"O cemitério de Santo Amaro, o maior cemitério público da cidade do Recife, fica localizado na rua do Pombal, sem número, no bairro de Santo Amaro. A sua construção foi iniciada no governo de Francisco do Rego Barros e a sua inauguração ocorreu no dia 1º de março de 1851, sob a denominação de Cemitério do Bom Jesus da Redenção de Santo Amaro das Salinas
. O cemitério possui uma capela em estilo gótico, com formato octogonal, obra de Mamede Ferreira, que foi erguida no centro do grande terreno. Internamente, observam-se pinturas de Rinaldo Lessa. Quatro lápides resumem a estória da referida capela:
A Câmara Municipal do Recife a mandou fazer em 1853.
...1855, segundo o plano do engenheiro civil José Mamede Alves Ferreira.
Reaberta e melhorada na administração do Exmo. Dr. Esmeraldino Olympio de Torres Bandeira, prefeito do Município do Recife. Em 16 de junho de 1899.
Restaurada na administração do Exmo. Sr. Dr. Francisco da Costa Maia, prefeito do Município, 1930.
Um dos túmulos mais visitados do cemitério de Santo Amaro, é o da Menina-sem-Nome. Está sempre coberto de flores, de ex-votos, de jarros, de velas. Nele, lê-se: Menina-sem-Nome. Sofrestes na terra, mas por prêmio ganhastes o céu.
O mausoléu de Joaquim Nabuco é o mais valioso de todos. O mausoléu de Joaquim Nabuco é uma obra artística do escultor Giovanni Nicolini, professor em Roma, e feita em mármore de Carrara. A obra retrata o fato mais importante na vida do famoso abolicionista: a libertação dos escravos no Brasil. Ela apresenta alguns ex-escravos que levam, sobre suas cabeças, o sarcófago simbólico de Joaquim Nabuco.
Na frente do monumento, vê-se o busto do abolicionista (Fonte da Foto: Blog do Washington Luiz Peixoto Vieira)
A seu lado, a escultura de uma mulher, simbolizando a História, que enfeita de rosas o pedestal do seu busto, onde é possível se ler: A Joaquim Aurélio Nabuco de Araújo. Nasceu a 19 de agosto de 1849. Faleceu a 17 de janeiro de 1910.
Na base do pedestal de Nabuco, onde está presente uma coroa de flores, está escrito: A Joaquim Nabuco, o comandante, officiais e guarnição do 'Minas Gerais'. Washington, 14-3-1916.
E, na parte posterior do mausoléu do abolicionista, lê-se ainda: Homenagem do Estado de Pernambuco ao seu dileto filho, o Redentor da raça escrava no Brasil".(Fonte: Fundação Joaquim Nabuco)
Um blog para difundir e aprofundar temas da presença italiana no Brasil, bem como valorizar o Made in Italy. Um espaço para troca de informações e conhecimento, compartilhando raízes comuns da italianidade que carregamos no sangue e na alma. A italianidade engloba a questão das nossas raízes italianas e também reserva um olhar para a linha do tempo, nela buscando e resgatando uma galeria de personagens famosos ou anônimos que, de alguma forma, inseriram seus nomes na História do Brasil.
segunda-feira, 7 de junho de 2010
domingo, 6 de junho de 2010
Italiani - Federico Gentile, 'imprenditore" no Nordeste
"O construtor Frederico Gentil, nascido em Paola, Itália, em 7 de fevereiro de 1888, estava no grupo ou na denominada Missão Artística Italiana (em Sergipe). Aqui fixou residência, entrou para a Maçonaria em 27 de julho de 1929 e aqui casou-se duas vezes, a primeira com Maria Santos Francisca Gentil, a segunda, em 18 de abril de 1964, com Jair Dantas de Brito Gentil. Frederico Gentil morreu em Aracaju, em 22 de julho de 1970, deixando família. Gentil era construtor licenciado, com escritório na rua de Geru, 163, vizinho da Fábrica Aliança, de Atíllio Gentil, que fabricava ladrilhos e artefatos de cimento em geral e vendia material de construção. Outra firma – A Construtora, de Gentil, Irmãos & Cia Ltda, na rua José do Prado Franco, 463, vendia material de construção, mosaicos, azulejos, material sanitário, cimento, canos de ferro e de chumbo". (Fonte: Fraternidade Maçônica)
Italiani - Gentile, Gatti e “amici” na reforma do Palácio Olimpio Campos em Sergipe
O Palácio Olimpio Campos "teve a sua construção iniciada, provavelmente, no final de 1859, como relata Urbano Neto (NETO, O Palácio Olimpio Campos, Revista IHGS, n. 26, p. 85), e as obras foram visitadas pelo Imperador D. Pedro II, no dia 10 de janeiro de 1860.
Três anos depois o Palácio estava concluído, assumindo uma postura monumental na incipiente capital, com a sua soberba fachada frontal, voltada para o Leste, medindo 29 metros e as fachadas laterais medindo 35 metros, que se mantiveram até os dias atuais.
Na sua concepção inicial, era um formoso sobrado ao estilo português, encimado com um frontão triangular, onde se via o brasão imperial em baixo relevo, característico dessas construções, muito em voga na época. No pavimento térreo, bem na parte central, existiam três largas portas que davam acesso ao hall do edifício. De cada lado do conjunto formado por estas três portas ficavam três janelas que, como todas as portas e janelas existentes na construção, tinham a parte superior em arco pleno.
No pavimento superior, nove janelas com sacadas providas de grades em ferro forjado, coincidindo os eixos destas janelas com os das janelas e portas do pavimento térreo.
(...)
O certo é que em 1863 as obras do Palácio do Governo estavam concluídas. Alexandre Rodrigues da Silva Chaves, Presidente da Província, que assumira em 31 de julho de 1863, “apontava como obra terminada o Palácio do Governo, espaçoso, mas, no seu entender, sem estética”, como anota J. Pires Wynne (WYNNE, História de Sergipe: 1575-190, vol. I, Editora Pongetti, p. 213). Sede do governo provincial e depois do republicano, o Palácio foi palco de vários acontecimentos políticos no decorrer do século XX. Golpes e contragolpes se sucederam até a implantação do regime constitucional.
Nas primeiras décadas do século, fortes eram as disputas das oligarquias pelo poder, chegando a causar a Tragédia de Sergipe, como foi denominada a execução do deputado, filósofo, poeta e orador Fausto Cardoso, no dia 28 de agosto de 1906, quando liderava um movimento sedicioso que depôs o Presidente Guilherme de Campos e invadiu o Palácio do Governo. Com a morte do seu líder, o movimento revolucionário foi abafado. Fausto Cardoso morreu como herói glorificado, fazendo a exortação “a liberdade é uma coisa que só se prepara na história, com o cimento do tempo e o sangue dos homens”.
Minimizadas essas contendas políticas, o governo começou a preocupar-se com as instalações do Palácio para abrigar os serviços administrativos. Com isso, procederam-se reformas e “A primeira reforma do Palácio aconteceu a partir de 1915”, como registrei no livro Sergipe e seus monumentos (NASCIMENTO, Sergipe e seus monumentos, J. Andrade, 1981, p. 89). Depois, em 8 de maio de 1916, o Presidente do Estado, General Manuel Prisciliano de Oliveira Valadão, assinava o Ato n. 102, incorporando ao patrimônio estadual, o Palácio do Governo e, na gestão do Coronel José Joaquim Pereira Lobo, iniciada a 24 de outubro de 1918, foram promovidas obras de reparos e de reforma do antigo Palácio, com vista às comemorações do Centenário da Independência de Sergipe, que seriam realizadas no ano de 1920.
A partir daí, artistas italianos contratados em Salvador tiveram uma atuação destacada na reformulação do monumento, valendo anotar que a reforma externa foi trabalho de Orestes Cercelli, pintor e decorador florentino, especialista em decoração a cola, que se inspirou em um palácio de Florença, na Itália. As estátuas da platibanda foram modeladas aqui em Aracaju pelo escultor Pascoal Del Chirico que, à época, era o diretor da Escola de Belas Artes da Bahia. Frederico Genti (federico Gentile)l encarregou-se das obras de assentamento e as grinaldas, capitéis, balaustres e demais elementos decorativos, tanto do exterior como do interior, tiveram sua execução a cargo de Belando Bellandi e Orestes Gatti. Bruno Cercelli, pintor. As pinturas dos tetos e das paredes do Salão de Recepção e do Salão Nobre são, praticamente, dessa época.
A escadaria de 1863, que leva ao piso superior, foi revestida de mármore e recebeu uma grade de ferro e bronze fundidos por Fiori. As estátuas que ficam na base dessa escadaria representam os rios São Francisco e Real, cujo trabalho é atribuído a Orestes Gatti.
