No trabalho "A imigração italiana e
saúde mental: Mais um (louco)
para Brusque?" , Cluadia Delfini, professora da Universidade do Vale do Itajaí - Univali - relata a criação do Asilo Azambuja.
"Inaugurado oficialmente em 29 de junho de 1902, a Santa Casa de Misericórdia de Azambuja englobava um hospital, asilo, orfanato e hospício. Porém, em 1901 já havia uma antiga casa de madeira para os doentes que eram separados de acordo com o seu grau de “normalidade”, sendo metade destinada aos doentes 'normais' e a outra para os 'anormais'.
O relatório do padre Gabriel Lux, em 18 de outubro de 1908, narra a história do Asilo a partir da história do santuário de Azambuja, que foi construído pelos imigrantes italianos da província de Milão que trouxeram uma cópia do quadro milagroso de Nossa Senhora do Caravagio, 'querendo transplantar para aqui as tradições religiosas da velha pátria.' Provavelmente seu relato foi tirado das atas escritas pelas irmãs da Divina Providência que se referiam a este episódio da seguinte forma: 'Uns pobres colonos italianos vindo-lhes em 1884, trouxeram um antigo quadro de Nossa Senhora de Caravagio muito venerada nas proximidades de Milão. Estabelecendo no seu aprazível recanto de Azambuja, levantaram uma modesta capela em honra de Maria Santíssima, e depois do trabalho os obscuros camponeses visitavam a querida mãe de Deus e ela retribuía o amor e a confiança daquela boa gente com numerosos e manifestos favores'
"Em 1876 os colonos iniciaram a construção de uma pequena capela em um terreno pertencendo a Pietro Colzani, pronta 09 anos depois, em 1885. Em 1892 o padre Antonio Eising assumiu a paróquia e construiu o hospital e “asylo de desvalidos, velhos e cegos”, sendo inaugurado em 29 de junho de 1902, com 03 irmãs da Ordem Divina Providência responsáveis pela assistência as doentes. 'A caridade não tem pátria', era o grande lema da Ordem Divina Providência, que reunia, 'como uma grande família, alemães, italianos, polacos, poloneses, austríacos. Recebe a subvenção anual do governo do Estado (paga o número de 5 dementes no valor de 1$500 réis), da municipalidade e da ajuda dos bravos colonos e de esmolas.” 2
De acordo com o relatório do padre Lux, percebe-se a presença dos 'bravos colonos' de Brusque/Azambuja na manutenção e nos cuidados com o asilo, porém, há uma carta datada de 1903, escrita pelo padre Antonio Eising ao bispo diocesano de Curitiba, que mostra que a cidade não se preocupava muito com os 'bravos/pobres colonos' ".
"Nesta carta, Eising pede a construção de um cemitério no hospital pois 'o hospital não tem pessoas para acompanhar e levar os cadáveres até Brusque, como também estão fracos. Em Brusque, a gente não se importa com os fallecidos de Azambuja porque regularmente são pobres colonos'.
De acordo com o inspetor de saúde do estado, Dr Joaquim David F. Lima, em sua visita ao Hospital de Azambuja, junto ao chefe de polícia, o asilo representava uma verdadeira:
“casa de misericórdia, preenche ao mesmo tempo os fins de hospital, asylo de inválidos e desamparados, e hospício de alienados. A direção médica do hospício será confiada a um médico, de nacionalidade alemã, especialista, em que o padre Lux já se entendeu por carta. Acredito que uma vez que esteja funcionando regularmente aquelle hospício e sob a direção technica de um médico alienista, ficará em Santa Catharina perfeitamente satisfeita esta grande necessidade actual de assistência aos alienados.'(apud FONTOURA,1997, p. 28) (...)Confiando no auxilio da divina providencia e na proteção da querida mãe do céu começamos o ano de 1942 mesmo trouxe para nós uma grande mudança pelo de já a tempo planejado o transporte dos alienados ao novo hospital ereto pelo governo do estado no município de São José. As irmãs Fernandina e Custodia já tinham algumas semanas antes providenciando todo o necessário ao nosso instituto.
