Para constituir e modernizar a Usina Costa Pinto, Pedro Ometto, associou-se a Mário Dedini & Irmãos. Na safra de 1936/37 produziram 6.055 sacas de açúcar e a partir daí negócio adquiriu significado. Em 1938 foi feita uma reforma grande na Costa Pinto e começaram a fabricar açúcar cristal. Já nesse ano produziram 38.000 sacas. O lucro era sempre investido na compra de terras e de cotas de açúcar, ao IAA. Os caminhos dos Omettos e dos Dedinis, cruzaram-se, permitindo que eles crescessem e se tornassem presidentes de grandes grupos econômicos.
Em 1943, a empresa comprou uma fazenda de 340 alqueires, no município
de Barra Bonita, pequena cidade turística a 310km da capital paulista. Foi início da Usina da Barra. A cultura da cana-de-açúcar no Estado de São Paulo estava desde os mais remotos tempos concentrada na região de Piracicaba, onde o pioneiro Pedro Ometto e seus irmãos iniciaram suas atividades e possuíam unidades sucroalcooleiras em pleno funcionamento.
A responsabilidade do acompanhamento da instalação e implantação da destilaria coube ao filho de Pedro, Orlando Chesini Ometto. Aos 21 anos, Orlando já havia terminado o seu treinamento nas usinas da família, estando apto para assumir esta importante tarefa, que implicava uma competição com a cultura do café, até então preferida na região.
Os objetivos foram se alterando com o tempo. Surgiu a possibilidade de compra de uma cota de açúcar e, em 1946, apenas um ano após o fim da 2ª Guerra Mundial, a Usina da Barra fazia sua primeira safra: 41 mil sacas de açúcar e 110 mil litros de álcool. Durante cinco anos, até idos de 48, a Usina moeu apenas cana-de-açúcar própria, enfrentando preconceito e desconfiança dos cafeicultores locais.
Em 1949, o crescimento foi acelerado com a constituição da Usina da Barra S.A., e a partir daí a Usina começou a moer canas-de-açúcar também de terceiros, seguindo um longo caminho de ampliação e de aumento de produtividade. Para estimular a produção, a Usina da Barra se comprometia, inicialmente, a realizar na propriedade do eventual interessado os trabalhos de preparo de solo, plantio, tratos culturais, corte e transporte da cana-de-açúcar plantada.
O proprietário do fundo cedia a terra e recebia, no final da colheita, lucro da operação.
Os resultados não foram imediatos, mas vieram. O primeiro milhão de sacas foi ultrapassado na safra 58/59. Daí, aumentos sucessivos de produção e ampliações no parque industrial levaram-na à condição de maior produtora individual de cana-de-açúcar e álcool domundo.
Hoje graças a essa iniciativa pioneira de Pedro Ometto, um novo pólo sucroalcooleiro foi implantado na região de Jaú onde existe quase uma dezena de unidades produtoras em franco progresso. Tudo isso teve como ponto de partida a implantação da Usina da Barra, no distante ano de 1946.
Um blog para difundir e aprofundar temas da presença italiana no Brasil, bem como valorizar o Made in Italy. Um espaço para troca de informações e conhecimento, compartilhando raízes comuns da italianidade que carregamos no sangue e na alma. A italianidade engloba a questão das nossas raízes italianas e também reserva um olhar para a linha do tempo, nela buscando e resgatando uma galeria de personagens famosos ou anônimos que, de alguma forma, inseriram seus nomes na História do Brasil.
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Oriundi - Pedro Ometto e o desenvolvimento do agronegócio em São Paulo (1)
A história da cana-de-açúcar no Estado de São Paulo está fortemente ligada às raízes dos Ometto família italiana que desembarcou no Brasil em 1887. Primeiro chegou Girolamo que logo chamou o irmão Antonio e a cunhada Caterina.
No texto Italianos em São Paulo: de colonos a empresários do açúcar. 1876 -1941 (publicado dos Anais do XVIII Encontro Regional de História – O historiador e seu tempo. ANPUH/SP – UNESP/Assis, 24 a 28 de julho de 2006.), a pesquisadora Zóia Vilar Campos traça um breve relato da história dos Ometto no interior paulista.
Ela lembra que em 1888 Girolano Ometto “comprou uma pequena propriedade fundiária: sítio Santa Fé, sito em Tupi, região entre os Municípios de Santa Bárbara D’Oeste e Piracicaba. Convidou seu irmão Antônio Ometto e família, que ainda se encontrava trabalhando na Fazenda Salto Grande, para morar com ele e ajudá-lo na labuta da lavoura da cana e da produção de cachaça no velho alambique”. “Logo, Girolamo comprou uma olaria em Piracicaba. Mas, em 1901, faleceu , legando dívidas para a sua família. Coincidentemente, seu irmão Antônio, morreu nesse mesmo ano, Antonio, também, morreu no mesmo ano que ele, deixando para os seus filhos: João, Jerônimo, Luiz e Pedro, e, a sua mulher Caterina, a tarefa de “fazer a América.”