Essa reforma modificou totalmente o monumento, que passou a ter aspecto de um palacete florentino, reunindo elementos decorativos dos estilos clássico, medieval, renascentista e barroco, que configuram o estilo eclético, desenvolvido no Brasil ao longo do século XIX até o início do século XX”. (Fonte: José Anderson Nascimento (Mestre em Educação/UFS e presidente da Academia Sergipana de Letras em Jornal da Cidade )
Três anos depois o Palácio estava concluído, assumindo uma postura monumental na incipiente capital, com a sua soberba fachada frontal, voltada para o Leste, medindo 29 metros e as fachadas laterais medindo 35 metros, que se mantiveram até os dias atuais.
Na sua concepção inicial, era um formoso sobrado ao estilo português, encimado com um frontão triangular, onde se via o brasão imperial em baixo relevo, característico dessas construções, muito em voga na época. No pavimento térreo, bem na parte central, existiam três largas portas que davam acesso ao hall do edifício. De cada lado do conjunto formado por estas três portas ficavam três janelas que, como todas as portas e janelas existentes na construção, tinham a parte superior em arco pleno.
No pavimento superior, nove janelas com sacadas providas de grades em ferro forjado, coincidindo os eixos destas janelas com os das janelas e portas do pavimento térreo.
(...)
O certo é que em 1863 as obras do Palácio do Governo estavam concluídas. Alexandre Rodrigues da Silva Chaves, Presidente da Província, que assumira em 31 de julho de 1863, “apontava como obra terminada o Palácio do Governo, espaçoso, mas, no seu entender, sem estética”, como anota J. Pires Wynne (WYNNE, História de Sergipe: 1575-190, vol. I, Editora Pongetti, p. 213). Sede do governo provincial e depois do republicano, o Palácio foi palco de vários acontecimentos políticos no decorrer do século XX. Golpes e contragolpes se sucederam até a implantação do regime constitucional.
Nas primeiras décadas do século, fortes eram as disputas das oligarquias pelo poder, chegando a causar a Tragédia de Sergipe, como foi denominada a execução do deputado, filósofo, poeta e orador Fausto Cardoso, no dia 28 de agosto de 1906, quando liderava um movimento sedicioso que depôs o Presidente Guilherme de Campos e invadiu o Palácio do Governo. Com a morte do seu líder, o movimento revolucionário foi abafado. Fausto Cardoso morreu como herói glorificado, fazendo a exortação “a liberdade é uma coisa que só se prepara na história, com o cimento do tempo e o sangue dos homens”.
Minimizadas essas contendas políticas, o governo começou a preocupar-se com as instalações do Palácio para abrigar os serviços administrativos. Com isso, procederam-se reformas e “A primeira reforma do Palácio aconteceu a partir de 1915”, como registrei no livro Sergipe e seus monumentos (NASCIMENTO, Sergipe e seus monumentos, J. Andrade, 1981, p. 89). Depois, em 8 de maio de 1916, o Presidente do Estado, General Manuel Prisciliano de Oliveira Valadão, assinava o Ato n. 102, incorporando ao patrimônio estadual, o Palácio do Governo e, na gestão do Coronel José Joaquim Pereira Lobo, iniciada a 24 de outubro de 1918, foram promovidas obras de reparos e de reforma do antigo Palácio, com vista às comemorações do Centenário da Independência de Sergipe, que seriam realizadas no ano de 1920.
A partir daí, artistas italianos contratados em Salvador tiveram uma atuação destacada na reformulação do monumento, valendo anotar que a reforma externa foi trabalho de Orestes Cercelli, pintor e decorador florentino, especialista em decoração a cola, que se inspirou em um palácio de Florença, na Itália. As estátuas da platibanda foram modeladas aqui em Aracaju pelo escultor Pascoal Del Chirico que, à época, era o diretor da Escola de Belas Artes da Bahia. Frederico Genti (federico Gentile)l encarregou-se das obras de assentamento e as grinaldas, capitéis, balaustres e demais elementos decorativos, tanto do exterior como do interior, tiveram sua execução a cargo de Belando Bellandi e Orestes Gatti. Bruno Cercelli, pintor. As pinturas dos tetos e das paredes do Salão de Recepção e do Salão Nobre são, praticamente, dessa época.
