Candido Portinari nasceu no dia 30 de dezembro de 1903, numa fazenda de café em Brodoswki, no Estado de ão Paulo. Filho de imigrantes italianos (Domenica Torquato e Baptista Portinari – ambos imigrantes oriundos da Região Veneto) -, de origem humilde, recebeu apenas a instrução primária de desde criança manifestou sua vocação artística. Aos quinze anos de idade foi para o Rio de Janeiro em busca de um aprendizado mais sistemático em pintura, matriculando-se na Escola Nacional de Belas Artes.
Em 1928 conquista o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro da Exposição Geral de Belas-Artes, de tradição acadêmica. Vai para Paris, onde permanece durante todo o ano de 1930.
Longe de sua pátria, saudoso de sua gente, Portinari decide, ao voltar para o Brasil em 1931, retratar nas suas telas o povo brasileiro , superando aos poucos sua formação acadêmica e fundindo a ciência antiga da pintura a uma personalidade experimentalista a anti-acadêmica moderna.
Em 1935 obtém seu primeiro reconhecimento no exterior, a Segunda menção honrosa na exposição internacional do Carnegie Institute de Pittsburgh, Estados Unidos, com uma tela de grandes proporções intitulada CAFÉ, retratando uma cena de colheita típica de sua região de origem.
A inclinação muralista de Portinari revela-se com vigor nos painéis executados no Monumento Rodoviário na estrada Rio de Janeiro-São Paulo, em 1936, e nos afrescos do novo edifício do Ministério da Educação e Saúde, realizados entre 1936 e 1944. Estes trabalhos, como conjunto e como concepção artística, representam um marco na evolução da arte de Portinari, afirmando a opção pela temática social, que será o fio condutor de toda a sua obra a partir de então.
Companheiro de poetas, escritores, jornalistas, diplomatas, Portinari participa da elite intelectual brasileira numa época em que se verificava uma notável mudança da atitude estética e na cultura do país.
No final da década de trinta consolida-se a projeção de Portinari nos Estados Unidos. Em 1939 executa três grandes painéis para o pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York.
Neste mesmo ano o Museu de Arte Moderna de Nova York adquire sua tela O MORRO. Em 1940, participa de uma mostra de arte latino-americana no Riverside Museum de Nova York e expõe individualmente no Instituto do Artes de Detroit e no Museu de Arte Moderna de Nova York, com grande sucesso de crítica, venda e público.
Um blog para difundir e aprofundar temas da presença italiana no Brasil, bem como valorizar o Made in Italy. Um espaço para troca de informações e conhecimento, compartilhando raízes comuns da italianidade que carregamos no sangue e na alma. A italianidade engloba a questão das nossas raízes italianas e também reserva um olhar para a linha do tempo, nela buscando e resgatando uma galeria de personagens famosos ou anônimos que, de alguma forma, inseriram seus nomes na História do Brasil.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
Italianità: o legado da imigração em Varre-Sai, município do Rio de Janeiro
A Microbacia Ribeirão do Varre-Sai está localizada no município de Varre-Sai, Noroeste do Estado do Rio de Janeiro (foto/www.skyscrapercity.com) O lugar se desenvolveu tendo como base o plantio de café. No fim do século XIX com a abolição da escravatura, as fazendas ficaram carentes de mão de obra. Em 1897 chegaram os imigrantes italianos, principalmente nas fazendas do Cigarro e Bela Vista.
Tais fazendas absorveram a mão de obra italiana e as famílias trabalharam muitos anos como colonos, até adquirir recursos para comprar suas próprias terras.
Muitos italianos adquiriram suas terras em Varre-Sai atraídos pelo clima de baixas temperaturas semelhante à Itália. Eles mantinham o hábito de produzir suas próprias massas, pães e bolos. Porém, poucos eram os que conseguiam plantar uva para a fabricação do vinho. Diversas frutas foram testadas para substituir a uva, na fabricação do vinho, até chegarem na jabuticaba, uma fruta nativa. Vários experimentos foram feitos e aperfeiçoados, até conseguirem fabricar o tão famoso e prestigiado vinho de jabuticaba.
O município tem em seus registros uma predominância de descendentes italianos, em menor número de portugueses, seguido de afro-descendentes, alguns poucos sírio-libaneses e os descendentes de puri (índios). Apesar de outras influências, a identidade local é totalmente italiana.
Os italianos chegaram juntos e criaram grupos com valores em comum e vieram por vontade própria. Sempre se preocupavam em manter as tradições e a união, os festejos e até a documentação de sua história. Na Casa de Cultura da cidade há um pouco da história destes imigrantes, que em sua maioria veio da região central da Itália - Toscana, Lazio e Úmbria e de lá embarcaram nos navios Andes, Colombo e Attivitá. As famílias que vieram no vapor Attivitá embarcaram em Gênova, e desembarcaram no porto do Rio de Janeiro em 14/11/1897.
Um grande contingente de italianos que chegou no Estado se fixou no noroeste fluminense na fazenda Bela Vista, no município de Natividade, e posteriormente transferiram-se para Varre-Sai. A fabricação de vinho de jabuticaba atingiu um alto grau de aceitação que deu origem ao tradicional Festival do Vinho, que ocorre todos os anos no mês de julho, para comemorar a chegada das famílias italianas.
Nesta festa ocorrem desfiles em carros abertos, pertencentes aos descendentes que homenageiam as suas respectivas famílias, com comidas típicas, vestimentas e danças tradicionais. Quanto à alimentação não deixam a desejar na fabricação de pães, panetones, macarrão italiano e diversas massas, hábitos estes não apenas dos descendentes, mas generalizado entre os varresaenses.
É fundamental destacar como aspecto cultural a religiosidade existente entre os imigrantes italianos e seus descendentes. Entre as muitas igrejas no município, é possível perceber que elas se localizam em lugares altos, ostentando sua soberania. Varre-Sai é um município que preserva sua cultura. A história, a memória, a cultura e a tradição local são contadas por adultos e por crianças em todas as esferas da sociedade. As crianças aprendem na escola (livros didáticos) a sua história e tradição, desde a administração local, à chegada de cada imigrante, e tudo isso é comemorado.
Tais fazendas absorveram a mão de obra italiana e as famílias trabalharam muitos anos como colonos, até adquirir recursos para comprar suas próprias terras.
Muitos italianos adquiriram suas terras em Varre-Sai atraídos pelo clima de baixas temperaturas semelhante à Itália. Eles mantinham o hábito de produzir suas próprias massas, pães e bolos. Porém, poucos eram os que conseguiam plantar uva para a fabricação do vinho. Diversas frutas foram testadas para substituir a uva, na fabricação do vinho, até chegarem na jabuticaba, uma fruta nativa. Vários experimentos foram feitos e aperfeiçoados, até conseguirem fabricar o tão famoso e prestigiado vinho de jabuticaba.
O município tem em seus registros uma predominância de descendentes italianos, em menor número de portugueses, seguido de afro-descendentes, alguns poucos sírio-libaneses e os descendentes de puri (índios). Apesar de outras influências, a identidade local é totalmente italiana.
Os italianos chegaram juntos e criaram grupos com valores em comum e vieram por vontade própria. Sempre se preocupavam em manter as tradições e a união, os festejos e até a documentação de sua história. Na Casa de Cultura da cidade há um pouco da história destes imigrantes, que em sua maioria veio da região central da Itália - Toscana, Lazio e Úmbria e de lá embarcaram nos navios Andes, Colombo e Attivitá. As famílias que vieram no vapor Attivitá embarcaram em Gênova, e desembarcaram no porto do Rio de Janeiro em 14/11/1897.
Um grande contingente de italianos que chegou no Estado se fixou no noroeste fluminense na fazenda Bela Vista, no município de Natividade, e posteriormente transferiram-se para Varre-Sai. A fabricação de vinho de jabuticaba atingiu um alto grau de aceitação que deu origem ao tradicional Festival do Vinho, que ocorre todos os anos no mês de julho, para comemorar a chegada das famílias italianas.
Nesta festa ocorrem desfiles em carros abertos, pertencentes aos descendentes que homenageiam as suas respectivas famílias, com comidas típicas, vestimentas e danças tradicionais. Quanto à alimentação não deixam a desejar na fabricação de pães, panetones, macarrão italiano e diversas massas, hábitos estes não apenas dos descendentes, mas generalizado entre os varresaenses.
É fundamental destacar como aspecto cultural a religiosidade existente entre os imigrantes italianos e seus descendentes. Entre as muitas igrejas no município, é possível perceber que elas se localizam em lugares altos, ostentando sua soberania. Varre-Sai é um município que preserva sua cultura. A história, a memória, a cultura e a tradição local são contadas por adultos e por crianças em todas as esferas da sociedade. As crianças aprendem na escola (livros didáticos) a sua história e tradição, desde a administração local, à chegada de cada imigrante, e tudo isso é comemorado.
História (76 ): 'Far l'America (44): lavoura de subsitência e laços afetivos no colonato na região Noroeste do Rio de Janeiro
No sistema de colonato da Fazenda na Região Noroeste do
Estado Rio de Janeiro, os imigrantes italianos plantavam para sua subssitência e procuravam manter-se próximos a seus conterrâneos. É o que mostra o trabalho Imigrante italiano na nova fronteira do café 1897-1930
, Rosane Aparecida Bartholazzi , da Faculdade Federal Fluminense,
"Ao colono, era permitido plantar lavoura de subsistência: uma outra fonte de renda importante. Paralela à produção de café, esses colonos cultivavam o milho e o feijão. A produção paralela era permitida sem que fosse necessário dividir a metade com os proprietários. Por ser uma área de expansão do café, o plantio entre os cafezais novos permitiu aos italianos vantagens, pois ao mesmo tempo em que cuidava do café, poderia cultivar outros produtos sem perda de tempo"
"Os colonos procuravam fixar-se junto a seus conterrâneos de modo a se sentirem psicologicamente confiantes. A união e a ajuda mútua se fizeram presentes; dessa forma, sentiam mais segurança para seguir em frente. Podemos concluir que esta também foi uma das estratégias utilizadas na luta pela sobrevivência para aumentar os seus rendimentos. A necessidade do estreitamento dos laços familiares contribuía para aumentar os ganhos.
A família unida trabalhava com um único objetivo: comprar um lote de terra, por isso os membros não se dispersavam. Ter terra significava ter liberdade, significava a realização de um sonho que na Itália foi interrompido com o avanço do capitalismo no campo e conseqüentemente a desagregação da unidade familiar. Portanto, era aqui que os italianos sentiram a possibilidade de se transformarem em proprietários rurais. Para isso, não pouparam esforços no sentido de acumular certo capital que lhes favorecessem o acesso à terra"
"Ao colono, era permitido plantar lavoura de subsistência: uma outra fonte de renda importante. Paralela à produção de café, esses colonos cultivavam o milho e o feijão. A produção paralela era permitida sem que fosse necessário dividir a metade com os proprietários. Por ser uma área de expansão do café, o plantio entre os cafezais novos permitiu aos italianos vantagens, pois ao mesmo tempo em que cuidava do café, poderia cultivar outros produtos sem perda de tempo"
"Os colonos procuravam fixar-se junto a seus conterrâneos de modo a se sentirem psicologicamente confiantes. A união e a ajuda mútua se fizeram presentes; dessa forma, sentiam mais segurança para seguir em frente. Podemos concluir que esta também foi uma das estratégias utilizadas na luta pela sobrevivência para aumentar os seus rendimentos. A necessidade do estreitamento dos laços familiares contribuía para aumentar os ganhos.
A família unida trabalhava com um único objetivo: comprar um lote de terra, por isso os membros não se dispersavam. Ter terra significava ter liberdade, significava a realização de um sonho que na Itália foi interrompido com o avanço do capitalismo no campo e conseqüentemente a desagregação da unidade familiar. Portanto, era aqui que os italianos sentiram a possibilidade de se transformarem em proprietários rurais. Para isso, não pouparam esforços no sentido de acumular certo capital que lhes favorecessem o acesso à terra"
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
História (75 ): 'Far l'America (43): imigração e colonato no Estado do Rio de Janeiro
No trabalho Imigrante italiano na nova fronteira do café 1897-1930 , Rosane Aparecida Bartholazzi , da Faculdade Federal Fluminense, dá detalhes do sistema de colonato numa fazenda na Região Noroeste do Estado Rio de Janeiro.
"A fazenda Bela Vista serviu de núcleo para estas famílias. Instalaram-se em uma área da fazenda denominada Paraíso, já com casas para abrigá-los. Não encontramos contrato de trabalho nesta fazenda, mas ao analisarmos o registro contábil feito pelos proprietários, depois da chegada do imigrante, com todas as despesas e resultados, no período de Fevereiro de 1898 a Maio de 1899, constatamos que relações de trabalho diversas existiram entre fazendeiro, imigrantes e camaradas".
"O sistema de colonato, no Brasil, se tornara padrão na maioria das fazendas cafeeiras. No entanto, na Fazenda Bela Vista um sistema misto de trabalho foi encontrado nos registros. Trata-se de uma relação de trabalho que não podemos classificar puramente como parceria nem como colonato. Podemos incluir o colono nos dois sistemas funcionando simultaneamente na fazenda. O balanço ora analisado se refere ao ano de 1898. Portanto, no ano em que eles se instalaram na fazenda (1897), já encontraram lavoura cafeeira em formação. A fazenda, por ser de propriedade de dois irmãos, foi dividida em duas zonas onde a sede localizava-se em Bela Vista, e é aí que concentrava a maior parte dos camaradas"
"Semanalmente, pagamentos eram destinados a camaradas e italianos, como consta no registro da fazenda. Não encontramos especificado o tipo de trabalho feito. Supomos que seja pelo trato do cafezal, já que a colheita foi efetuada em abril de 1899, um ano e dois meses após o primeiro mês do balanço. Diferentemente das relações de trabalho estabelecidas nas fazendas cafeicultoras, onde no regime de colonato o trabalhador recebia uma quantia fixa pelo número de pés de café cuidado, na Bela Vista, após a colheita, os italianos receberam em dinheiro o equivalente à metade da lavoura cultivada por eles".
"Consta nos registros da fazenda uma lista de italianos que receberam a metade por parte do café colhido. Acrescentamos que a quantia paga aos italianos foi efetuada no mesmo dia em que o café foi vendido pelos fazendeiros. Dentre tantos outros italianos, constava nas despesas da fazenda: '84 arrobas e quatro quilos de café de Aroldo Panni, sua metade no valor de 640$000'. Verificamos que a quantia maior recebida pelos italianos nessa parceria foi de 1:109$600 por 146 arrobas de café. Indiscutivelmente, nesse aspecto os italianos obtinham melhores vantagens que os camaradas. Com estes não era estabelecida parceria no café".
"A fazenda Bela Vista serviu de núcleo para estas famílias. Instalaram-se em uma área da fazenda denominada Paraíso, já com casas para abrigá-los. Não encontramos contrato de trabalho nesta fazenda, mas ao analisarmos o registro contábil feito pelos proprietários, depois da chegada do imigrante, com todas as despesas e resultados, no período de Fevereiro de 1898 a Maio de 1899, constatamos que relações de trabalho diversas existiram entre fazendeiro, imigrantes e camaradas".
"O sistema de colonato, no Brasil, se tornara padrão na maioria das fazendas cafeeiras. No entanto, na Fazenda Bela Vista um sistema misto de trabalho foi encontrado nos registros. Trata-se de uma relação de trabalho que não podemos classificar puramente como parceria nem como colonato. Podemos incluir o colono nos dois sistemas funcionando simultaneamente na fazenda. O balanço ora analisado se refere ao ano de 1898. Portanto, no ano em que eles se instalaram na fazenda (1897), já encontraram lavoura cafeeira em formação. A fazenda, por ser de propriedade de dois irmãos, foi dividida em duas zonas onde a sede localizava-se em Bela Vista, e é aí que concentrava a maior parte dos camaradas"
"Semanalmente, pagamentos eram destinados a camaradas e italianos, como consta no registro da fazenda. Não encontramos especificado o tipo de trabalho feito. Supomos que seja pelo trato do cafezal, já que a colheita foi efetuada em abril de 1899, um ano e dois meses após o primeiro mês do balanço. Diferentemente das relações de trabalho estabelecidas nas fazendas cafeicultoras, onde no regime de colonato o trabalhador recebia uma quantia fixa pelo número de pés de café cuidado, na Bela Vista, após a colheita, os italianos receberam em dinheiro o equivalente à metade da lavoura cultivada por eles".
"Consta nos registros da fazenda uma lista de italianos que receberam a metade por parte do café colhido. Acrescentamos que a quantia paga aos italianos foi efetuada no mesmo dia em que o café foi vendido pelos fazendeiros. Dentre tantos outros italianos, constava nas despesas da fazenda: '84 arrobas e quatro quilos de café de Aroldo Panni, sua metade no valor de 640$000'. Verificamos que a quantia maior recebida pelos italianos nessa parceria foi de 1:109$600 por 146 arrobas de café. Indiscutivelmente, nesse aspecto os italianos obtinham melhores vantagens que os camaradas. Com estes não era estabelecida parceria no café".
História (74 ) - "Far l´America" (42 ): os primeiros imigrantes nos cafezais do Rio de Janeiro
Rosane Aparecida Bartholazzi , da Faculdade Federal Fluminense, é autora do trabalho Imigrante italiano na nova fronteira do café 1897-1930 , um retrato da imigração na região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro.
“A cultura cafeeira que chega ao noroeste fluminense, especialmente em Varre-Sai nas primeiras décadas do século XIX, vai atingir seu apogeu no início do século seguinte, após a consolidação do povoamento e ocupação da terra. Tal processo ocorre particularmente a partir da instalação dos italianos, como colonos, nas fazendas cafeeiras por volta de 1897”.
“A fazenda localiza-se numa região limítrofe com Minas Gerais e Espírito Santo, no distrito de Natividade, fazendo fronteira com o distrito de Varre-Sai, pertencente ao município de Itaperuna2. Está situada numa área conhecida hoje como Noroeste Fluminense, no estado do Rio de Janeiro. Esta região constituiu-se como um grande centro cafeicultor no final do século XIX, permanecendo até os dias atuais com a produção da cultura cafeeira, principalmente, no município de Varre-Sai” “Num período em que o café despontava no município de Itaperuna, a fazenda Bela Vista foi adquirida pela família Rodrigues França, por 66 contos de réis, em 23 de abril de 18923, constituída de 364 alqueires mineiros, ou seja, 1.747 hectares de área, formadas geograficamente de montanhas e cobertas de matas virgens. Com infra-estrutura para a ampliação dos negócios da fazenda e principalmente, com a expansão da cafeicultura, foi inserido na estrutura produtiva desta fazenda o trabalhador europeu. Aproximadamente 40 (quarenta) famílias fizeram parte do contingente de mão-de-obra na Bela Vista no final de século XIX”
“Em 1896, inicia-se a chegada das primeiras famílias italianas em Varre-Sai, mas, a maior parte chegou em 1897. Não temos informações sobre a origem de todas as famílias que desembarcaram nessa época, mas constatamos que a maior parte veio da região central da Itália, das localidades de Toscana, Lazio e Úmbria. Nos navios Andes, Colombo e Attivitá é que estes italianos, em sua maioria camponeses, atravessaram o Atlântico carregando o sonho de uma vida melhor. As famílias que vieram no vapor Attivitá embarcaram em Gênova e desembarcaram no porto do Rio de Janeiro em 14 de novembro de 1897”.
“Dentre os cognomes italianos que chegaram na região, citamos: Boni, Bertolini, Bianconi, Bandoli, Balducci,, Demartini, Cagnaci, Capacia, Celebrini, Calidoni, Constantino, Esposti, Fratejani, Fabri, Frangilli, Ferrari, Fitaroni,Frangilo, Faloti, Giovanninni, Gorini, Gentil, Grillo, Gallo, Mantence, Mugnari, Muruci, Martelini, Mazelli, Paolante, Potente, Pulitini, Purificati, Pizano, Pani, Polastreli, Pirozzi, Pelegrini,, Possodeli, Pavanelle, Privato, Riguetti, Ridolfhi, Tupini, Vioti, Spalla , Zambroti e outros”.
“A cultura cafeeira que chega ao noroeste fluminense, especialmente em Varre-Sai nas primeiras décadas do século XIX, vai atingir seu apogeu no início do século seguinte, após a consolidação do povoamento e ocupação da terra. Tal processo ocorre particularmente a partir da instalação dos italianos, como colonos, nas fazendas cafeeiras por volta de 1897”.
“A fazenda localiza-se numa região limítrofe com Minas Gerais e Espírito Santo, no distrito de Natividade, fazendo fronteira com o distrito de Varre-Sai, pertencente ao município de Itaperuna2. Está situada numa área conhecida hoje como Noroeste Fluminense, no estado do Rio de Janeiro. Esta região constituiu-se como um grande centro cafeicultor no final do século XIX, permanecendo até os dias atuais com a produção da cultura cafeeira, principalmente, no município de Varre-Sai” “Num período em que o café despontava no município de Itaperuna, a fazenda Bela Vista foi adquirida pela família Rodrigues França, por 66 contos de réis, em 23 de abril de 18923, constituída de 364 alqueires mineiros, ou seja, 1.747 hectares de área, formadas geograficamente de montanhas e cobertas de matas virgens. Com infra-estrutura para a ampliação dos negócios da fazenda e principalmente, com a expansão da cafeicultura, foi inserido na estrutura produtiva desta fazenda o trabalhador europeu. Aproximadamente 40 (quarenta) famílias fizeram parte do contingente de mão-de-obra na Bela Vista no final de século XIX”
“Em 1896, inicia-se a chegada das primeiras famílias italianas em Varre-Sai, mas, a maior parte chegou em 1897. Não temos informações sobre a origem de todas as famílias que desembarcaram nessa época, mas constatamos que a maior parte veio da região central da Itália, das localidades de Toscana, Lazio e Úmbria. Nos navios Andes, Colombo e Attivitá é que estes italianos, em sua maioria camponeses, atravessaram o Atlântico carregando o sonho de uma vida melhor. As famílias que vieram no vapor Attivitá embarcaram em Gênova e desembarcaram no porto do Rio de Janeiro em 14 de novembro de 1897”.
