solo não se esgotasse, ou seja, através da rotação de culturas".



terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Italiani (Esculura) - O vigor da obra de Brizzolara na cidade de São Paulo


Bem no centro da maior cidade da América Latina, ao lado do Teatro Municipal, o escultor italiano Luigi Brizzolara (Chiavari, 1868 – Gênova,1937) deixou as marcas de seu talento.Trata-se do Monumento a Carlos Gomes, um conjunto de 12 magníficas estátuas (bronze, mármore e granito) em homenagem ao grande maestro brasileiro, autor de consagradas óperas como Il Guarany e Fosca. Inaugurado em 1922, o monumento foi um tributo prestado pela comunidade italiana de São Paulo nas comemorações do Centenário da Independência do Brasil. Uma das figuras criadas pelo artista italiano representa o maestro Carlos Gomes(1836-1895). As outras simbolizam a música, a poesia e figuras de suas óperas mais importantes.O maior destaque do monumento, no entanto, é a chamada Fonte dos Desejos. Com seus cavalos alados e chafarizes é feita de bronze e, em 1957, foi abastecida com água trazida direto de Roma, da Fontana di Trevi, pela escritora italiana Mercedes La Valle. Brizzolara tem outras belas obras espalhadas pela cidade, seja ao ar livre ou em Museus. Uma bastante conhecida é ''Anhanguera''(3,22m em mármore), localizada em plena Avenida Paulista, a mais importante da cidade. A estátua, concebida em 1924, homenageia um dos desbravadores portugueses que percorreram o interior de São Paulo, no século XVII, fundando vilas e cidades. (por Mario Ciccone)

História 12- Presença italiana no Brasil Colonial IV



A ação militar dos italianos que desembarcaram no Brasil colonial às participações nas lutas contra franceses (século XVI) e holandeses (século XVII). Algumas fortificações, erguidas no século XVIII, foram obras de engenheiros que, deixando a Itália, vieram trabalhar no Norte e Centro-Oeste brasileiro. Domenico Sambucetti, chegaria em 1770, e chefiaria, a partir de 1775, da construção da Forte Príncipe da Beira (Rondônia),na margem direita do rio Guaporé, fronteira natural entre o Brasil e a Bolívia. A Fortaleza foi concluída em 1783, mas Sambucetti não a viu completa, pois faleceu em 1780, vítima da malária. O Forte é um quadrado com 970m de perímetro, muralhas de 10m de altura e seus quatro baluartes são armados, cada um, com quatorze canhoneiras.





Outra obra que conta com a assinatura italiana é a Fortaleza de São José, no Macapá, capital do Amapá. Projetada e construída por Antonio Galluzzi, que morreu sem ver a obra finalizada. Presume-se que o arquiteto tenha contraído a malária dos trópicos. Toda a estrutura da fortaleza foi construída por escravos e por índios capturados nas redondezas. Foi concluída em 1792 por outros engenheiros, entre eles Domenico Sambucetti.Desde então, o forte reina imponente, como uma espécie de guardião de Macapá. Fica na margem esquerda do Amazonas, sempre acariciado pelas sossegadas águas do grande rio, que avançam para o Atlântico.



História 11 - Presença italiana no Brasil Colonial III

De 1681 a 1821, Portugal e Espanha assinaram diversos Tratados, que tinham por objetivo estabelecer os limites de cada país nas terra sul-americanas. Alguns desses acordos contaram com a participação italiana, como é o caso do Tratado de Madri, assinado em 1750, que definiria as novas fronteira no Rio Grande do Sul. Nas discussões sobre esse polêmico assunto, uma comissão de astrônomos e geógrafos italianos, chefiados por Michelangelo Blasco, realizaria um ousado trabalho de pesquisa , considerado pela Coroa lusitana uma verdadeira obra de engenharia militar, tanto é que Blasco foi, posteriormente, nomeado marechal (1763). Portugueses descendentes de italianos também participariam das discussões que envolveram a elaboração do Tratado de Santo Ildefonso, em 1777.