A escadaria de 1863, que leva ao piso superior, foi revestida de mármore e recebeu uma grade de ferro e bronze fundidos por Fiori. As estátuas que ficam na base dessa escadaria representam os rios São Francisco e Real, cujo trabalho é atribuído a Orestes Gatti.
Essa reforma modificou totalmente o monumento, que passou a ter aspecto de um palacete florentino, reunindo elementos decorativos dos estilos clássico, medieval, renascentista e barroco, que configuram o estilo eclético, desenvolvido no Brasil ao longo do século XIX até o início do século XX”. (Fonte: José Anderson Nascimento (Mestre em Educação/UFS e presidente da Academia Sergipana de Letras em Jornal da Cidade )
sábado, 5 de junho de 2010
História (221)-"Far l'America"(130):Imigração no Pará e Amazonas nos séculos XIX e XX (3)
"Entretanto, os italianos não se detiveram em Belém ou mesmo
nas bordas da Amazônia. Não foram poucos aqueles que, no final do século XIX, penetraram ao longo dos rios atrás do comércio
da borracha e identificam as rotas comerciais. Testemunho
desta atividade é Gregorio Ronca, oficial da marinha militar italiana
que, em 1905, com um navio oceânico de guerra de 2.200
toneladas, depois de haver percorrido as Antilhas e as Guianas,
subiu o rio Amazonas até Iquitos e Santa Fé, no Perú, a 2.285 milhas,
ou 4.232 km do mar, encarregado pelo governo italiano de
procurar rotas comerciais e estreitar relações com imigrantes.
O capitão Ronca, no seu longo diário, descreve com pormenores a comunidade italiana encontrada. E, subindo o rio, entre Belém e Manaus, encontra as comunidades mais numerosas e florescentes em Santarém e Óbidos, encruzilhadas comerciais importantes, não só pela borracha, mas também graças ao cacau, à castanha- do-pará, ao pirarucu".((Fonte: Vittorio Capelli, professor-associado de História Contemporânea na Universidade da Calábria, no ensaio “A propósito de imigração e urbanização: correntes imigratórias da Itália meridional às ‘outras Américas’" tradução da Profa. Dra. Núncia Santoro de Constantino,docente do Programa de Pós-Graduação em História da PUCRS.-2006)
O capitão Ronca, no seu longo diário, descreve com pormenores a comunidade italiana encontrada. E, subindo o rio, entre Belém e Manaus, encontra as comunidades mais numerosas e florescentes em Santarém e Óbidos, encruzilhadas comerciais importantes, não só pela borracha, mas também graças ao cacau, à castanha- do-pará, ao pirarucu".((Fonte: Vittorio Capelli, professor-associado de História Contemporânea na Universidade da Calábria, no ensaio “A propósito de imigração e urbanização: correntes imigratórias da Itália meridional às ‘outras Américas’" tradução da Profa. Dra. Núncia Santoro de Constantino,docente do Programa de Pós-Graduação em História da PUCRS.-2006)
História (220) - "Far l'America"(129):Imigração no Pará e Amazonas nos séculos XIX e XX (2)
"Na virada para o século XIX, sabe-se que o aspecto peculiar
de Belém revelara uma apaixonada imitação da cultura européia,
sobretudo, da urbanística parisiense e dos códigos estéticos da
capital francesa, traduzida em pronunciada urbanização feita de
avenidas arborizadas, jardins e praças, assim como de bibliotecas,
museus, escolas e estabelecimentos bancários. No centro deste
processo, coloca-se emblematicamente o Teatro da Paz (1878) e,
mais tarde, numerosos edifícios ecléticos e art nouveau, como os
palacetes Pinho, Bologna, Bibi Costa, Facciola, Montenegro, entre
outros, além do Mercado de São Brás, da Basílica de Nossa Senhora
de Nazaré, etc.
Em resumo, um grande número de artefatos que
originaram o mito de uma “Paris na América”, como proclama o
nome de uma grande e suntuosa loja daquele tempo; isso para não
mencionar o mais conhecido café de Belém, não por acaso denominado
Moulin Rouge.
Em suma, tomava forma uma verdadeira e peculiar embriaguez
cultural, produzindo modalidades construtivas inadequadas
ao clima, como também modelos de comportamento por vezes
grotescos naquela latitude, utilizados pelos novos ricos da borracha;
41 La presenza italiana nella circoscrizione consolare di Recife.
Sobre este assunto, Marília Ferreira Emmi desenvolve uma pesquisa junto à Universidade
Federal do Pará, em Belém.