Em 4 de janeiro o governo mandou um caminhão e em 6 do mencionado mês levava dois outros caminhões os últimos alienados das colônia Santana. Assim nos deixavam nesse dia também irmãs Telefora e a irmã Francelina as quais conforme os desejos do governo partiram com os doentes, desse modo estava fechado o hospício de Azambuja fundado em 1902. "
Um blog para difundir e aprofundar temas da presença italiana no Brasil, bem como valorizar o Made in Italy. Um espaço para troca de informações e conhecimento, compartilhando raízes comuns da italianidade que carregamos no sangue e na alma. A italianidade engloba a questão das nossas raízes italianas e também reserva um olhar para a linha do tempo, nela buscando e resgatando uma galeria de personagens famosos ou anônimos que, de alguma forma, inseriram seus nomes na História do Brasil.
domingo, 28 de março de 2010
História (134 ) - Imigração em Brusque no contexto da saúde mental (1)
Ana Cláudia Delfini, na qualidade de professora da Universidade do Vale de Itajaí – Univali - elaborou o trabalho "A imigração italiana e saúde mental: Mais um (louco) para Brusque?" . Trata-se do resultado de um pesquisa sobre saúde mental e imigração italiana em Santa Catarina, buscando “discutir os modelos institucionais de tratamento da loucura presentes no Brasil a partir do séc. XIX, avaliando seus reflexos e desdobramentos em Santa Catarina, analisando especificamente o tratamento dispensado aos doentes mentais, (dentre eles alguns descendentes de colonos italianos) pelas duas instituições que marcaram modelos e concepções diferenciadas sobre a loucura: o Asilo de Azambuja, em Brusque, e o Hospital Colônia Santana, em São José”.
(...) “Na segunda metade do século XIX, começou-se a pensar e a praticar uma assistência psiquiátrica no Brasil mediante a implantação da instituição asilar com a construção de hospitais de alienados nos principais centros nacionais, configurando-se uma assistência psiquiátrica cujo perfil estava adequado às propostas e necessidades políticas e sociais de modernização do país, conferindo antes uma assistência do que um tratamento curativo. O assistencialismo e a filantropia são característicos das instituições de misericórdia do sistema asilar, instalados no Brasil pelos colonizadores portugueses”.
“Com o fim da escravatura (oficial) e a vinda dos imigrantes, os centros urbanos aumentaram. Com a necessidade de mão-de-obra, a recuperação dos “excluídos” torna-se foco principal dos discursos psiquiátricos. O conhecimento psiquiátrico é ampliado através das universidades e hospícios no que diz respeito à loucura”.
“A construção dos hospícios-colônias teve como finalidade tanto o afastamento dos “loucos” do convívio social nos grandes centros, já que tais instituições eram afastadas, como o de fazer com que os doentes trabalhassem no auto-sustento do hospital, através das atividades na lavoura, diminuindo os gastos do Estado”.
(...) “Na segunda metade do século XIX, começou-se a pensar e a praticar uma assistência psiquiátrica no Brasil mediante a implantação da instituição asilar com a construção de hospitais de alienados nos principais centros nacionais, configurando-se uma assistência psiquiátrica cujo perfil estava adequado às propostas e necessidades políticas e sociais de modernização do país, conferindo antes uma assistência do que um tratamento curativo. O assistencialismo e a filantropia são característicos das instituições de misericórdia do sistema asilar, instalados no Brasil pelos colonizadores portugueses”.
“Com o fim da escravatura (oficial) e a vinda dos imigrantes, os centros urbanos aumentaram. Com a necessidade de mão-de-obra, a recuperação dos “excluídos” torna-se foco principal dos discursos psiquiátricos. O conhecimento psiquiátrico é ampliado através das universidades e hospícios no que diz respeito à loucura”.
“A construção dos hospícios-colônias teve como finalidade tanto o afastamento dos “loucos” do convívio social nos grandes centros, já que tais instituições eram afastadas, como o de fazer com que os doentes trabalhassem no auto-sustento do hospital, através das atividades na lavoura, diminuindo os gastos do Estado”.
sábado, 27 de março de 2010
Italianità - Raízes na Festa da Colônia de Quiririm
Tradicional colônia agrícola italiana, o Distrito de Quiririm (Taubaté –SP) teve em 1989 seu destino mudado para colônia gastronômica italiana graças à iniciativa de João Aristodemo Canavezi Filho (Deminho) que teve a original idéia de fazer uma festa para comemorar o centenário da chegada de seus antepassados na colônia.
A festa que no primeiro ano contou com a participação de 800 pessoas hoje recebe aproximadamente mais de 400.000 pessoas em todo período da festa. 2009, foram preparadas 25 toneladas de massas e doces, pelas 25 barracas do evento. Como já virou tradição, o Desfile da Imigração é um dos pontos altos da grande festa e vem sempre acompanhado de um tema. Em 2009 forma mondadas e decoradas 12 carretas, cada uma representado um pouco da história das Festa, além de alas e dos Grupos Folclóricos. (Fonte: Festa da Colônia Italiana )
A festa que no primeiro ano contou com a participação de 800 pessoas hoje recebe aproximadamente mais de 400.000 pessoas em todo período da festa. 2009, foram preparadas 25 toneladas de massas e doces, pelas 25 barracas do evento. Como já virou tradição, o Desfile da Imigração é um dos pontos altos da grande festa e vem sempre acompanhado de um tema. Em 2009 forma mondadas e decoradas 12 carretas, cada uma representado um pouco da história das Festa, além de alas e dos Grupos Folclóricos. (Fonte: Festa da Colônia Italiana )
História (133 )– "Far L´America (71)": Núcleo Colonial Quiririm, Vale do Paraíba
O Distrito de Quiririm, na cidade de Taubaté, Vale do Paraíba (São Paulo) tem suas origens ligadas à epopeia da imigração italiana, conforme relatado no site da Festa da Colônia Italiana .
"Embarcados em portos da Itália, traziam além da pobreza, os sofrimentos das guerras da unificação italiana. Saíam da terra natal com falsas promessas de que aqui teriam a própria terra para cultivarem, mas somente no Porto de Santos é que souberam que, na verdade, haviam sido trazidos para essa nova terra, com o intuito de substituírem a mão de obra escrava, nas lavouras de café. Nessa ocasião, os imigrantes foram remanejados para várias colônias brasileiras e, algumas famílias foram então trazidas para o recém fundado Núcleo Colonial de Quiririm, mais precisamente 118 famílias. Alguns anos depois, ainda entregues à própria sorte, sem assistência do governo, mas já com a terra própria, que era o único incentivo daqueles imigrantes, receberam então o 'Ouro Bendito ' de onde iriam tirar seu sustento e escrever a História de Quiririm. Os Freis Capuchinhos, instalados no Mosteiro da Fazenda Maristela, em Tremembé, doaram as primeiras sementes de arroz e ensinaram a manejar a terra e a fazer o plantio.
Essa técnica havia sido trazida da França, pelos Freis. Só aí os imigrantes começaram uma nova vida em uma nova terra. A Colônia cresceu, seus filhos e seus netos encheram-se de orgulho pelo progresso que propiciaram ao País, com seu trabalho digno e laborioso. A chegada dos imigrantes italianos e a formação da Colônia Agrícola de Quiririm abriu uma nova era para a lavoura de Taubaté e região, chegando a liderar a produção de arroz do Estado e assim ganhar destacada posição no conceito social taubateano devido a sua importância, esforço e produtividade. E assim os anos se passaram, plantio do arroz, do café, da batata, enfim, Quiririm era eminentemente um Distríto Agrícola.
"Embarcados em portos da Itália, traziam além da pobreza, os sofrimentos das guerras da unificação italiana. Saíam da terra natal com falsas promessas de que aqui teriam a própria terra para cultivarem, mas somente no Porto de Santos é que souberam que, na verdade, haviam sido trazidos para essa nova terra, com o intuito de substituírem a mão de obra escrava, nas lavouras de café. Nessa ocasião, os imigrantes foram remanejados para várias colônias brasileiras e, algumas famílias foram então trazidas para o recém fundado Núcleo Colonial de Quiririm, mais precisamente 118 famílias. Alguns anos depois, ainda entregues à própria sorte, sem assistência do governo, mas já com a terra própria, que era o único incentivo daqueles imigrantes, receberam então o 'Ouro Bendito ' de onde iriam tirar seu sustento e escrever a História de Quiririm. Os Freis Capuchinhos, instalados no Mosteiro da Fazenda Maristela, em Tremembé, doaram as primeiras sementes de arroz e ensinaram a manejar a terra e a fazer o plantio.
