quinta-feira, 20 de maio de 2010

História (199) - Imigração Italiana após a Segunda Guerra (3)

Em fins do século 19 e início do século 20, as levas de italianos vieram em famílias numerosas, com uma média impressionante de dez filhos por casal. Já entre os imigrantes do segundo pós-guerra, havia poucas famílias, com no máximo quatro filhos. Homens e mulheres solteiros formavam o grosso do contingente e a faixa etária ia de 18 a 50 anos, dentro do perfil selecionado pelo governo brasileiro interessado em mão-de-obra qualificada.

Ao governo italiano, incapaz de absorver tanta força de trabalho, também convinha a emigração de pessoas que buscassem no exterior divisas para aumentar a poupança interna, contribuindo para a reconstrução do país. Depois de Estados Unidos e Canadá, ao norte, os países mais procurados pelos italianos foram, pela ordem: Venezuela, cujo petróleo permitia boas condições de progresso; Argentina, que acolheu não só trabalhadores mas a maioria das lideranças do fascismo; e Brasil, apesar da restrição aos comunistas, cuja entrada era controlada inclusive por padres católicos, aos quais cabia conceder atestados de boa conduta. Entre 1946 e 1960, 110.932 italianos rumaram para o Brasil, 231.543 para a Venezuela, 484.068 para a Argentina e 504.449 para Estados Unidos e Canadá.

Para dar uma dimensão desta força de trabalho, a professora Luciana Facchinetti cita dados de Constantino Ianni em seu livro Homens sem Paz: em 1962, por exemplo, as remessas recebidas na Itália de seus emigrados de todo o mundo, e registradas no balanço de pagamentos internacionais do país, somaram cerca de 550 milhões de dólares; antes, em 1961, a soma alcançou 450 milhões de dólares. Daí, a revolta dos imigrantes diante do preconceito que sofrem ao retornar à terra natal, ou das tentativas do governo italiano em suspender a pensão de quem continua fora. "É uma briga ferrenha. Eles enviaram muito dinheiro para a reconstrução da Itália e esperam uma retribuição, agora que o país vive uma situação saudável", afirma a pesquisadora A historiadora Luciana Facchinetti, da Unicamp.(Fonte: Unicamp)

Um comentário: