sábado, 24 de abril de 2010

História (169 ) - "Far l'America (91)": Pioneiros da Colônia Conde D'EU

"As colônias de Conde d'Eu e Dona Isabel pertenciam ao território de São João de Montenegro, elevado à categoria de Municipio em 5 de maio de 1873. Nos começos de 1875, chegava a Conde d'Eu uma leva de imigrantes, cerca de 40 casais ou famílias suíço-francesas, que se instalaram nos lotes situados na Estrada Geral. Formou-se assim o primeiro núcleo colonizador, destacando-se as famílias de João Jurdissi, Francisco Bouvier, João Dachery, João Blange, Luís Antônio Menetrier, Déchamps, Chevalier, Srasin, Sussie, Calixte, José Grandeau, Buvê, Aleixo Girand, Francisco Gotteland, Chapa, Fragnon e diversas outras. Convém notar que, antes dos suíços, vários brasileiros haviam se fixado no local. Por não se adaptarem ao meio, emigraram para outras plagas, assim como os estrangeiros. O precursor dos moradores brasileiros de Conde d'Eu foi João Carlos Rodrigues da Cunha.

A primeira família italiana que teve acesso à colônia foi a de Cirilo Zamboni. Em 1876, chegaram 700 imigrantes italianos oriundos do Tirol austríaco, acompanhados pelo jovem e zeloso sacerdote Pé Bartolomeu Tiecher. A história guarda carinhosa lembrança de João Batista Tamanini, Batista Tomasi, Fortunato Amadeu Manica, Jorge Srott João Batista Nicolodi, Pedro Weber, Leopoldo Mafei, Carlos Miorando, Arcadio Consatti, Batista Camini Felipe Turatti e Osvaldo Consatti, dentre outros. Esses fixaram-se na linha Figueira de Mello, ao passo que foram instalar-se na linha Estrada-Geral: Manuel Peterlongo, Pedro Palaver, José Lora Francisco Rosa, Camilo Lorenzi, Luís Senter, Luís Casacurta, José Sciecere, Luís Fonin, Jacó Faraon, Arcàngelo Faraon, Luís Faraon, Antônio Segue e muitos outros. Para a colônia Dona Isabel foram Henrique Enriconi, David Manica, Valduga, Escer, Gasperetti, Fontana, Giacomoni e Decarli.

Ainda em 1876, chegaram algumas famílias polonesa s, que bem depressa se entrosaram com os elementos latinos, merecendo especial destaque os nomes de Paulo Ciarnowski, João Cabowiski e Sbeguen. Esse excelente potencial humano viria a ser um dos fatores preponderantes do enriquecimento e progresso do Município. Iniciada, em 1879, a construção da importante rodovia Buarque de Macedo, conbe ao Dr. Joaquím Rodrigues Antunes, chefe da Comissão de Terras, a honra de ultimar os trabalhos.

A estrada atravessava as colônias Conde d'Eu e Dona Isabel, ligando os campos de Lagoa Vermelha e Vacaria a São João de Montenegro. Ao tempo em que os imigrantes chegaram a Conde d'Eu, a região era domínio dos aborígenes que aos poncos se foram retirando para outras plagas ainda não devassadas. Contribuiu para isso a abertura da estrada que, de Maratá, no MUNICÍPlO de Montenegro, iria até os campos de Lagoa Vermelha. Tão logo foi concluída a rodovia, construiu-se espaçoso barracão na sede da colônia, destinado a pouso de tropeiros, em suas longas jornadas.

O local recebeu a denominação de Galpão. Em 24 de abril de 1884, a colônia de Conde d'Eu constituiu-se em freguesia, desmembrada da de Estrela, dois anos depois, a 1.° de setembro, era erigida a primeira capela. O progresso da colônia foi se fazendo sentir em todos os setores, o que determinaria sua emancipação em 1900. Recebeu o nome de Garibaldi, em homenagem ao célebre caudilho, herói de dois continentes, que tomou parte ativa na unificação italiana e foi ainda um dos mais vigorosos paladinos da Revolução Farroupilha". (Fonte: IBGE)

História (168 ) - "Far l'America (90)": Imigração italiana e o desenvolvimento em Bento Gonçalves

"Até 1870 Bento Gonçalves chamava-se Cruzinha. Neste ano o Governo daProvíncia, desejando ampliar a área de colonização, por ‘acto’ de 25/05/1870 assinado por João Sertório, então Presidente (hoje corresponde ao cargo de governador) do Estado do Rio Grande do Sul, criou a colônia de Dona Isabel, a qual contava com a abrangência de 32 léguas quadradas. Ao chegarem à colônia os imigrantes eram recebidos por uma Comissão de Terras que deixava muito a desejar.