“Dentre os cognomes italianos que chegaram na região, citamos: Boni, Bertolini, Bianconi, Bandoli, Balducci,, Demartini, Cagnaci, Capacia, Celebrini, Calidoni, Constantino, Esposti, Fratejani, Fabri, Frangilli, Ferrari, Fitaroni,Frangilo, Faloti, Giovanninni, Gorini, Gentil, Grillo, Gallo, Mantence, Mugnari, Muruci, Martelini, Mazelli, Paolante, Potente, Pulitini, Purificati, Pizano, Pani, Polastreli, Pirozzi, Pelegrini,, Possodeli, Pavanelle, Privato, Riguetti, Ridolfhi, Tupini, Vioti, Spalla , Zambroti e outros”.
Oriundi - Sangue italiano nas veias do Modernismo brasileiro: Brecheret e o Monumento ao Duque de Caxias
Outra obra de grande porte de Victor Brechret em São Paulo é o Monumento ao Duque de Caxias (Luis Alves de Lima e Silva, patrono do Exército Brasileiro).
Em 1939, por iniciativa da 2ª Região Militar, representada pelo General Maurício Cardoso, lançou-se a idéia de construir um monumento em homenagem ao Duque de Caxias.
. A "Comissão Pró-Monumento a Caxias" foi nomeada com a atribuição de organizar um concurso público internacional de projetos. Entre seus integrantes, destacavam-se o Interventor Federal em São Paulo Adhemar de Barros, o Arcebispo de São Paulo Dom José Gaspar de Afonseca e Silva, os Generais Mauricio Cardoso e Edgar de Oliveira, e o Prefeito Francisco Prestes Maia.
O projeto de Brecheret foi o escolhido. Dado o sentido patriótico e militar que se queria dar à homenagem, o escultor procurou não fazer inovações. Trabalhou com idéias clássicas, resultando numa estátua eqüestre e militar. A Comissão Pró-Monumento a Caxias e Brecheret firmaram contrato em 1942, prevendo a implantação do Monumento ao Duque de Caxias no largo do Paiçandu.
Contudo, no ano seguinte, a Comissão transferiu à Prefeitura os direitos e obrigações relativos à construção do monumento, bem como o dinheiro que já arrecadara. A partir de então, a Prefeitura passou a dialogar diretamente com o escultor, que logo finalizou o modelo em gesso, inclusive os relevos do pedestal. A Oficina de Cantaria A. Incerpi & Cia foi contratada para executar o pedestal em pedras lisas de granito cinza Mauá, acabadas a picola fina, retangulares, e esculturas do mesmo material. Ainda em 1943, a prefeitura abriu um crédito especial para as despesas com a construção do Monumento. Brecheret terminou os modelos e os entregou à Prefeitura, oficialmente, em 1945.
A partir de então, os trabalhos se tornaram lentos. O largo do Paiçandu, pensado inicialmente para a implantação do monumento, tornou-se inviável dado às dimensões avantajadas do projeto de Brecheret. Um novo local precisava ser definido. Somente no final de 1948, optou-se pela praça Princesa Isabel, junto à avenida Duque de Caxias. No mesmo ano, a prefeitura assinou contrato com o Liceu de Artes e Ofícios para a fundição e a montagem da estátua de bronze - Caxias sobre um cavalo -, que ocuparia o alto do pedestal.
A fundição foi executada entre 1948 e 1952, nas oficinas do Liceu. Para comemorar o andamento dos trabalhos, o Governador de São Paulo, Adhemar de Barros, e outras autoridades participaram de um almoço servido no interior da barriga do cavalo para cinqüenta convidados sentados e vinte em pé, em 1950. A prefeitura assinou contrato com a firma Zarzur & Kogan em 1953, para a conclusão do monumento, incluindo a construção do pedestal, seu revestimento com as peças de granito e a colocação da estátua de bronze no topo.
Entre 1956 e 1958, os trabalhos foram interrompidos, devido à falta de recursos. Uma estrutura metálica foi especialmente construída para a montagem do monumento em praça pública, que, depois de desmontada, foi utilizada pelo Liceu de Artes e Ofícios na construção de um prédio de três andares, na rua da Cantareira, onde foram instaladas salas de aula e oficinas.
Finalmente, o Monumento ao Duque de Caxias foi inaugurado no dia 25 de agosto de 1960, Dia do Soldado, às 16 horas. Ao ato, estiveram presentes o Ministro da Guerra, Marechal Odílio Denys, o então Prefeito Adhemar de Barros, o secretariado municipal, autoridades civis e militares. Vinte e duas palmeiras foram plantadas na praça Princesa Isabel, simbolizando os Estados do Brasil.
O monumento tem mais de 40 metros de altura, sendo quase 16 metros de estátua e cerca de 25 metros de pedestal, decorado com alto-relevos que retratam as participações de Caxias em campanhas militares: "Caxias em Bagé", "Reconhecimento de Humaitá", "Batalha de Itororó", "Enterro de Caxias". Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias (Porto de Estrela, atual Duque de Caxias, RJ, 25.8.1803 - Rio de Janeiro, 7.5.1880), foi representado sobre um cavalo, empunhando uma espada.
Caxias destacou-se em várias campanhas do Exército Imperial, como na dissolução da Balaiada no Maranhão, na Guerra dos Farrapos no Rio Grande do Sul, e na Guerra do Paraguai. Ocupou os cargos de Ministro da Guerra e Marechal do Exército. No dia 15 de agosto de 1991, o monumento foi danificado pela explosão de uma bomba. Parte do grupo escultórico que retrata a Batalha de Itororó foi atingido. A ação teria sido executada por um soldado, em protesto contra os baixos soldos dos militares. O Exército manifestou sua indignação e considerou a explosão como um ato de vandalismo, que resultou em prejuízo ao patrimônio público.
. A "Comissão Pró-Monumento a Caxias" foi nomeada com a atribuição de organizar um concurso público internacional de projetos. Entre seus integrantes, destacavam-se o Interventor Federal em São Paulo Adhemar de Barros, o Arcebispo de São Paulo Dom José Gaspar de Afonseca e Silva, os Generais Mauricio Cardoso e Edgar de Oliveira, e o Prefeito Francisco Prestes Maia.
O projeto de Brecheret foi o escolhido. Dado o sentido patriótico e militar que se queria dar à homenagem, o escultor procurou não fazer inovações. Trabalhou com idéias clássicas, resultando numa estátua eqüestre e militar. A Comissão Pró-Monumento a Caxias e Brecheret firmaram contrato em 1942, prevendo a implantação do Monumento ao Duque de Caxias no largo do Paiçandu.
Contudo, no ano seguinte, a Comissão transferiu à Prefeitura os direitos e obrigações relativos à construção do monumento, bem como o dinheiro que já arrecadara. A partir de então, a Prefeitura passou a dialogar diretamente com o escultor, que logo finalizou o modelo em gesso, inclusive os relevos do pedestal. A Oficina de Cantaria A. Incerpi & Cia foi contratada para executar o pedestal em pedras lisas de granito cinza Mauá, acabadas a picola fina, retangulares, e esculturas do mesmo material. Ainda em 1943, a prefeitura abriu um crédito especial para as despesas com a construção do Monumento. Brecheret terminou os modelos e os entregou à Prefeitura, oficialmente, em 1945.
A partir de então, os trabalhos se tornaram lentos. O largo do Paiçandu, pensado inicialmente para a implantação do monumento, tornou-se inviável dado às dimensões avantajadas do projeto de Brecheret. Um novo local precisava ser definido. Somente no final de 1948, optou-se pela praça Princesa Isabel, junto à avenida Duque de Caxias. No mesmo ano, a prefeitura assinou contrato com o Liceu de Artes e Ofícios para a fundição e a montagem da estátua de bronze - Caxias sobre um cavalo -, que ocuparia o alto do pedestal.
A fundição foi executada entre 1948 e 1952, nas oficinas do Liceu. Para comemorar o andamento dos trabalhos, o Governador de São Paulo, Adhemar de Barros, e outras autoridades participaram de um almoço servido no interior da barriga do cavalo para cinqüenta convidados sentados e vinte em pé, em 1950. A prefeitura assinou contrato com a firma Zarzur & Kogan em 1953, para a conclusão do monumento, incluindo a construção do pedestal, seu revestimento com as peças de granito e a colocação da estátua de bronze no topo.
Entre 1956 e 1958, os trabalhos foram interrompidos, devido à falta de recursos. Uma estrutura metálica foi especialmente construída para a montagem do monumento em praça pública, que, depois de desmontada, foi utilizada pelo Liceu de Artes e Ofícios na construção de um prédio de três andares, na rua da Cantareira, onde foram instaladas salas de aula e oficinas.
Finalmente, o Monumento ao Duque de Caxias foi inaugurado no dia 25 de agosto de 1960, Dia do Soldado, às 16 horas. Ao ato, estiveram presentes o Ministro da Guerra, Marechal Odílio Denys, o então Prefeito Adhemar de Barros, o secretariado municipal, autoridades civis e militares. Vinte e duas palmeiras foram plantadas na praça Princesa Isabel, simbolizando os Estados do Brasil.
O monumento tem mais de 40 metros de altura, sendo quase 16 metros de estátua e cerca de 25 metros de pedestal, decorado com alto-relevos que retratam as participações de Caxias em campanhas militares: "Caxias em Bagé", "Reconhecimento de Humaitá", "Batalha de Itororó", "Enterro de Caxias". Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias (Porto de Estrela, atual Duque de Caxias, RJ, 25.8.1803 - Rio de Janeiro, 7.5.1880), foi representado sobre um cavalo, empunhando uma espada.
Caxias destacou-se em várias campanhas do Exército Imperial, como na dissolução da Balaiada no Maranhão, na Guerra dos Farrapos no Rio Grande do Sul, e na Guerra do Paraguai. Ocupou os cargos de Ministro da Guerra e Marechal do Exército. No dia 15 de agosto de 1991, o monumento foi danificado pela explosão de uma bomba. Parte do grupo escultórico que retrata a Batalha de Itororó foi atingido. A ação teria sido executada por um soldado, em protesto contra os baixos soldos dos militares. O Exército manifestou sua indignação e considerou a explosão como um ato de vandalismo, que resultou em prejuízo ao patrimônio público.
Oriunidi - Sangue italiano nas veias do Modernismo brasileiro: Brecheret e o Monumento às Bandeiras
O Monumento às Bandeiras, de Victor Brecheret, implantado junto ao Parque Ibirapuera, em São Paulo, retrata índios, negros e brancos, integrantes das bandeiras sertanistas que, partindo de São Paulo no século XVII, desbravaram o interior do território brasileiro em busca de riquezas. Idealizado em 1920, o monumento foi inaugurado mais de trinta anos depois, em 1953.
