domingo, 13 de junho de 2010

Italiani- A arquitetura de Santoro em Belém (3)

"Durante um longo período entre os anos 1990 e início dos anos 2000 o palacete sofreu inúmeras perdas em sua arquitetura por falta de recursos financeiros a sua manutenção. O museu neste período já se encontrava em péssimas condições de conservação.

Em 2003 o palacete Augusto Montenegro é tombado pelo Governo do Estado do Pará enquanto Patrimônio Histórico e, no mesmo ano, assume enquanto diretora do MUFPA a professora e arquiteta Jussara Derenji. O projeto das obras de restauração e revitalização do museu começou em julho de 2004, e tais serviços terminaram em junho de 2009, seguindo as normas internacionais de restauro e tendo como principais objetivos na restauração resgatar e preservar ao máximo as características originais artísticas e arquitetônicas do prédio, bem como adaptar suas instalações a formatos museológicos transformando o museu num campo de estudo e de aprendizado". (Fonte: Universidade Federal do Pará)

Durante esse processo as cores originais da fachada do prédio foram restabelecidas, e os restauradores encontraram até 12 camadas de tintas sobre a pintura parietal interna original A restauração do Palacete Augusto Montenegro foi baseada nas recomendações da Carta de Veneza proporcionando que a história do prédio fosse novamente relatada, bem como as intervenções sofridas pela casa pudessem manter essas referências. A Carta Patrimonial é um importante documento internacional sobre conservação e restauração de monumentos, prédios e sítios. Este documento defende que as intervenções realizadas procurem contribuir para os remanescentes históricos presentes nas edificações restauradas. Segundo a Carta de Veneza, 'Os acréscimos só poderão ser tolerados na medida em que respeitarem todas as partes interessantes do edifício, seu esquema tradicional, o equilíbrio de sua composição e suas relações com meio ambiente'.

Baseado nesses pressupostos percebe que a fachada do palacete foi totalmente mantida restabelecendo através de prospecção a cores originais e pinturas do prédio. Portas e janelas foram abertas, esquadrias refeitas, forros restaurados e reintegrados, pinturas decorativas internas encontradas e revitalizadas. Todo esse processo foi realizado preocupando-se com o acesso e fruição do público durante os eventos museológicos no prédio.

Italiani- A arquitetura de Santoro em Belém (2)

"Projeto e construção encomendados pelo próprio Augusto Montenegro ao arquiteto Filinto
Santoro, este chefe do Executivo paraense também fazia do palacete seu gabinete de despachos, pois no período não existia residência oficial nem palácio dos despachos do Governador do Pará. Era considerada uma residência pequena para os padrões da época, sendo que o porão da casa, construído em pedra, abrigava a guarda oficial do Governador; no primeiro pavimento foi instalado o gabinete de Montenegro e gabinete de sua Assessoria, além de dois salões sociais para recepção de convidados, copa, cozinha e sala de jantar; o segundo e último pavimento era reservado somente as acomodações da família: Montenegro, a esposa e o filho, sendo que um quarto pequeno provavelmente era destinado a abrigar a ama, e um outro menor possivelmente destinado a orações. Montenegro morou no palacete até 1909 decidindo vender a residência e morar com a família na Europa.

Até o início dos anos 60 o palacete serviu de residência de algumas famílias de nomes tradicionais na cidade de Belém: Cardoso, Faciola e Chamié. Em 1962, na gestão do então Exmo. Reitor José Rodrigues da Silveira Netto, a Universidade Federal do Pará compra o palacete Augusto Montenegro e instala no prédio a reitoria dessa instituição de ensino. A casa passa por várias modificações internas quando deixa de ser moradia passando a ser um prédio de instituição pública.

