sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Italianità – A construção da identidade ítalo-gaúcha


A construção da italianidade no Rio Grande do Sul é tema de diversos trabalhos acadêmicos, alguns disponíveis na internet. Um desses estudos tem como título Ítalo-brasilianidade gaúcha como estilo de vida ,  assinado pelas antropólogas Maria Catarina Chitolina Zanini (Universidade Federal de Santa Maria) e e Miriam de Oliveira Santos (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro). O artigo go, segundo as autoras tem por objetivo efetuar reflexões acerca de algumas características especificas (similares ou não) encontradas “nas dinâmicas dos processos de construções identitárias dos sujeitos denominados de ítalo-gaúchos no Rio Grande do Sul.

O texto lembra “que muitos dos descendentes que reivindicam a identidade ítalo-gaúcha hoje, fazem-no por acreditar que esta identidade lhes agrega valor e contribui para a sua diferenciação social. Ser ítalo-gaúcho, é mais valorizado do que ser simplesmente, brasileiro. É interessante observar que a identidade reivindicada seja hifenizada pelo regional e não pelo nacional”

“(...)Salientando-se italianos e gaúchos ao mesmo tempo, alguns descendentes queriam afirmar seu pertencimento à terra na qual nasceram, o Rio Grande do Sul, que denomina seus nativos de gaúchos e outros almejavam mais do que isto. Ao se afirmarem e reivindicarem uma ítalo-gauchidade, assinalavam o quanto eram apegados e respeitosos a determinados valores e gostos tidos como tradicionais (expressos por meio da socialização, do movimento tradicionalista gaúcho e pela mídia de um modo geral)”

“(...)Entre as virtudes pelas quais é construída a figura do gaúcho no presente estariam a valentia, a coragem, a honestidade, a virilidade, a alegria, a hospitalidade, o amor à liberdade e ao galanteio"

"(...) Embora possa ser polêmica e contraditória, a figura do gaúcho é de uma grande força, ela permite a identificação  Na construção de uma italianidade positivada, a alegria, a coragem, a honestidade e a hospitalidade também se mostram elementos de adscrição. Os ítalo-gaúchos talvez elencassem além destes atributos, o gosto pelo trabalho e pela família como elementos constitutivos de seus mundos também. Estas construções fariam parte tanto do universo feminino como masculino e intrageracional também”.

“(...)Tanto o colono italiano quanto o gaúcho como tipo social de homem do campo existem na atualidade, mas o que deve ser ressaltado é que “enquanto figuras emblemáticas, o gaúcho valente e livre assim como o colono tenaz e trabalhador representam valores caros às populações envolvidas” .

“(...) É importante ressaltar que ambas as identificações tem consigo um forte apelo emocional. Baseados na crença da origem comum seja a italiana ou a de gaúchos, estes indivíduos contemporâneos acionam um sem número de repertórios de formas de ser condizentes com o estilo de vida que agrega tais atributos, sem contradições. Um dos elementos mais presentes neste processo estetizador discursivo é a presença do mundo rural, seja narrado em causos, contos, poemas, músicas e toda uma produção que está presente tanto na literatura produzida por descendentes de imigrantes italianos bem como na literatura regional do Rio Grande do Sul.Os ítalo-gaúchos que assim de definem tem um gosto particular pela vida no campo. Mesmo estando em cidades ou não fazendo parte do mundo rural, as narrativas da ancestralidade, dos pioneiros colonizadores remetem ao mundo no qual cultura e natureza dialogavam, conflitavam-se e se domesticavam. O mundo das matas virgens, das feras, da construção das primeiras picadas e estradas, das casas, do mundo da colônia enfim, cruza-se com o mundo rural ideal da gauchidade: homem, cavalo, liberdade, ação, coragem. Ou seja, atributos em negociação que remetem a uma estirpe de força e vigor".

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