Essa técnica havia sido trazida da França, pelos Freis. Só aí os imigrantes começaram uma nova vida em uma nova terra. A Colônia cresceu, seus filhos e seus netos encheram-se de orgulho pelo progresso que propiciaram ao País, com seu trabalho digno e laborioso. A chegada dos imigrantes italianos e a formação da Colônia Agrícola de Quiririm abriu uma nova era para a lavoura de Taubaté e região, chegando a liderar a produção de arroz do Estado e assim ganhar destacada posição no conceito social taubateano devido a sua importância, esforço e produtividade. E assim os anos se passaram, plantio do arroz, do café, da batata, enfim, Quiririm era eminentemente um Distríto Agrícola.
História (132 )– "Far L´America (70)": Núcleos colonias no Vale do Paraíba
Marco Antonio Giffoni Junior no texto "A Imigração Italiana na Cidade de Guaratinguetá
(1880 - 1930)”
relata a formação dos núcleos coloniais na região do Vale do Paraíba (São Paulo).
"O núcleo colonial de Canas, situada entre as cidades de Lorena e Cachoeira Paulista, foi criado com base na Lei da Assembléia Provincial de São Paulo n.º 28 de 29 de março de 1885. As terras onde se assentou o núcleo colonial foram, em sua maioria, adquiridas do Alferes Francisco Ferreira dos Reis e foram divididas em cerca de 82 lotes rurais de 10 hectares cada, que foi aumentado posteriormente para 111 lotes que, foram logo vendidos e ocupados pelos colonos e seus familiares de nacionalidade brasileira e estrangeira".
"O núcleo colonial de Canas contava com uma escola primária, uma igreja católica (todos os colonos deste núcleo professavam esta religião), um serviço de saúde, dentre outras benfeitorias. Além da produção de cereais, destinados tanto para a subsistência dos colonos, quanto para a venda no comércio local, a colônia de Canas destacou-se também pela produção de cana-de-açúcar, que era comercializada com o Engenho Central de Lorena, grande produtor de açúcar e um dos fatores que motivaram a criação da referida colônia. A produção e a comercialização de cana ajudou os colonos a saldarem a compra de seus lotes, bem como a execução de diversas benfeitorias na colônia".
"O núcleo colonial de Quiririm, tem suas origens, segundo o relatório do Engenheiro Leandro Dupret , quando o Dr. Francisco de Paula de Toledo contratou com o Ministério da Agricultura a fundação de um núcleo colonial na fazenda do Quiririm, de sua propriedade, localizada no município de Taubaté, sob diversas condições que, em última análise, reduziam-se a mandar o governo dividir a fazenda em lotes, cedendo o Dr. Toledo sem remuneração alguma, metade da área medida e ficando para si com a outra metade em lotes, intercalados com os do governo, mas obrigando-se a vendê-los a imigrantes nacionais e estrangeiros. Lavrada a escritura de cessão, nomeou o governo uma comissão para dar começo aos trabalhos técnicos e, em 16 de agosto de 1890, era inaugurada a colônia, que tinha sua sede junto à estação de Quiririm da Estrada de Ferro Central do Brasil".