Os imigrantes eram alojados em barracões e se alimentavam de caça, pesca, frutos silvestres e do pouco que era fornecido pelo governo até se instalarem em seus lotes rurais. Ao se instalarem, iniciavam uma agricultura de subsistência representada pelo cultivo de milho, trigo e videira. As primeiras indústrias artesanais, com características domésticas e utilização somente de mão-de-obra familiar, assim como o comércio de troca e venda de produtos, surgiram com a produção de excedentes agrícolas e com a criação de animais. A troca, compra e venda de produtos era feita na sede da colônia, após longas caminhadas por estreitas picadas (trilhas abertas na mata), demarcadas pelos próprios imigrantes. Os primeiros imigrantes oriundos do norte da Itália chegaram a Bento Gonçalves, então colônia Dona Isabel, no dia 24 de dezembro de 1875. Ocuparam uma esplanada onde hoje localiza-se a Igreja Cristo Rei (Bairro Cidade Alta), onde ficaram aguardando a distribuição das terras.

Em 1881 é iniciada a abertura da primeira estrada de rodagem, chamada Buarque de Macedo, ligando as colônias Dona Isabel, Conde D’ Eu, e Alfredo Chaves. É a atual RST 470, a mais antiga via do Rio Grande do Sul a ligar Montenegro até o Estado de Santa Catarina. A colônia Dona Isabel foi desmembrada da então colônia de São João de Montenegro através do Ato nº 474, de 11/10/1890 pelo Governador do Estado General Cândido Costa, com a denominação de Bento Gonçalves em homenagem ao General Bento Gonçalves da Silva, chefe da Revolução Farroupilha (que durou de 1835 a 1845) e Presidente da República do Piratini, hoje Estado do Rio Grande do Sul.

O primeiro prefeito, na época chamado de Intendente, foi o Coronel Antônio Joaquim Marques de Carvalho Júnior, que permaneceu no poder durante 32 anos. Em 1919 foi inaugurada a linha férrea ligando a capital Porto Alegre a Bento Gonçalves e trazendo impulso ao progresso da região. Em 1922 foi instalada a luz elétrica. Em 1927 foi inaugurado o primeiro hospital. A rua Marechal Deodoro foi a primeira via pública a ser calçada no ano de 1940. A rádio difusora ZYQ 5 foi a primeira emissora de rádio a ser fundada em 15 de novembro de 1947. Em 1925 foi comemorado o Cinquentenário da Imigração Italiana no Rio Grande do Sul.

Nesta época a principal economia do município era baseada em produtos suínos e o segundo produto mais representativo era o vinho. A população do município era atendida por 248 estabelecimentos comerciais. As ferrarias e selarias eram substituídas pela mão-de-obra e os famosos “fordecos” (carros da linha Ford) já transitavam pelas ruas. PROGRESSO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Em 1940 a agricultura vai sendo substituída pela indústria, que aos poucos diversifica sua produção, gerando mais empregos.

A industrialização atrai novos contingentes de trabalhadores, migrantes de outros municípios da região. Aumenta a circulação de dinheiro e mudam os hábitos e costumes dos moradores, assim como o poder de consumo. São instaladas as primeiras casas bancárias: o Banco de Pelotas e o Banco Nacional do Comércio. No início da década de 1950 o município de Bento Gonçalves apresentava uma população de 23.340 habitantes, sendo que 6.280 pertenciam à zona urbana e 17.060 à zona rural e suburbana.

Na economia, destacava-se o setor agrícola - principalmente a produção vitivinícola - além da agricultura de subsistência. Em 1955 Bento Gonçalves iniciou a fabricação de móveis em estilo artesanal.