Incorporado à paisagem paulistana, tornou-se um de seus mais expressivos símbolos. Brecheret propôs a construção de um monumento em homenagem às bandeiras, um tema com grande apelo histórico para os paulistas naqueles anos.
A escolha do tema partira do escritor Menotti del Picchia, que afirmava: "Os paulistas relembrariam os heróis de sua terra nas comemorações do Centenário da Independência.” Uma maquete foi exposta na Casa Byington, à rua XV de Novembro, mas não conseguiu atrair patrocínio oficial ou particular, apesar da presença do Presidente do Estado, Washington Luis, na cerimônia de abertura.
Em 1921, Brecheret foi estudar em Paris, com o patrocínio do Pensionato Artístico do Estado de São Paulo, onde entrou em contato com os mais eminentes escultores europeus, como Maillol e Henry Moore. Até 1936, alternou residência entre o Brasil e a França, realizando inúmeras exposições nos dois países. Mesmo estando fora, foi uma das mais importantes figuras da Semana de Arte Moderna de 1922, onde expôs algumas de suas esculturas.
Uma nova proposta do Monumento às Bandeiras foi apresentada ao Governo do Estado em 1936. O artista compôs um grupo escultórico formando um bloco compacto esculpido em granito. O interventor federal em São Paulo, Armando de Salles Oliveira, decidiu implantá-lo à entrada do Parque Ibirapuera, que ainda estava em projeto. As obras tiveram inicio no mesmo ano e prosseguiram em ritmo intenso até o ano seguinte. Com o começo da Segunda Guerra Mundial, os recursos aplicados na obra foram reduzidos.
O ritmo da construção diminuiu entre 1938 e 1939, e foi totalmente paralisada nos anos seguintes. O Governo do Estado resolveu transferir suas obrigações em relação à construção para a Prefeitura, em 1944, que firmaria um contrato com o escultor em 1946. Em maio do mesmo ano foram contratados os escultores João Scuotto e Ernesto Portante, responsáveis pela execução dos modelos em gesso a serem copiados posteriormente pela oficina de cantaria.
Em seguida, a Prefeitura publicou editais de concorrência para o fornecimento de granito, ganha pela firma Irmãos Milanezi, proprietária de uma pedreira no município de Mauá (SP). O volume total de pedra necessário à construção do monumento estava estimado em 527,69 m3, dispostos em blocos regulares de diversos tamanhos. Uma pedreira concorrente oferecia granito Itaquera, de composição fina e duro de desbastar, o que possibilitava um acabamento mais firme. Sua formação, no entanto, dificultava a retirada em blocos.
O granito de Mauá, por sua vez, apresentava composição mais grossa. Sendo mais poroso, era também menos resistente, tornando o desbaste menos penoso. Além disso, sua formação permitia a retirada em grandes blocos, o que contemplava o projeto de Brecheret. Por essas características, preferiu-se o granito Mauá ao Itaquera. A Oficina de Cantaria A. Incerpi e Cia. ganhou a concorrência para a execução da escultura em granito. Em 1947, a Prefeitura liberou um crédito especial para a construção e as empresas vencedoras das concorrências foram contratadas. Em meados do ano, começou, de fato, a construção em pedra, que duraria cinco anos, de forma totalmente descontínua. Entre 1949 e 1950, Brecheret resolveu alterar a base do monumento.
Em vez de escadarias, optou por uma base mais simples, com as laterais em plano inclinado, quase vertical. Em 1951, a Oficina Incerpi começou a montar os blocos de granito, já esculpidos, no Ibirapuera, como num grande quebra-cabeças, sendo que o efeito final deveria dar a impressão de um único bloco de rocha, como previa Brecheret.
O concreto foi usado no enchimento da canoa, para dar mais rigidez ao conjunto. No dia 25 de janeiro de 1953, às vésperas do IV Centenário da fundação da cidade de São Paulo e depois de trinta anos de sua concepção, a obra foi inaugurada com a base por concluir.
Brecheret estava cansado e queria entregar uma obra que lhe parecia interminável. Uma nova inauguração foi realizada em janeiro de 1954. Com cerca de 11m de altura total por 8,40m de largura e 43,80m de profundidade, a obra está posicionada no eixo sudeste - noroeste, no sentido de entrada das bandeiras sertanistas em busca de terras no interior. Ao redor do pedestal, há várias inscrições no granito. Na face frontal do pedestal, um mapa do Brasil mostra os percursos que os bandeirantes realizaram pelo interior do país, desenhado por Affonso de E.Taunay.
Na face lateral esquerda do pedestal, outra placa em granito polido traz a inscrição: GLÓRIA AOS HERÓIS QUE TRAÇARAM O NOSSO DESTINO NA GEOGRAFIA DO MUNDO LIVRE, SEM ELES O BRASIL NÃO SERIA GRANDE COMO É. CASSIANO RICARDO E na face lateral direita do pedestal, lê-se: BRANDIRAM ACHAS E EMPURRARAM QUILHAS VERGANDO A VERTICAL DE TORDESILHAS GUILHERME DE ALMEIDA
A quarta figura à direita do monumento, no bloco imediatamente seguinte ao dos cavaleiros, traz a seguinte inscrição no seu ombro direito: “Auto-retrato do escultor Victor Brecheret 02-10-1937”. A apropriação do monumento pela população se expressa nos apelidos carinhosos que recebeu ao longo do tempo, como “empurra-empurra”, “deixa que eu empurro” ou “não empurra”.(Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo)
Incorporado à paisagem paulistana, tornou-se um de seus mais expressivos símbolos. Brecheret propôs a construção de um monumento em homenagem às bandeiras, um tema com grande apelo histórico para os paulistas naqueles anos.