"Sua população era de 424 pessoas, distribuídas em 60 lotes urbanos, 48 suburbanos e 56 rurais, sem incluir os lotes que ficaram pertencendo à herança do Dr. Francisco de Paula Toledo. Esse núcleo colonial possuía diversas benfeitorias e, o estado dos colonos, segundo o relatório de Dupret, era considerado próspero e, ressaltava ainda que faltavam poucos colonos para saldarem a dívida com o governo. Além da produção agrícola, a colônia de Quiririm destacou-se pelo fato de grande parte dos colonos terem se dedicado à produção de tijolos, que eram consumidos em Taubaté, bem como na própria colônia, onde era utilizado na construção de casas. O núcleo colonial da Boa Vista, na cidade de Jacareí, foi estabelecido em terras da Fazenda Boa Vista, adquirida pelo Governo Geral ao Major Vitoriano Pereira de Barros a 18 de setembro de 1888. Possuía 91 lotes rurais, com uma população de cerca de 455 habitantes. Em seu relatório de 1893, Dupret frisa que a grande maioria dos colonos já estavam com seus lotes quitados e devido a este fato, em pouco tempo esta colônia já poderia ser emancipada, o que de fato ocorreu. Analisaremos agora, de maneira mais aprofundada por tratar-se de um dos objetivos proposto neste trabalho, a colônia de Piaguí, localizada na cidade de Guaratinguetá".
relata a formação dos núcleos coloniais na região do Vale do Paraíba (São Paulo).
"O núcleo colonial de Canas, situada entre as cidades de Lorena e Cachoeira Paulista, foi criado com base na Lei da Assembléia Provincial de São Paulo n.º 28 de 29 de março de 1885. As terras onde se assentou o núcleo colonial foram, em sua maioria, adquiridas do Alferes Francisco Ferreira dos Reis e foram divididas em cerca de 82 lotes rurais de 10 hectares cada, que foi aumentado posteriormente para 111 lotes que, foram logo vendidos e ocupados pelos colonos e seus familiares de nacionalidade brasileira e estrangeira".
"O núcleo colonial de Canas contava com uma escola primária, uma igreja católica (todos os colonos deste núcleo professavam esta religião), um serviço de saúde, dentre outras benfeitorias. Além da produção de cereais, destinados tanto para a subsistência dos colonos, quanto para a venda no comércio local, a colônia de Canas destacou-se também pela produção de cana-de-açúcar, que era comercializada com o Engenho Central de Lorena, grande produtor de açúcar e um dos fatores que motivaram a criação da referida colônia. A produção e a comercialização de cana ajudou os colonos a saldarem a compra de seus lotes, bem como a execução de diversas benfeitorias na colônia".
"O núcleo colonial de Quiririm, tem suas origens, segundo o relatório do Engenheiro Leandro Dupret , quando o Dr. Francisco de Paula de Toledo contratou com o Ministério da Agricultura a fundação de um núcleo colonial na fazenda do Quiririm, de sua propriedade, localizada no município de Taubaté, sob diversas condições que, em última análise, reduziam-se a mandar o governo dividir a fazenda em lotes, cedendo o Dr. Toledo sem remuneração alguma, metade da área medida e ficando para si com a outra metade em lotes, intercalados com os do governo, mas obrigando-se a vendê-los a imigrantes nacionais e estrangeiros. Lavrada a escritura de cessão, nomeou o governo uma comissão para dar começo aos trabalhos técnicos e, em 16 de agosto de 1890, era inaugurada a colônia, que tinha sua sede junto à estação de Quiririm da Estrada de Ferro Central do Brasil".
"Sua população era de 424 pessoas, distribuídas em 60 lotes urbanos, 48 suburbanos e 56 rurais, sem incluir os lotes que ficaram pertencendo à herança do Dr. Francisco de Paula Toledo. Esse núcleo colonial possuía diversas benfeitorias e, o estado dos colonos, segundo o relatório de Dupret, era considerado próspero e, ressaltava ainda que faltavam poucos colonos para saldarem a dívida com o governo. Além da produção agrícola, a colônia de Quiririm destacou-se pelo fato de grande parte dos colonos terem se dedicado à produção de tijolos, que eram consumidos em Taubaté, bem como na própria colônia, onde era utilizado na construção de casas. O núcleo colonial da Boa Vista, na cidade de Jacareí, foi estabelecido em terras da Fazenda Boa Vista, adquirida pelo Governo Geral ao Major Vitoriano Pereira de Barros a 18 de setembro de 1888. Possuía 91 lotes rurais, com uma população de cerca de 455 habitantes. Em seu relatório de 1893, Dupret frisa que a grande maioria dos colonos já estavam com seus lotes quitados e devido a este fato, em pouco tempo esta colônia já poderia ser emancipada, o que de fato ocorreu. Analisaremos agora, de maneira mais aprofundada por tratar-se de um dos objetivos proposto neste trabalho, a colônia de Piaguí, localizada na cidade de Guaratinguetá".