Nos anos 60 a Indústria de Acordeões Todeschini, a maior da América Latina, exportava acordeões e escaletas (instrumento musical) para o México. Em 1967 o vinho dá um impulso ao desenvolvimento econômico de Bento Gonçalves com o surgimento da Festa Nacional do Vinho - Fenavinho". (Fonte Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves)

História (167 ) - "Far l'America (89)": De Conde D'Eu a Garibaldi

"Garibaldi (cidade localizada a 105 quilômetros de Porto Alegre a 640 metros de altitude) é um município com características peculiares. Colonizado por imigrantes italianos, teve forte influência da cultura francesa, transmitida pelas congregações religiosas de origem francesa, responsáveis pela educação dos habitantes, durante décadas. Além disso, veio a receber o aporte dos sírio-libaneses, no que diz respeito ao comércio. Esses são alguns dos fatores que contribuíram para o Garibaldi de hoje.

Um município com diversidade econômica e cultural, rico de história e memória. Breve histórico de Garibaldi O núcleo surge por ato de 24 de maio de 1870. Na data o presidente, Dr. João Sertório, cria as colônias Conde D'Eu e Dona Isabel, inaugurando um novo momento no processo de colonização e economia no estado do Rio Grande do Sul. Garibaldi intitula-se, inicialmente, Colônia Conde D'Eu, denominada assim em homenagem ao genro do imperador, casado com a Princesa Isabel. As duas colônias possuíam 32 léguas quadradas de terras devolutas. Era necessário proceder ao povoamento. A região não oferecia atrativos, pois suas terras eram acidentadas. Seria necessário investir na infra-estrutura para povoá-la. Mas como o governo não estava disposto a tanto, buscou outros recursos para torná-la habitável e cultivável. Estendeu seu foco para além do que o horizonte podia enxergar e encontrou a solução: povoar a região com europeus habituados ao mesmo clima do sul, ao frio e às dificuldades do terreno para o cultivo agrícola. A colonização da Colônia Conde D'Eu, aconteceu no final da fase imperial.

Os primeiros imigrantes chegaram em 9 de julho de 1870 e eram todos prussianos (alemães). Já naquela fase, encontravam-se aqui estabelecidas algumas famílias de nacionais, indígenas ou bugres, como comumente eram identificados. Durante esse período de colonização, os alemães somente desenvolveram uma agricultura de subsistência, devido à quase inexistência de estradas que pudessem servir para o escoamento de sua produção agrícola e manufatureira. Na época, a única estrada existente, e em péssimas condições, ligava Montenegro a Conde D'Eu, passando por Maratá. Foi por essa estrada que, a partir de 1874 e 1875, começaram a chegar novas levas de imigrantes suíços, italianos, franceses, austríacos e poloneses. O contato para a vinda desses povoadores foi feito por agentes que, através de uma campanha de aliciamento, promoveram a vinda de um contingente de europeus.

Também não havia necessidade de se pensar em estratagemas complexos, era apenas necessário compreender a situação do povo diante das guerras que aconteciam na Europa, para a Unificação da Alemanha, a agitação política para estabelecer a Unidade Italiana e as lutas na Áustria e Polônia, trazendo de roldão a falta de trabalho nos campos e o empobrecimento das regiões urbana e rural. No entanto, o maior número de imigrantes era proveniente da Itália. A Colônia Conde D'Eu foi o primeiro núcleo de colonização na região serrana do Rio Grande do Sul. A população da Colônia, que em 1875 era de 720 habitantes, atingiu o número de 870 pessoas em 1876. A oferta brasileira vinha ao encontro das expectativas dos imigrantes europeus, pois acreditando que o quadro de miséria vivido na Europa ficaria no porto, o imigrante "encheu sua bagagem de sonhos, fechou-a com esperança e coragem e partiu, como um peregrino, em busca de um caminho que re-significasse sua vida". (MARINA, 2004, inédito). Do embarque na Itália, até a chegada nas terras do Sul, as histórias relatadas pelos imigrantes falam, no entanto, de desamparo, de exploração, de muito sacrifício. Novos estudos apontam, que o maior sofrimento estava ligado à saudade da terra e à incerteza do novo. O fato é que foi necessário muito trabalho para que os imigrantes transformassem esta região em colônias e, conseqüentemente, em cidades.