Neste período, as pinturas originais começam a desaparecer, sendo cobertas com camadas de tinta branca. Em 1983, com a construção do Campus Universitário no bairro do Guamá, a sede da reitoria da UFPA muda-se e, neste mesmo ano, é instalado o Museu de Arte da UFPA - MUFPA – no palacete Augusto Montenegro". (Fonte: Universidade Federal do Pará)

sábado, 12 de junho de 2010

Italiani- A arquitetura de Santoro em Belém (1)

"O Museu da Universidade Federal do Pará, o único museu federal de artes visuais da Amazônia, vem desde 2003 se reestruturando para melhor guardar e avivar a memória de si e do outro. O prédio que abriga esse museu é uma construção do início do século XX, mas precisamente de 1903, conhecido como palacete Augusto Montenegro, foi projetado pelo arquiteto italiano Filinto Santoro para ser a residência particular do então Governador do Estado do Pará, Augusto Montenegro.

Este arquiteto que viveu no início do século XX em Belém, era formado pela Academia de Nápoles. Para o projeto, Santoro buscou informações no estilo arquitetônico renascentista italiano, bem como parte dos materiais utilizados na construção do prédio e sua mão de obra era oriunda da Itália. Lugui Bisi foi o mestre de obras e construtor do prédio. O Palacete é uma construção em alvenaria e ferro de estilo eclético que reflete em sua composição a riqueza e ostentação da Belle Époque paraense dos períodos áureos da extração da borracha na Amazônia.

Foi quase todo construído com materiais importados da Itália devido às relações comerciais que Santoro mantivera com seu país. Forros prensados e pintados possivelmente de origem Belga, mosaicos genoveses no piso de entrada, portas em madeira de lei, imitação de mármore nas colunas e presença da flor de lis nas pinturas decorativas internas e vidros da casa são umas das mais variadas marcas da arquitetura do palacete Augusto Montenegro"

Oriundi- O talento de Francisco Bolonha em Belém(2)

"O Palacete Bolonha possui elementos art nouveau, góticos e neoclássicos. O art nouveau se manifesta nos portões e na fachada, com detalhes que imitam folhas e flores. O gótico pode ser encontrado no formato das agulhas, que embelezam o alto do palácio. Nos quartos, há imagens de anjos dançando, alusivos à arte grega. Numa das áreas, aos fundos do prédio, as janelas de vidro permitiam que os donos da casa apreciassem a vista da Baía de Guajará, enquanto tomavam chá ou simplesmente conversavam. O palacete tem vista para os quatro cantos da cidade. Atrás dele também há uma vila com casas, que seguem a mesma linha arquitetônica e que abrigaram, entre outros moradores ilustres, o pintor Theodoro Braga".

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Oriundi- O talento de Francisco Bolonha em Belém(1)

"No século XIX, com o advento da Revolução Industrial, a borracha converteu-se em matéria-prima primordial para a indústria automobilística, na fabricação de pneus, luvas, mangueiras.Sendo beneficiada em países da Europa como Bélgica, Espanha, e principalmente a Inglaterra, por ser esta a precursora do automobilismo.

Com a entrada dos Estados Unidos no mercado do látex e a implantação do processo de vulcanização da borracha que tornava o produto mais resistente ao calor e ao frio. No ano de 1867 ocorreu a abertura para o tráfego de navios estrangeiros ao longo de toda a bacia amazônica. Era a época áurea, o fausto da borracha que incitava a uma série de lendas a respeito das fortunas dos Barões da Borracha, como por exemplo, de que estes acendiam seus longos charutos cubanos com notas de dinheiro incineradas. Porém, algo mais presente que simplesmente lendas restou daquela época.

Belém ainda abriga um riquíssimo patrimônio arquitetônico que remete ao requinte vivido. O palacete Bibi Costa, José Júlio de Andrade ou ainda O Castelinho, como é conhecido por alguns, é uma imponente construção que atualmente abriga a sede da AHIMOR a qual têm submetido o prédio a inúmeras reformas na tentativa de aproximar cada vez mais os detalhes degradados pelo tempo minuciosos e marcantes detalhes da construção original. Em 1904, por solicitação do major Carlos Brício Costa, o renomado engenheiro Francisco Bolonha iniciou a construção do palacete. A conclusão deu-se em 1905 conforme a placa de metal fixada na entrada da residência”.(Fonte: Governo do Pará)

Italiani - De Angelis e seus companheiros no Teatro de Manaus

"O artista italiano Domenico de Angelis teve como ajudante a outros compatriotas, na qualidade de ajudantes, Silvio Centofanti, pintor e decorador que ficou residindo em Manaus; Artur Lucciani, o pintor Francesco Alegiani. O pintor Adalberto Andreis ainda ficou  em Manaus durante muito tempo, pintando quadros, mas acabou regressando à Itália antes da primeira guerra mundial. Os demais adptaram-se à vida da região, constituíram família.