A escolha do tema partira do escritor Menotti del Picchia, que afirmava: "Os paulistas relembrariam os heróis de sua terra nas comemorações do Centenário da Independência.” Uma maquete foi exposta na Casa Byington, à rua XV de Novembro, mas não conseguiu atrair patrocínio oficial ou particular, apesar da presença do Presidente do Estado, Washington Luis, na cerimônia de abertura.
Em 1921, Brecheret foi estudar em Paris, com o patrocínio do Pensionato Artístico do Estado de São Paulo, onde entrou em contato com os mais eminentes escultores europeus, como Maillol e Henry Moore. Até 1936, alternou residência entre o Brasil e a França, realizando inúmeras exposições nos dois países. Mesmo estando fora, foi uma das mais importantes figuras da Semana de Arte Moderna de 1922, onde expôs algumas de suas esculturas.
Uma nova proposta do Monumento às Bandeiras foi apresentada ao Governo do Estado em 1936. O artista compôs um grupo escultórico formando um bloco compacto esculpido em granito. O interventor federal em São Paulo, Armando de Salles Oliveira, decidiu implantá-lo à entrada do Parque Ibirapuera, que ainda estava em projeto. As obras tiveram inicio no mesmo ano e prosseguiram em ritmo intenso até o ano seguinte. Com o começo da Segunda Guerra Mundial, os recursos aplicados na obra foram reduzidos.
O ritmo da construção diminuiu entre 1938 e 1939, e foi totalmente paralisada nos anos seguintes. O Governo do Estado resolveu transferir suas obrigações em relação à construção para a Prefeitura, em 1944, que firmaria um contrato com o escultor em 1946. Em maio do mesmo ano foram contratados os escultores João Scuotto e Ernesto Portante, responsáveis pela execução dos modelos em gesso a serem copiados posteriormente pela oficina de cantaria.
Em seguida, a Prefeitura publicou editais de concorrência para o fornecimento de granito, ganha pela firma Irmãos Milanezi, proprietária de uma pedreira no município de Mauá (SP). O volume total de pedra necessário à construção do monumento estava estimado em 527,69 m3, dispostos em blocos regulares de diversos tamanhos. Uma pedreira concorrente oferecia granito Itaquera, de composição fina e duro de desbastar, o que possibilitava um acabamento mais firme. Sua formação, no entanto, dificultava a retirada em blocos.
O granito de Mauá, por sua vez, apresentava composição mais grossa. Sendo mais poroso, era também menos resistente, tornando o desbaste menos penoso. Além disso, sua formação permitia a retirada em grandes blocos, o que contemplava o projeto de Brecheret. Por essas características, preferiu-se o granito Mauá ao Itaquera. A Oficina de Cantaria A. Incerpi e Cia. ganhou a concorrência para a execução da escultura em granito. Em 1947, a Prefeitura liberou um crédito especial para a construção e as empresas vencedoras das concorrências foram contratadas. Em meados do ano, começou, de fato, a construção em pedra, que duraria cinco anos, de forma totalmente descontínua. Entre 1949 e 1950, Brecheret resolveu alterar a base do monumento.
Em vez de escadarias, optou por uma base mais simples, com as laterais em plano inclinado, quase vertical. Em 1951, a Oficina Incerpi começou a montar os blocos de granito, já esculpidos, no Ibirapuera, como num grande quebra-cabeças, sendo que o efeito final deveria dar a impressão de um único bloco de rocha, como previa Brecheret.
O concreto foi usado no enchimento da canoa, para dar mais rigidez ao conjunto. No dia 25 de janeiro de 1953, às vésperas do IV Centenário da fundação da cidade de São Paulo e depois de trinta anos de sua concepção, a obra foi inaugurada com a base por concluir.
Brecheret estava cansado e queria entregar uma obra que lhe parecia interminável. Uma nova inauguração foi realizada em janeiro de 1954. Com cerca de 11m de altura total por 8,40m de largura e 43,80m de profundidade, a obra está posicionada no eixo sudeste - noroeste, no sentido de entrada das bandeiras sertanistas em busca de terras no interior. Ao redor do pedestal, há várias inscrições no granito. Na face frontal do pedestal, um mapa do Brasil mostra os percursos que os bandeirantes realizaram pelo interior do país, desenhado por Affonso de E.Taunay.
Na face lateral esquerda do pedestal, outra placa em granito polido traz a inscrição: GLÓRIA AOS HERÓIS QUE TRAÇARAM O NOSSO DESTINO NA GEOGRAFIA DO MUNDO LIVRE, SEM ELES O BRASIL NÃO SERIA GRANDE COMO É. CASSIANO RICARDO E na face lateral direita do pedestal, lê-se: BRANDIRAM ACHAS E EMPURRARAM QUILHAS VERGANDO A VERTICAL DE TORDESILHAS GUILHERME DE ALMEIDA
A quarta figura à direita do monumento, no bloco imediatamente seguinte ao dos cavaleiros, traz a seguinte inscrição no seu ombro direito: “Auto-retrato do escultor Victor Brecheret 02-10-1937”. A apropriação do monumento pela população se expressa nos apelidos carinhosos que recebeu ao longo do tempo, como “empurra-empurra”, “deixa que eu empurro” ou “não empurra”.(Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo)
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