(www.ufpa.br/beiradorio/arquivo/beira29/noticias/noticia3.htm).
A propósito de imigração e urbanização 23
23
é o caso de vestir camisas engomadas, pretensiosos ternos de lã, ou
ainda de submeter-se à tortura do fraque e da cartola em ocasiões
festivas, para exibir o status econômico alcançado.Não sabemos até que ponto e de que maneira os italianos
imigrantes participaram deste tipo de delírio cultural. Porém é
certo que o “francesismo” reinante em Belém, na maior parte das
vezes, não chega da França, mas da Itália. A começar pelo lugarsímbolo
da cidade moderna: o Teatro da Paz, cujo modelo arquitetônico
neoclássico é na realidade aquele do Teatro La Scala de Milão.
A decoração do teatro esteve a cargo dos pintores italianos
Domenico De Angelis e Giovanni Capranesi (1887); o mesmo De
Angelis foi contratado para pintar também a Catedral de Belém.
Mas, sobretudo nos anos sucessivos, a mais interessante arquitetura
eclética e art nouveau são obra de italianos: o Palacete Bolonha
(1905), o Palacete Bibi Costa (1905) e o “Café do Parque” do engenheiro
de origem italiana Francisco Bologna; as múltiplas obras de
Filinto Santoro, calabrês de Fuscaldo: o Palacete do governador de
Pará, Augusto Montenegro (1904), o Mercado de São Brás (1911-
16), o Colégio Gentil Bittencourt (1895); enfim, a Basílica de Nazaré,
projetada por Gino Coppedé, tendo como modelo a Basílica de
São Paulo, em Roma. Mas, enquanto o projeto de Coppedé, protagonista
de primeira ordem do ecletismo italiano, é uma obra totalmente
extrínseca, concebida na Itália e enviada de Gênova em
1909, o arquiteto Filinto Santoro, ao invés, mergulha fundo durante
quinze anos no ambiente de Belém e da Amazônia em geral.
Todavia, pretende e consegue utilizar materiais, operários, técnicos
e artistas italianos na realização dos seus projetos".
(Fonte: Vittorio Capelli, professor-associado de História
Contemporânea na Universidade da Calábria, no ensaio “A
propósito de imigração e urbanização: correntes imigratórias da Itália
meridional às ‘outras Américas’" tradução da Profa. Dra. Núncia Santoro de
Constantino,docente do Programa de Pós-Graduação em História da PUCRS.-2006)
sexta-feira, 4 de junho de 2010
História (219) - "Far l'America"(128):Imigração no Pará e Amazonas nos séculos XIX e XX (1)
"Posteriores elementos de interesse apresenta a surpreendente
imigração italiana nos estados do norte, principalmente em Belém,
Santarém e Óbidos, no Pará, e em Manaus, no Amazonas. Também
desta vez trata-se de uma imigração proveniente do mesmo território
no Apenino meridional, atraída pelo mítico boom da “borracha”,
cujo ciclo se estendeu entre 1870 e 1920, e no qual esses italianos
procuram inserir-se de qualquer maneira.
É conhecido o vibrante desenvolvimento urbano de Belém que, em 1904, tem 125.000 habitantes, o triplo de trinta anos antes, graças ao boom do comércio internacional da borracha. No final do século XIX, na cidade também se iniciava um processo de industrialização, com o surgimento de oficinas mecânicas e pequenas fábricas de sabão, cera, biscoitos, licores, etc. Seja no comércio citadino, seja na pequena indústria, encontramos uma centena de italianos também em Belém. Muitos são sapateiros, operários, vendedores de fruta. Por iniciativa dos italianos Conte e Libonati, surgem as primeiras fábricas de sapatos. Mais uma vez, esses sobrenomes remetem à mesma zona do Apenino lucano, entre a Calábria e a Campania. No final do século XIX, quando vivem em Belém cerca de quinhentos italianos, é movimentada a linha de navegação Genova-Manaus, empreendimento da Società di Navigazione Ligure-Brasiliana. A colônia cria raízes rapidamente; tanto é que, em 1912, constitui-se uma Associazione Culturale Italo-Brasiliana, contando com algumas centenas de sócios fundadores.
