segunda-feira, 1 de março de 2010

Italiani – Sangue marchigiano no Modernismo brasileiro: o legado do escultor Galileo Emendabili(1)




Uma das esculturas mais emblemáticas da grande galeria a céu aberto espelhada por ruas, praças e avenidas de São Paulo tem a marca de um italianos nascido em Ancona (1898) e falecido em São paulo (1974).Estamos falando do Mausoléu do Soldado Constitucionalista (região do Parque Ibirapuera (São paulo) obra de , de Galileo Ugo Emendabili, que entrou para história da cultura brasileira apenas como Galielo Emendabile.

Seu pai, Ludovico, era proprietário de um serraria, onde Emendabili aprendeu e apaixonou-se pela arte do entalhe em madeira. Em sua cidade natal, trabalhou no ateliê do surdo-mudo Clementi, um exímio ebanista. Em 1915 matriculou-se no curso especial de escultura da Academia Real de Belas Artes de Urbino (Italia). Foi aluno do escultor Domenico Jollo e estudou desenho com Ludovico Spagnolini. Freqüentou o ateliê do escultor Arturo Dazzi e entrou em contato com a obra dos escultores Ivan Mestrovic, Adolf Wildt e Arturo Martini, entre outros.

Em 1921, executou o monumento tumular do republicano Giuseppe Meloni. Autor de diversas obras, algumas com motivos republicanos, Emendabili tornou-se célebre, mas começou a enfrentar dificuldades em concursos públicos de arte, visto que a Itália era uma monarquia à época. Querendo continuar a exercer livremente seu trabalho, Emendabili decidiu então deixar a Itália. Já casado com sua patrícia Malvina Manfrini, partiu dia 16 de junho de 1923 com um bilhete de terceira classe, de Gênova, num navio cujo destino final era Buenos Aires. Emendabili desembarcou em Santos no dia 3 de julho, estabelecendo-se na cidade de São Paulo, onde trabalha como entalhador no Liceu de Artes e Ofícios. Contando com o auxílio da numerosíssima coletividade italiana - tornou-se rapidamente num dos artistas mais conhecidos, tendo vencido diversos concursos.

Em 1925, ganha o primeiro prêmio no Concurso Internacional para o Monumento a Pereira Barreto, inaugurado em 1928, na Praça Marechal Deodoro. No ano seguinte, vence o concurso para o Monumento a Ramos de Azevedo, inaugurado em 1934, e que atualmente encontra-se na Cidade Universitária. Nesse mesmo ano, ganha o primeiro e o segundo prêmio no concurso para o Monumento aos Heróis Constitucionalistas de 1932.

A partir de 1933, trabalha com a colaboração de Fulvio Pennacchi, que elabora desenhos para alguns de seus projetos. Diversas de suas obras podem ser apreciadas em mausoléus dos Cemitérios da Consolação e do Araçá ou na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Inicia, a partir de 1969, trabalhos em desenho e pintura. Em 1982 a Rádio Televisão Italiana realiza o vídeo "Ancona - San Paolo solo andata" (Ancona " São Paulo somente ida). Em 1997 a Pinacoteca do Estado de São Paulo organiza a exposição Monumento a Ramos de Azevedo: do concurso ao exílio, na qual é publicado um livro organizado pela historiadora e crítica de arte Annateresa Fabris.

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