Nos primeiros tempos foi na religião, na reza do terço, que o habitante renovou seu vigor e encontrou alento para enfrentar a saudade de sua pátria e buscar o convívio com outras famílias. Foi a partir de 1890, com a Colônia já estabelecida, que as casas, os prédios, que hoje compõem o Centro Histórico, foram construídos. Em 31 de outubro de 1900, o governo eleva Conde D'Eu à condição de município, que passa a chamar-se de Garibaldi, em homenagem ao italiano Giuseppe Garibaldi, que participou da Revolução Farroupilha e é considerado "herói dos dois mundos". Já no início de 1900, houve um novo fluxo de imigração, com a chegada de famílias sírio-libanesas, que desenvolveram o aspecto comercial do centro da Cidade.

O Tropeirismo também teve importância fundamental no desenvolvimento de Garibaldi, pois uma das principais rotas birivas do Rio Grande do Sul foi a Estrada Buarque de Macedo, que ligava Lagoa Vermelha a Montenegro. Grandes casas comerciais e hotéis se desenvolveram ao largo dessa estrada, com paradouro também para os animais, bem como a criação da Alfândega (que hoje denomina um bairro), onde eram fiscalizados as tropas ou os produtos comercializados. Muitos tropeiros já eram recebidos aqui como membros da família, e se habituaram ao modo de vida dos colonos, acabando por fazer de Garibaldi não só seu ponto de passagem, mas também sua moradia. Ainda hoje, a quase totalidade dos habitantes do município é descendente dessas levas de imigrantes, o que fez com que Garibaldi desenvolvesse alguns aspectos peculiares, em parte por essa mescla e pelos imigrantes com suas respectivas culturas".  (Fonte: Prefeitura Municipal de Garibaldi)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

História (166 ): Jornais italianos no Brasil - 1823-1914

"Influência dos Imigrantes italianos na Imprensa do Grande ABC" é um trabalho de Valdenizio Petrolli que, num determinado trecho de sua pesquisa elenca os jornais italianos editados no Brasil e que no país entre 1823 a 1914. A fonte citada por Petrolli é "o pesquisador Affonso A. de Freitas, do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo relacionou no seu trabalho A Imprensa Periódica de São Paulo, relacionou de 1496 periódicos que circularam de 1823 até 1914, sendo que 135 eram redigidos em italianos ou bilíngües. Embora as suas redações situavam na Capital, muitos circulavam entre os colonos do Grande ABC".






Italiani - Cinema e TV na vida de Gianni Ratto



O portal da Funarte assim descreve a participação de Gianni Rato no cinema e na TV
 
"No cinema, atuou como ator, diretor de arte e cenógrafo em vários filmes. Os mais recentes foram o documentário A Mochila do Mascate – Gianni Ratto, de Gabriela Greeb, que dividiu o roteiro com Antonia Ratto, filha de Gianni, que foi o narrador do filme (2006); Por trás do Pano, de Luiz Villaça (1999); e Sábado, de Ugo Giorgetti (1995), no qual interpretou o cadáver de um velho nazista, encontrado no sótão de um prédio decadente de São Paulo.

Na televisão, foi o responsável pelos cenários da novela A Morta sem Espelho, de Nelson Rodrigues, dirigida por Sergio Britto e Fernando Torres, em 1963, na TV Rio. Fez a direção de arte, na TV Bandeirantes, da novela, Os Imigrantes, de Benedito Ruy Barbosa, direção de Henrique Martins, Atílio Riccó, Emilio di Biasi e Antônio Abujamra, em 1981.

Participou de bancas universitárias de defesa de tese, comissões de julgadores de dramaturgia, e de festivais de teatro. Foi colaborador da Revista da USP e do Corriere Del Sudamerica, semanário de língua italiana para a América do Sul e Itália. Trabalhou como Diretor de Criação de Fotografias na Bloch Editores. Muito ligado às experiências de ensino, logo que chegou ao Brasil criou um departamento de teatro no Museu de Arte de São Paulo. Entre 1955 e 1956, convidado por Alfredo Mesquita, deu aulas na Escola de Arte Dramática de São Paulo (EAD).

