sábado, 16 de janeiro de 2010

Oriundi (Cinema) - Primo Carbonari e o Cinejornal


Durante 45 anos, as salas de cinema em todo o Brasil antecederam a exibição do filme em cartaz com a exibição do Cinejornal, produzido pelo documentarista Primo Carbonari (1920-2006) filho de imigrantes italianos.

A pesquisadora Hilda de Alencar Gil descreve no site Ampla Visão, a carreira deste oriundo, conhecido de Norte a Sul do Brasil. A seguir, trechos do referido texto.

"Iniciou a carreira profissional como fotógrafo aos 12 anos de idade. Mais tarde, passou a fotografar casamentos, batizados e outras solenidades não-oficiais, tendo sido também fotógrafo de grande parte dos jornais da época" . ‘

"Na segunda metade dos anos 1930, ingressou no meio cinematográfico, trabalhando no laboratório da empresa Matarazzo, distribuidora de fitas estrangeiras. Depois, foi contratado pelo diretor técnico da produtora Companhia Americana de Filmes, Achilles Tartari, para ser assistente de Francisco Madrigano" .

“Segundo seu currículo, Carbonari trabalhou como técnico de fotografia na Cia. Cinematográfica Vera Cruz; como diretor de fotografia e documentarista na Campos Filmes; como diretor de fotografia na Atlântida Filmes, e como diretor de fotografia e documentarista no Departamento de Imprensa e Propaganda – DIP".

"Com o decreto federal nº 21.240 de 1932 – que entraria em vigor apenas em 1934–, tornou-se obrigatória a exibição de um curta-metragem nacional antes da projeção de longa-metragem estrangeiro, o que beneficiou bastante a indústria do cinejornal.”

“O cinejornal foi o fio condutor de todo o trabalho de Primo, que explorava assuntos variados como a divulgação de banquetes, casamentos, aniversários, empresas, feiras industriais, exposições de artes plásticas; realizações dos governos federal, estadual e municipal; aspectos das indústrias de mineração, energia, exportação, telefonia, transporte, entre outros. Na opinião de Carbonari, os ingredientes técnicos para fazer um bom cinejornal eram: uma boa cópia (de exibição), um bom locutor e poucas laudas de texto que sintetizem o acontecimento e indiquem o que representa para o grande público“ .

“Em 1955, Carbonari fundou a Primo Carbonari Produções Cinematográficas, segundo ele para dar um nome aos cinejornais, mostrando que havia uma pessoa responsável pelo que era exibido na tela. De 1964 até o final dos anos 1970, Carbonari dominou o mercado paulista de complementos cinematográficos, dedicando-se principalmente aos cinejornais, sendo considerado o mais importante produtor do gênero no Estado de São Paulo“.

 “Mesmo tendo nos cinejornais sua principal atividade, Carbonari produziu também curtas-metragens, entre eles: Luz e fé, D. Pedro I: 150 anos depois, O trabalho das abelhas, Bandeirantes do século XX, O vôo do silêncio, ...E os tempos passaram e Titãs da pintura, filmes esses realizados entre 1966 e 1975 e candidatos aos certificados de Categoria Especial e de Boa Qualidade". “Nos anos 1980, fatores como a universalização da televisão, a constituição de formas mais baratas e eficientes de autopromoção por parte dos setores da elite que utilizavam o cinejornal e, no final da década, o descumprimento freqüente da lei de obrigatoriedade de exibição do curta-metragem, tornaram difícil a situação da produtora de Carbonari. A medida provisória nº 151, assinada em 1990 pelo presidente Fernando Collor de Mello, extinguiu entidades federais ligadas ao cinema, como a Fundação do Cinema Brasileiro – FCB e a Distribuidora de Filmes S.A. – Embrafilme, o que acarretou uma crise gravíssima na atividade cinematográfica brasileira“

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