História (131 )– "Far L´America (69)": Início da imigração em Guaratinguetá, Vale do Paraíba
Região cafeeira, o Vale do Paraíba foi outro centro de atração de imigrantes italianos que além de trabalhar nas plantações de café desenvolveram outras atividades. É o que relata Marco Antonio Giffoni Junior no texto "A Imigração Italiana na Cidade de Guaratinguetá (1880 - 1930)” (Foto Guaratinguetá em 1901).
"Na compra de um lote de terra na Província de São Paulo, o imigrante se obrigava a tratar da conservação dos marcos tão logo recebesse o lote medido e demarcado e, depois disso, teriam um prazo de seis meses para deixarem a terra devidamente roçada e plantada, além de serem obrigado a construir uma casa para servir de habitação permanente de seus ocupantes.
O descumprimento de tais regras poderia acarretar na perda do terreno e de todas as benfeitorias nele realizadas e das parcelas da dívida com a Fazenda Nacional já pagas antes da perda da posse do terreno mas, haviam casos em que tal regra não era aplicada como no caso de enfermidade do proprietário, por exemplo. Somente eram dispensados da obrigação de morada e cultura efetiva os lotes de menor superfície, nos distritos urbanos, concedidos para qualquer fim de reconhecida utilidade, devendo ser aproveitados convenientemente no espaço de dois anos. Os primeiros núcleos coloniais agrícolas de São Paulo eram divididos em dois tipos: oficiais e particulares. Localizavam-se em diversas regiões do território paulista e, na região do Vale do Paraíba, o processo não foi diferente pois, existia um grande número de colônias, tanto particulares como oficiais, localizadas em cidades como Pindamonhangaba, Taubaté, Lorena, Paraibuna, Santa Isabel, Ubatuba, São Sebastião e outras mais. Atualmente, muitas informações à respeito de algumas dessas colônias se perderam, a maioria delas jamais fora estudada”
“Com a introdução do imigrante e a abolição da escravatura, começou a se desenvolver em Guaratinguetá o trabalho remunerado. Os imigrantes contribuíram muito com o desenvolvimento do município, sua colaboração consistiu na introdução de novas técnicas de trabalho oriundas das próprias condições em que viviam em seus países de origem. O número de imigrantes estrangeiros na cidade aumentou consideravelmente a partir de 1892, com o início das atividades da colônia do Piagui . Nessa ocasião, a cidade recebeu imigrantes das mais variadas etnias, que tiveram um papel de destaque na vida comunitária da cidade, exercendo sua influência tanto no meio urbano como no meio rural e, o imigrante italiano, nosso objeto de estudo, também participou deste processo. É praticamente impossível precisar quando teria vindo o primeiro imigrante italiano para Guaratinguetá, as fontes consultadas mostram que, antes de 1892, ano da fundação da Colônia do Piaguí, já havia a presença de italianos na cidade.
Esses imigrantes, em sua maioria financiaram a viagem para o Brasil por conta própria, o que lhes concedeu maior independência. Desses imigrantes, destacamos alguns nomes como Augusto Lucchesi, que começou como mascate e depois tornou-se proprietário de loja; Thomas Rocco, que montou uma relojoaria e posteriormente uma loja de artigos finos que por sinal existe até os dias atuais sob a direção de seus descendentes. Além desses dois nomes, destacamos também os irmãos Barone (alfaiates), Pascoale Panunzio (sapateiro), Rafael Bisseglia (padaria) e Felix Cioffi (médico)”.
"Na compra de um lote de terra na Província de São Paulo, o imigrante se obrigava a tratar da conservação dos marcos tão logo recebesse o lote medido e demarcado e, depois disso, teriam um prazo de seis meses para deixarem a terra devidamente roçada e plantada, além de serem obrigado a construir uma casa para servir de habitação permanente de seus ocupantes.