Em 1958, lecionou durante um ano na Universidade Federal da Bahia, época em que Martim Gonçalves organizou um curso de teatro exemplar. Em 1966, tornou-se professor do Conservatório Nacional de Teatro (hoje UNIRIO). Entre os anos 60 e 80 colaborou, entre outros, com os diretores Ruggero Jacobbi, Ziembinski, Ivan de Albuquerque, João das Neves, Paulo Afonso Grisolli; com os autores Gianfresco Guarnieri, Ariano Suassuna, Dias Gomes, Consuelo de Castro, João Bethencourt; com os atores Paulo José, Othon Bastos, Sérgio Mamberti, Renato Borghi, Beatriz Segall e Tônia Carrero, e com as companhias Teatro Nacional de Comédia e Teatro Cacilda Becker. Em 1993, dirigiu a peça Porca Miséria, de Marcus Caruso e Jandira Martini, considerada um fenômeno estrondoso de bilheteria.
Alguns de seus últimos trabalhos como iluminador e cenógrafo foram Selvagem como o Vento, de Tereza Freire, direção de Denise Stocklos, Casa de Cultura Laura Alvim, Rio de Janeiro (2002); Novas Diretrizes em Tempos de Paz, de Bosco Brasil, Espaço Ágora, São Paulo (2002); O Dia do Redentor, de Bosco Brasil, Teatro Sesc-Copacabana, Rio de Janeiro (2003) e Sábado, Domingo e Segunda, de Eduardo di Filipo, Teatro das Artes, São Paulo (2003).

Premiadíssimo e dono de um extenso currículo, recebeu o Prêmio Shell, em 2003, por sua contribuição ao Teatro Brasileiro. Integrante da primeira geração de encenadores no Brasil, colaborou para o surgimento de outra primeira geração de encenadores brasileiros. Reverenciado por seus talentos múltiplos, Gianni Ratto revelou também o seu lado de escritor ao publicar quatro livros: A Mochila do Mascate; Antitratado de Cenografia ; Crônicas Improváveis; Hipocritando. Faleceu em 30 de dezembro de 2005. No prefácio de A Mochila do Mascate, Sábato Magaldi soube como definir seu perfil: “De todos os encenadores estrangeiros que decidiram, a partir da Segunda Guerra, atuar entre nós, Gianni Ratto foi, sem dúvida, quem mais se identificou com o Brasil. [...] Ninguém como ele se associou de forma tão consciente e consequente à dramaturgia brasileira”.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Italiani - O legado do teatrólogo Gianni Ratto

No teatro brasileiro, Gianni Ratto foi outro italiano a deixar importante legado.

"Gianni Ratto nasceu em Milão em 27 de agosto de 1916, mas viveu até a juventude em Gênova, com a mãe, Maria Ratto, pianista e professora de canto lírico. Na escola primária era chamado de “bastardo” por não levar o nome do pai, de quem Maria se separou quando era muito pequeno e passou a sustentá-lo sozinha através de seu trabalho com a música. Foi assim que Ratto teve seu primeiro contato com a arte: não apenas com a música, como também com a cenografia, pois foi uma aluna de sua mãe (filha de Gordon Craig) que o levou, pela primeira vez, ao ateliê do cenógrafo - experiência que o marcaria por toda a vida. Começou a trabalhar no campo das artes e da cultura muito jovem.

Enquanto ainda estudava no Liceu Artístico, conseguiu um estágio com Mario Labò, renomado arquiteto genovês que tornou-se seu grande amigo e mestre. Inscreveu-se, também, em diversos concursos organizados pelo governo nas áreas de cenografia e cinema, obtendo êxito em vários deles e terminando por conseguir uma bolsa de estudos para cursar Direção no Centro Experimental de Cinema de Roma. Estudou também Arquitetura no Politécnico de Milão, mas foi obrigado a abandonar tudo em função do início da Segunda Guerra Mundial, que ocorreu enquanto prestava o Serviço Militar obrigatório. Não concordando com a posição de seu país, desertou do exército italiano e fugiu para a Grécia, onde viveu com camponeses por dois anos, passando todo tipo de necessidade, até o término da Guerra. Em 1946 mudou-se para Milão e começou, junto com o amigo da escola de oficiais Paolo Grassi, a fazer teatro como cenógrafo.