Antes da decoração do salão nobre, em 1896, o Teatro Amazonas estava avaliando na importância de cinco mil, setecentos e nove contos, setecentos quatorze mil e cento e vinte e hum réis (Rs$ 5.709.714,121). Após a decoração e s demais serviços que se arrastavam, calculou-se em mais de vinte contos de réis. (Fonte: Biblioteaca Virtual do Amazonas)

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Italiani - O legado de Domenico De Angelis em Manaus (2)

"Não foi à toa que Crispim do Amaral, encarregado das obras decorativas do Teatro Amazonas, chamou De Angelis para executar as obras da Sala de Espetáculos e do Salão Nobre do Teatro Amazonas. Na Sala de Espetáculos o ateliê do iminente artista providenciou o teto, com um tema alegórico neoclássico típico, de alegoria às faculdades humanas, à mitologia clássica e ao ambiente campestre.

Dominada por uma pérgola que se dispõe na direção da cúpula do próprio teatro, toda a ação passa-se mais em dispersão do centro e apontando para a parte dianteira onde o busto de Carlos Gomes foi pintado como referência mais importante dentro de um ambiente parnasiano.

O Salão Nobre do Teatro Amazonas, por sua vez, foi totalmente elaborado por De Angelis e Capranesi (a Sala de Espetáculos tem muitos outros objetos pré-fabricados, típicos da estética Art-Nouveau e que foram trazidos da França). O teto do Salão Nobre tem como tema a Glorificação das Artes no Amazonas, com as musas no desenvolvimento de suas habilidades.

O piso foi construído segundo um dos ofícios artísticos mais em voga na época, a da montagem de desenhos alusivos à natureza e grafismos, numa técnica que reúne centenas ou mesmo milhares de peças de madeira recortadas para este fim, chamada de marchetaria. A utilização de madeiras diferentes permitiu o contraste desejado para realçar os desenhos. Um conjunto de telas, pintadas por Capranesi (embora não assinadas) no ateliê da dupla romana, que se localizava na Praça Vittorio Emanuele na capital italiana, compreende temas da paisagem amazônica e uma delas em especial, baseia-se em «O Guarany».

A maior das pinturas, na parede da sala que dá para o lado interno do teatro, retrata Peri salvando Ceci do incêndio, conforme o argumento da ópera de Carlos Gomes. As colunas e a balaustrada do mezanino são obra de estucaria refinada e só ao olhar mais treinado diferenciam-se dos autênticos mármores das portadas da sala.

Um outro detalhe que revela a procedência da obra artística é a profusão de anjinhos (putti, no italiano, meninos) que foram pintados nos vãos superiores de junção das colunas, característicos da pintura acadêmica italiana de tendência religiosa. E ainda que o mobiliário deste salão de honra do Teatro Amazonas possa ter sido escolhido por Crispim do Amaral, assim como pode ter sido deste a idéia dos bustos junto às cimalhas das portas, foi o escultor Enrico Quatrini, da equipe de De Angelis quem certamente preparou o espaço para uns e fez os outros. Quatrini também é relacionado ao monumento de abertura dos portos do Amazonas, localizado na Praça de São Sebastião.

A equipe de De Angelis e Capranesi contava ainda com Francesco Alegiani e o arquiteto Sílvio Centofanti, que chegou a estabelecer escritório em Manaus, lecionou na Academia Amazonense de Belas Artes e sobre quem recaem responsabilidades como a pavimentação da mencionada praça de São Sebastião. O trabalho de De Angelis no Teatro Amazonas foi quase, certamente, um dos últimos de sua vida. Doente, partiu de Manaus às vésperas de falecer, na Itália, em março de 1900, o que o fez ser pranteado por quantos admiradores e amigos aqui deixou". (Biblioteca Virtual do Amazonas)