No censo de 1920, registram-se cerca de mil italianos que, nos anos sucessivos, fundam mais duas associações, uma de caráter elitista, outra de caráter mais popular, ambas em permanente competição. Neste momento, quando encerrava o ciclo da borracha, os italianos eram numerosos no comércio de gêneros alimentícios, tecidos, ferragens e no comércio de produtos regionais, mas também desempenhavam atividades bancárias e ocupavam- se de tipografias" .(Fonte: Vittorio Capelli, professor-associado de História Contemporânea na Universidade da Calábria, no ensaio “A propósito de imigração e urbanização: correntes imigratórias da Itália meridional às ‘outras Américas’ tradução da Profa. Dra. Núncia Santoro de Constantino,docente do Programa de Pós-Graduação em História da PUCRS.-2006)
É conhecido o vibrante desenvolvimento urbano de Belém que, em 1904, tem 125.000 habitantes, o triplo de trinta anos antes, graças ao boom do comércio internacional da borracha. No final do século XIX, na cidade também se iniciava um processo de industrialização, com o surgimento de oficinas mecânicas e pequenas fábricas de sabão, cera, biscoitos, licores, etc. Seja no comércio citadino, seja na pequena indústria, encontramos uma centena de italianos também em Belém. Muitos são sapateiros, operários, vendedores de fruta. Por iniciativa dos italianos Conte e Libonati, surgem as primeiras fábricas de sapatos. Mais uma vez, esses sobrenomes remetem à mesma zona do Apenino lucano, entre a Calábria e a Campania. No final do século XIX, quando vivem em Belém cerca de quinhentos italianos, é movimentada a linha de navegação Genova-Manaus, empreendimento da Società di Navigazione Ligure-Brasiliana. A colônia cria raízes rapidamente; tanto é que, em 1912, constitui-se uma Associazione Culturale Italo-Brasiliana, contando com algumas centenas de sócios fundadores.
No censo de 1920, registram-se cerca de mil italianos que, nos anos sucessivos, fundam mais duas associações, uma de caráter elitista, outra de caráter mais popular, ambas em permanente competição. Neste momento, quando encerrava o ciclo da borracha, os italianos eram numerosos no comércio de gêneros alimentícios, tecidos, ferragens e no comércio de produtos regionais, mas também desempenhavam atividades bancárias e ocupavam- se de tipografias" .(Fonte: Vittorio Capelli, professor-associado de História Contemporânea na Universidade da Calábria, no ensaio “A propósito de imigração e urbanização: correntes imigratórias da Itália meridional às ‘outras Américas’ tradução da Profa. Dra. Núncia Santoro de Constantino,docente do Programa de Pós-Graduação em História da PUCRS.-2006)
História (218) - "Far l'America" ( 127): Imigração italiana em Pernambuco nos séculos XIX e XX
O professor-associado de História Contemporânea na Universidade
da Calábria, Vittorio
Capelli, no ensaio “A propósito de imigração e urbanização: correntes
imigratórias da Itália meridional às ‘outras Américas’ ”(tradução
da Profa. Dra. Núncia Santoro de
Constantino,docente do Programa de Pós-Graduação em História da
PUCRS.-2006) aborda a italiana em Recife (séculos
XIX e
XX).
“Os imigrantes de Recife têm a mesma origem geográfica dos italianos de Salvador e de Aracaju. Muitos desses imigrantes chegam da pequena Trecchina e de outros 'paesi' da Basilicata. Também a composição social e os percursos de integração são semelhantes: 20 trata-se de artesãos e de pequenos comerciantes que, com freqüência, começaram como empregados em oficinas e pequenas lojas, ou como mascates na zona rural. Foram inicialmente financiados pelos conterrâneos que lhes precederam e que os convidaram a emigrar.
Numerosos eram os artesãos especializados no trabalho com metais, como caldeireiros, funileiros, fundidores, chamados a partir da multiplicação das usinas de açúcar; muitos também eram alfaiates e sapateiros; e não poucos foram aqueles que se tornaram industriais: no início da década de 1930 encontra-se uma fábrica di licores e de gasosas, uma indústria de tecidos, a fundição ‘Vesúvio’, outras indústrias metalúrgicas e de calçados.