O descumprimento de tais regras poderia acarretar na perda do terreno e de todas as benfeitorias nele realizadas e das parcelas da dívida com a Fazenda Nacional já pagas antes da perda da posse do terreno mas, haviam casos em que tal regra não era aplicada como no caso de enfermidade do proprietário, por exemplo. Somente eram dispensados da obrigação de morada e cultura efetiva os lotes de menor superfície, nos distritos urbanos, concedidos para qualquer fim de reconhecida utilidade, devendo ser aproveitados convenientemente no espaço de dois anos. Os primeiros núcleos coloniais agrícolas de São Paulo eram divididos em dois tipos: oficiais e particulares. Localizavam-se em diversas regiões do território paulista e, na região do Vale do Paraíba, o processo não foi diferente pois, existia um grande número de colônias, tanto particulares como oficiais, localizadas em cidades como Pindamonhangaba, Taubaté, Lorena, Paraibuna, Santa Isabel, Ubatuba, São Sebastião e outras mais. Atualmente, muitas informações à respeito de algumas dessas colônias se perderam, a maioria delas jamais fora estudada”
“Com a introdução do imigrante e a abolição da escravatura, começou a se desenvolver em Guaratinguetá o trabalho remunerado. Os imigrantes contribuíram muito com o desenvolvimento do município, sua colaboração consistiu na introdução de novas técnicas de trabalho oriundas das próprias condições em que viviam em seus países de origem. O número de imigrantes estrangeiros na cidade aumentou consideravelmente a partir de 1892, com o início das atividades da colônia do Piagui . Nessa ocasião, a cidade recebeu imigrantes das mais variadas etnias, que tiveram um papel de destaque na vida comunitária da cidade, exercendo sua influência tanto no meio urbano como no meio rural e, o imigrante italiano, nosso objeto de estudo, também participou deste processo. É praticamente impossível precisar quando teria vindo o primeiro imigrante italiano para Guaratinguetá, as fontes consultadas mostram que, antes de 1892, ano da fundação da Colônia do Piaguí, já havia a presença de italianos na cidade.
Esses imigrantes, em sua maioria financiaram a viagem para o Brasil por conta própria, o que lhes concedeu maior independência. Desses imigrantes, destacamos alguns nomes como Augusto Lucchesi, que começou como mascate e depois tornou-se proprietário de loja; Thomas Rocco, que montou uma relojoaria e posteriormente uma loja de artigos finos que por sinal existe até os dias atuais sob a direção de seus descendentes. Além desses dois nomes, destacamos também os irmãos Barone (alfaiates), Pascoale Panunzio (sapateiro), Rafael Bisseglia (padaria) e Felix Cioffi (médico)”.
História (130 ): Imigrantes e o Hospital Umberto I
A assistência médico-hospitalar ao imigrante italiano tem no Hopsital Umberto I, em São paulo, um importante marco cuja criação é assim descrita por Maria do Rosário R. Salles e Luiz A. de Castro Santos no trabalho Imigração
e médicos italianos em São Paulo na Primeira República .
"A Sociedade Italiana de Beneficência se constituiu pouco antes do fim da Monarquia, num momento em que São Paulo contava com pouco mais de 25 mil habitantes e a comunidade italiana era ainda reduzida, com comerciantes e artesãos na sua quase totalidade. Uma aspiração da Sociedade desde o início foi fundar um hospital, projeto difícil de se realizar, uma vez que requeria recursos de que os sócios não dispunham. Dessa forma, primeiro abriu-se uma enfermaria no bairro do Bexiga, cuja população, no começo do século, era quase exclusivamente italiana. Em 1901, a criação do Fundo de Emigração pelo governo italiano proporcionou uma inesperada e oportuna ajuda financeira de 350 contos de réis, acrescida de uma subvenção a ser obtida do governo brasileiro, em função de um acordo firmado em novembro de 1896 entre os dois países, que previa a ajuda a iniciativas que visassem à melhoria das condições de assistência ao imigrante (Pisani, 1937). A Sociedade Italiana de Beneficência em São Paulo pôde inaugurar seu hospital em 1.º de janeiro de 1905, com um forte apoio, inclusive financeiro, da comunidade.