Trabalhando, a partir daí, em todas as vertentes do espetáculo (teatro dramático e lírico, musical, dança e revista), sua carreira teve uma rápida evolução que culminou com a fundação do Piccolo Teatro de Milão, ao lado de Grassi e Giorgio Strehler, e o trabalho como cenógrafo e vice-diretor artístico do Teatro Alla Scala de Milão. Tornou-se um dos cenógrafos mais respeitados da Europa, e colaborou ativamente para o pensamento artístico de seu tempo, escrevendo artigos para revistas especializadas e dando palestras. Foi figura-chave na reconstrução do teatro italiano no pós-Guerra, trabalhando ao lado de grandes artistas, como Maria Callas, Herbert Von Karajan, Mitropoulos e Igor Stravinski.

Após alguns anos de trabalho ininterrupto, começou a sentir uma estagnação e ao mesmo tempo uma vontade de explorar novas possibilidades dentro do teatro, como a direção. Em 1954, Maria Della Costa e Sandro Polloni, que estavam prestes a inaugurar seu teatro em São Paulo, foram à Itália convidar Ratto para cenografar - e dirigir - o espetáculo de inauguração do Teatro Maria Della Costa - 'O Canto da Cotovia', de Jean Anouilh. Ratto aceitou o convite, e acabou apaixonando-se pelo Brasil e mudando-se para cá. Chegou aqui quando o teatro verdadeiramente brasileiro estava começando a surgir, e foi esta possibilidade de construção de algo novo que o encantou.

Foi grande incentivador da dramaturgia nacional, pesquisando autores e montando textos não valorizados à época, como “ A Moratória”, de Jorge Andrade e “O Mambembe”, de Artur Azevedo, que obtiveram grande êxito. Trabalhou brevemente no TBC (Teatro Brasileiro de Comédia) e organizou um departamento de teatro para o MASP. Fundou e dirigiu companhias teatrais estáveis, como o Teatro dos Sete, em 1958 (com Fernanda Montenegro, Fernando Torres, Sergio Britto e Ítalo Rossi), que teve um trabalho altamente premiado, e o Teatro Novo, nos anos 1970, um teatro/escola que abrigava um elenco permanente, um corpo de baile e uma orquestra de câmara - iniciativa fechada pela ditadura militar. Através de seu trabalho e dos conhecimentos que trouxe, participou como formador de pelo menos três gerações de artistas e técnicos teatrais brasileiros. Atuou também, formalmente, como professor, em vários cursos ministrados em diversas escolas e centros culturais (EAD-USP, Conservatório Nacional de Teatro, Universidade da Bahia, entre outros).

Realizou inúmeras montagens teatrais e operísticas, exercendo diversas funções na construção da cena: direção, iluminação, cenário e figurino, o que fez dele um verdadeiro 'homem de teatro'. Trabalhou também, como tradutor de textos teatrais, articulista para jornais e revistas, e autor de prefácios e textos para livros. Foi, ocasionalmente, ator, como no filme 'Sábado', de Ugo Giorgetti, e na série de TV “Anarquistas Graças a Deus”. Aos oitenta anos tornou-se escritor na língua portuguesa, publicando seu primeiro livro, uma autobiografia, 'A Mochila do Mascate'.

Publicou também 'Antitratado de Cenografia', 'Crônicas Improváveis', “Noturnos' e 'Hipocritando'. Recebeu inúmeros prêmios ao longo dos anos, e em 2003 recebeu o Prêmio Shell por sua contribuição para o teatro brasileiro. Faleceu em 30 de dezembro de 2005 em São Paulo, aos 89 anos de idade". (Fonte

Italiani - O processo de beatificação de padre josefino João (Giovanni) Schiavo

A Congregação de São José- Josefinos de Murialdo luta pele beatificação e posterior canonização do padre João (Giovanni) Schiavo, cujo perfil é resumido no site da ordem.   
 