Mais do que em outras cidades, parece que no Recife houve uma relação estreita entre ofícios artesanais e atividades industriais, sendo freqüente a passagem de uns às outras. Em suma, a capital pernambucana confirma as características fundamentais da presença italiana em todo o nordeste. Entretanto, talvez fosse mais acentuada a presença em indústrias e menor a participação na expansão e nas reformas urbanas, a exemplo de Aracaju; exceções foram o mausoléu a Joaquim Nabuco, executado por Giovanni Nicolini (1910), e o Palácio de Justiça, em estilo renascentista, de Giacomo Palumbo (1930). No plano artístico, também é preciso destacar a presença do pintor Murillo La Greca, nascido em 1899, caçula dos doze filhos do casal de imigrantes Vincenzo La Greca e Teresa Carlomagno, provenientes de diferentes lugares dos confins calabro-lucanos.
Tendo herdado juntamente com os irmãos a usina açucareira de Palmares, perto de Recife, o jovem La Greca realizará sua formação artística baseada nos indiscutíveis cânones clássicos, inicialmente no Rio de Janeiro e depois em Roma, onde aprendeu a técnica do afresco. Retornando para sempre ao Brasil às vésperas da Segunda Guerra Mundial, é contratado para pintar os afrescos da Basílica de Nossa Senhora da Penha, em Recife, construída em 1870 nos moldes arquitetônicos de Palladio. Enfim, do ponto de vista quantitativo, a presença italiana em Recife é a mais consistente de todo o nordeste. Tanto é que, ainda hoje, ali residem cerca de dois mil cidadãos italianos, além de dezenas de milhares de descendentes. Ao contrário, no estado limítrofe da Paraíba, encontram-se arquitetos e construtores italianos que permitem imaginar uma situação semelhante àquela encontrada em Aracaju, onde se destaca o aspecto qualitativo.
“Os imigrantes de Recife têm a mesma origem geográfica dos italianos de Salvador e de Aracaju. Muitos desses imigrantes chegam da pequena Trecchina e de outros 'paesi' da Basilicata. Também a composição social e os percursos de integração são semelhantes: 20 trata-se de artesãos e de pequenos comerciantes que, com freqüência, começaram como empregados em oficinas e pequenas lojas, ou como mascates na zona rural. Foram inicialmente financiados pelos conterrâneos que lhes precederam e que os convidaram a emigrar.
Numerosos eram os artesãos especializados no trabalho com metais, como caldeireiros, funileiros, fundidores, chamados a partir da multiplicação das usinas de açúcar; muitos também eram alfaiates e sapateiros; e não poucos foram aqueles que se tornaram industriais: no início da década de 1930 encontra-se uma fábrica di licores e de gasosas, uma indústria de tecidos, a fundição ‘Vesúvio’, outras indústrias metalúrgicas e de calçados.
Mais do que em outras cidades, parece que no Recife houve uma relação estreita entre ofícios artesanais e atividades industriais, sendo freqüente a passagem de uns às outras. Em suma, a capital pernambucana confirma as características fundamentais da presença italiana em todo o nordeste. Entretanto, talvez fosse mais acentuada a presença em indústrias e menor a participação na expansão e nas reformas urbanas, a exemplo de Aracaju; exceções foram o mausoléu a Joaquim Nabuco, executado por Giovanni Nicolini (1910), e o Palácio de Justiça, em estilo renascentista, de Giacomo Palumbo (1930). No plano artístico, também é preciso destacar a presença do pintor Murillo La Greca, nascido em 1899, caçula dos doze filhos do casal de imigrantes Vincenzo La Greca e Teresa Carlomagno, provenientes de diferentes lugares dos confins calabro-lucanos.
Tendo herdado juntamente com os irmãos a usina açucareira de Palmares, perto de Recife, o jovem La Greca realizará sua formação artística baseada nos indiscutíveis cânones clássicos, inicialmente no Rio de Janeiro e depois em Roma, onde aprendeu a técnica do afresco. Retornando para sempre ao Brasil às vésperas da Segunda Guerra Mundial, é contratado para pintar os afrescos da Basílica de Nossa Senhora da Penha, em Recife, construída em 1870 nos moldes arquitetônicos de Palladio. Enfim, do ponto de vista quantitativo, a presença italiana em Recife é a mais consistente de todo o nordeste. Tanto é que, ainda hoje, ali residem cerca de dois mil cidadãos italianos, além de dezenas de milhares de descendentes. Ao contrário, no estado limítrofe da Paraíba, encontram-se arquitetos e construtores italianos que permitem imaginar uma situação semelhante àquela encontrada em Aracaju, onde se destaca o aspecto qualitativo.
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