segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

História (75 ): 'Far l'America (43): imigração e colonato no Estado do Rio de Janeiro

No trabalho  Imigrante italiano na nova fronteira do café 1897-1930 , Rosane Aparecida Bartholazzi , da Faculdade Federal Fluminense, dá detalhes do sistema de colonato numa fazenda na Região Noroeste do Estado Rio de Janeiro.

"A fazenda Bela Vista serviu de núcleo para estas famílias. Instalaram-se em uma área da fazenda denominada Paraíso, já com casas para abrigá-los. Não encontramos contrato de trabalho nesta fazenda, mas ao analisarmos o registro contábil feito pelos proprietários, depois da chegada do imigrante, com todas as despesas e resultados, no período de Fevereiro de 1898 a Maio de 1899, constatamos que relações de trabalho diversas existiram entre fazendeiro, imigrantes e camaradas".

"O sistema de colonato, no Brasil, se tornara padrão na maioria das fazendas cafeeiras. No entanto, na Fazenda Bela Vista um sistema misto de trabalho foi encontrado nos registros. Trata-se de uma relação de trabalho que não podemos classificar puramente como parceria nem como colonato. Podemos incluir o colono nos dois sistemas funcionando simultaneamente na fazenda. O balanço ora analisado se refere ao ano de 1898. Portanto, no ano em que eles se instalaram na fazenda (1897), já encontraram lavoura cafeeira em formação. A fazenda, por ser de propriedade de dois irmãos, foi dividida em duas zonas onde a sede localizava-se em Bela Vista, e é aí que concentrava a maior parte dos camaradas"

"Semanalmente, pagamentos eram destinados a camaradas e italianos, como consta no registro da fazenda. Não encontramos especificado o tipo de trabalho feito. Supomos que seja pelo trato do cafezal, já que a colheita foi efetuada em abril de 1899, um ano e dois meses após o primeiro mês do balanço. Diferentemente das relações de trabalho estabelecidas nas fazendas cafeicultoras, onde no regime de colonato o trabalhador recebia uma quantia fixa pelo número de pés de café cuidado, na Bela Vista, após a colheita, os italianos receberam em dinheiro o equivalente à metade da lavoura cultivada por eles".

"Consta nos registros da fazenda uma lista de italianos que receberam a metade por parte do café colhido. Acrescentamos que a quantia paga aos italianos foi efetuada no mesmo dia em que o café foi vendido pelos fazendeiros. Dentre tantos outros italianos, constava nas despesas da fazenda: '84 arrobas e quatro quilos de café de Aroldo Panni, sua metade no valor de 640$000'. Verificamos que a quantia maior recebida pelos italianos nessa parceria foi de 1:109$600 por 146 arrobas de café. Indiscutivelmente, nesse aspecto os italianos obtinham melhores vantagens que os camaradas. Com estes não era estabelecida parceria no café".

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