"Padre João Schiavo nasceu na Itália, em Sant’Urbano de Montecchio Maggiore(VI), no dia 8 de julho de 1903, filho de Luigi Schiavo e Rosa Faturelli. Da família recebeu uma educação profundamente cristã; e, ainda pequeno, experimentou as agruras da pobreza. Embora de saúde muito frágil percorria 6km a pé, todos os dias, para ir à escola em Montecchio Maggiore. Desde criança desejava ser Padre. Entrou na Congregação dos Josefinos de Murialdo e, em 1919, fez sua primeira Profissão Religiosa. No dia 10 de julho de l927, apenas completados 24 anos, foi ordenado Sacerdote. Pe. João era muito fervoroso. Nos primeiros anos de sacerdócio escrevia os sermões e os meditava diante do Santíssimo Sacramento.

 Tinha o grande desejo de ser missionário e mártir; e, depois de quatro anos de Sacerdote, seguindo a ordem da obediência, partiu para o Brasil, chegando em Jaguarão (RS), no dia 05 de setembro de 1931. Logo conheceu todas as obras dos Josefinos. Em Ana Rech, foi professor, iniciador e diretor da Escola Normal Rural Murialdo. Em Galópolis, foi Diretor da Escola e Pároco.

Em 1941, fundou o Seminário Josefino de Fazenda Souza (Caxias do Sul – RS), sendo o primeiro Diretor dessa obra que marcaria sucessivas gerações de jovens. Desde que chegou no Brasil, Padre João desenvolveu uma intensa atividade vocacional e foi o primeiro mestre de noviços da missão Josefina brasileira. Fundou diversas obras em favor das crianças e jovens pobres; Abrigo de Menores S.José (Caxias do Sul) hoje, Centro Técnico Social Obra Social Educacional, em Porto Alegre, Partenon e no Morro da Cruz. Abrigo de Menores em Pelotas e Rio Grande (RS), Colégio Nossa Senhora Mãe dos Homens, em Araranguá (SC).

Foi o primeiro Superior Provincial dos Josefinos no Brasil, de 1947 a 1956 e a ele se deve o desenvolvimento das Obras Josefinas, o reconhecimento oficial das escolas e a formação religiosa dos primeiros confrades brasileiros. Após um período de discernimento, em consonância com o Fundador Padre Luigi Casaril, no dia 09 de maio de 1954, iniciou o grupo brasileiro das Irmãs Murialdinas de S.José. Em 1957 fundou a Escola Santa Maria Goretti das Irmãs Murialdinas, onde atuou como diretor e professor.

Em fevereiro de 1956 deixou o cargo de Superior Provincial, mas continuou prestando serviço à sua Congregação e dedicando-se mais às Irmãs Murialdinas. Ao findar de 1966, Padre João Schiavo, cuja saúde há tempo estava debilitada, adoeceu gravemente. Apesar de todas as tentativas da equipe médica e de tanta oração pedindo a Deus sua cura, a doença prosseguiu de modo fulminante e, em dois meses, terminou com a caminhada terrena do Padre João. No último dia de sua vida, repetia: 'Meu Jesus, Misericórdia'! Suas últimas palavras foram o compêndio de uma vida: 'Pai, sou teu filho; sempre quis fazer tua vontade'.

Padre João Schiavo faleceu às 9h30 do dia 27 de janeiro de 1967, assistido pelos dois Bispos de Caxias do Sul: D. Benedito Zorzi e D. Cândido Bampi, pelas Irmãs Murialdinas, Confrades e amigos. Padre João Schiavo foi velado na capela do então Abrigo de Menores S.José (hoje CTS) e no dia seguinte, foi levado para a catedral, onde o Bispo presidiu a Missa de corpo presente, prosseguindo, em seguida para Fazenda Souza.
 
Após a Missa o povo, que afluiu numerosíssimo, como numa grande festa, acompanhou o féretro até o terreno das Irmãs Murialdinas, onde foi sepultado. Desde então sua sepultura é meta de orações e peregrinações. À sua intercessão são atribuídas muitas graças".