sábado, 30 de janeiro de 2010

Oriundi: o legado de Rovilio Costa, o frei da italianidade (2)

A morte do frei Rovilio Costa em 13 de junho de 2009, ganhou amplo destaque na imprensa do Rio Grande do Sul e na internet (sites e glogs brasileiros e também italianos)
 
O tradicional jornal Zero Hora, de Porto Alegre, assim lembrava o ilustre relogioso.

“Caçula de sete irmãos, Rovílio contou a ZH que a opção pelo sacerdócio começou a germinar enquanto o ainda menino estava prostrado por uma meningite.

— Naquela época, diziam que quem tinha meningite e sobrevivia ficava meio tonto. Como se vê, eu fiquei completamente tonto — brincou o Frei das Letras.

Hospitalizado por quase três anos devido à doença, o garoto Rovílio começou a perceber o poder tranqüilizador que exercia sobre os doentes a chegada de um padre. A mãe trabalhava no hospital para ajudar a custear o tratamento do filho. Ativa na missão de acompanhar doentes e prestar assistência aos necessitados, levava vez por outra o garoto com ela.

Ingressou no seminário no dia 4 de fevereiro de 1946, aos 11 anos, meio às escondidas do pai, prático como a maioria dos imigrantes.

— Meu pai tinha a opinião de que só precisava sair de casa para trabalhar quem não tinha serviço em casa, e, numa família de agricultores, serviço em casa era o que não faltava. Ele também dizia que padre que usava batina mas não rezava missa não era padre de verdade.

Em 1969, tornou-se padre. Nessa mesma década, passou a pesquisar sobre a história da imigração.

Professor em Vila Ipê (na época distrito de Vacaria), Rovílio costumava frequentar uma bodega na qual era comum encontrar um grande número de velhos moradores da comunidade, jogando quatrilho e tomando cachaça ou vinho de garrafão. Os nonni contavam causos, falavam alto em dialeto, relembravam a história viva da colônia ali mesmo, na frente do sacerdote, que, preocupado em preservar toda aquela memória antes que os mais velhos morressem, começou a tomar notas obsessivamente e a organizar as narrativas que lhe eram contadas.

Escreveu uma série de histórias para o jornal Correio Rio-Grandense, de Caxias do Sul, material nunca publicado. Anos mais tarde, com base em suas notas, Frei Rovílio lançaria um dos livros clássicos sobre a colonização: Imigração Italiana: Vida, Costumes e Tradições.

— Documentos, registros, nomes e datas são o esqueleto da história. O que precisamos é preencher o máximo possível esse esqueleto com a carne do relato cotidiano — comentava o frade”.

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