O fato, entretanto, do hospital ter sido criado com o intuito de atender aos imigrantes, sem restrições de 'raça, cor ou credo' (Lammoglia, 1954), criou desde logo dificuldades financeiras e administrativas para sua manutenção, em grande parte resultantes do crescimento do número de indigentes e pacientes de baixa renda, atendidos gratuitamente. Desta forma, com sucessivas contribuições pessoais e subscrições coletivas de italianos, dotações e subsídios do governo italiano, e também com o decisivo apoio financeiro do Conde Francisco Matarazzo18, funda-se uma casa de saúde anexa ao hospital, a Casa de Saúde Francisco Matarazzo, onde deviam funcionar as clínicas e serem atendidos pacientes particulares, cuja renda serviria para subvencionar o atendimento gratuito do hospital.
A Casa de Saúde seria o primeiro de uma série de empreendimentos, quase todos patrocinados pelo Conde ou pela família, todos favorecendo o hospital, a partir da renda gerada pelo atendimento à clientela pagante. Essa era a expectativa do Conde Matarazzo, anunciada no discurso de inauguração da Casa de Saúde, em 1917 (Lammoglia, 1954). A fundação do Hospital Umberto I em São Paulo, significou, por um lado, a possibilidade de incorporação de um número importante de médicos italianos e o incremento da imigração médica e, por outro, a alavanca para o seu desenvolvimento posterior como grupo e a base da constituição de sua visibilidade'
"A Sociedade Italiana de Beneficência se constituiu pouco antes do fim da Monarquia, num momento em que São Paulo contava com pouco mais de 25 mil habitantes e a comunidade italiana era ainda reduzida, com comerciantes e artesãos na sua quase totalidade. Uma aspiração da Sociedade desde o início foi fundar um hospital, projeto difícil de se realizar, uma vez que requeria recursos de que os sócios não dispunham. Dessa forma, primeiro abriu-se uma enfermaria no bairro do Bexiga, cuja população, no começo do século, era quase exclusivamente italiana. Em 1901, a criação do Fundo de Emigração pelo governo italiano proporcionou uma inesperada e oportuna ajuda financeira de 350 contos de réis, acrescida de uma subvenção a ser obtida do governo brasileiro, em função de um acordo firmado em novembro de 1896 entre os dois países, que previa a ajuda a iniciativas que visassem à melhoria das condições de assistência ao imigrante (Pisani, 1937). A Sociedade Italiana de Beneficência em São Paulo pôde inaugurar seu hospital em 1.º de janeiro de 1905, com um forte apoio, inclusive financeiro, da comunidade.
O fato, entretanto, do hospital ter sido criado com o intuito de atender aos imigrantes, sem restrições de 'raça, cor ou credo' (Lammoglia, 1954), criou desde logo dificuldades financeiras e administrativas para sua manutenção, em grande parte resultantes do crescimento do número de indigentes e pacientes de baixa renda, atendidos gratuitamente. Desta forma, com sucessivas contribuições pessoais e subscrições coletivas de italianos, dotações e subsídios do governo italiano, e também com o decisivo apoio financeiro do Conde Francisco Matarazzo18, funda-se uma casa de saúde anexa ao hospital, a Casa de Saúde Francisco Matarazzo, onde deviam funcionar as clínicas e serem atendidos pacientes particulares, cuja renda serviria para subvencionar o atendimento gratuito do hospital.
A Casa de Saúde seria o primeiro de uma série de empreendimentos, quase todos patrocinados pelo Conde ou pela família, todos favorecendo o hospital, a partir da renda gerada pelo atendimento à clientela pagante. Essa era a expectativa do Conde Matarazzo, anunciada no discurso de inauguração da Casa de Saúde, em 1917 (Lammoglia, 1954). A fundação do Hospital Umberto I em São Paulo, significou, por um lado, a possibilidade de incorporação de um número importante de médicos italianos e o incremento da imigração médica e, por outro, a alavanca para o seu desenvolvimento posterior como grupo e a base da constituição de sua visibilidade'
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