“As duas famílias, sem outra alternativa, voltaram a trabalhar na lavoura de café, na Fazenda São José, do Coronel Juca Barbosa.Em 1906, a família Ometto deixou a condição de colona, comandada por Caterine, compraram seis alqueires, da Fazenda Água Santa, em Piracicaba, por 1:900$000. Nele, construíram uma olaria e continuaram produzindo aguardente; em 1911, adquiriram mais 24 alqueires da mesma Fazenda - onde desenvolveram as mesmas atividades, onde três anos depois, edificaram um engenho de açúcar. Em 1918, compraram a Fazenda Aparecida, também, denominada de Boa Esperança, em Iracemápolis, hipotecada, em função dos prejuízos causados pela geada que assolou a região e destruiu o cafezal. A partir daí, a família se dividiu entre a olaria e a nova aquisição. Nessa última, plantou cana e produziu aguardente".
“Os negócios da família Ometto continuaram prosperando, acompanhando o crescimento da região. Em 1922, a propósito, Pedro Ometto, comprou sem a participação da família, a Fazenda Primavera, com 100 alqueires, a 5 km de água Santa. Nela, continuou fabricando cachaça, plantando cana, fabricando cachaça e açúcar batido".
"Dez anos depois, em 1932, reuniu-se aos irmãos e constituiu a empresa Irmãos Ometto & Cia, com o intuito de comprar a Fazenda Boa Vista, de 440 alqueires, também, localizada no Município de Piracicaba. Logo em seguida, adquiriram a Fazenda Aparecida, divisa com a Boa Vista, município de Iracemápolis. Tornaram-se proprietários de 560 alqueires. Nessas terras, em 1934, edificaram a Usina Boa Vista. Nos anos seguintes, o clã Ometto, adquiriu várias outras propriedades. Para constituir e modernizar a Usina Costa Pinto, Pedro Ometto, associou-se a Mário Dedini & Irmão”
Ela lembra que em 1888 Girolano Ometto “comprou uma pequena propriedade fundiária: sítio Santa Fé, sito em Tupi, região entre os Municípios de Santa Bárbara D’Oeste e Piracicaba. Convidou seu irmão Antônio Ometto e família, que ainda se encontrava trabalhando na Fazenda Salto Grande, para morar com ele e ajudá-lo na labuta da lavoura da cana e da produção de cachaça no velho alambique”. “Logo, Girolamo comprou uma olaria em Piracicaba. Mas, em 1901, faleceu , legando dívidas para a sua família. Coincidentemente, seu irmão Antônio, morreu nesse mesmo ano, Antonio, também, morreu no mesmo ano que ele, deixando para os seus filhos: João, Jerônimo, Luiz e Pedro, e, a sua mulher Caterina, a tarefa de “fazer a América.”
“As duas famílias, sem outra alternativa, voltaram a trabalhar na lavoura de café, na Fazenda São José, do Coronel Juca Barbosa.Em 1906, a família Ometto deixou a condição de colona, comandada por Caterine, compraram seis alqueires, da Fazenda Água Santa, em Piracicaba, por 1:900$000. Nele, construíram uma olaria e continuaram produzindo aguardente; em 1911, adquiriram mais 24 alqueires da mesma Fazenda - onde desenvolveram as mesmas atividades, onde três anos depois, edificaram um engenho de açúcar. Em 1918, compraram a Fazenda Aparecida, também, denominada de Boa Esperança, em Iracemápolis, hipotecada, em função dos prejuízos causados pela geada que assolou a região e destruiu o cafezal. A partir daí, a família se dividiu entre a olaria e a nova aquisição. Nessa última, plantou cana e produziu aguardente".
“Os negócios da família Ometto continuaram prosperando, acompanhando o crescimento da região. Em 1922, a propósito, Pedro Ometto, comprou sem a participação da família, a Fazenda Primavera, com 100 alqueires, a 5 km de água Santa. Nela, continuou fabricando cachaça, plantando cana, fabricando cachaça e açúcar batido".
"Dez anos depois, em 1932, reuniu-se aos irmãos e constituiu a empresa Irmãos Ometto & Cia, com o intuito de comprar a Fazenda Boa Vista, de 440 alqueires, também, localizada no Município de Piracicaba. Logo em seguida, adquiriram a Fazenda Aparecida, divisa com a Boa Vista, município de Iracemápolis. Tornaram-se proprietários de 560 alqueires. Nessas terras, em 1934, edificaram a Usina Boa Vista. Nos anos seguintes, o clã Ometto, adquiriu várias outras propriedades. Para constituir e modernizar a Usina Costa Pinto, Pedro Ometto, associou-se a Mário Dedini & Irmão”
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Oriundi - Sangue italiano nas veias do Modernismo brasileiro: Zina Aita, a artista esquecida
Na italianidade da Semana de Arte Moderna (fevereiro de 1922), um nome menos badalado, foi o de Zina Aita, filha de imigrantes italianos, nascida em Belo Horizonte em 1900. Poucas vezes mencionada quando o assunto é a Semana de 22, Zina viveu boa parte de sua vida na Itália, fato que talvez explique esse vazio nas análises sobre o modernismo no Brasil.
Pintora, ceramista e desenhista, seu nome de batismo era Tereza Aita. Ainda adolescente parte com a família para a Itália) em 1914 onde permanece por quatro anos, realizando estudos na Accademia di Belle Arti di Firenze [Academia de Belas Artes. Em seu retorno ao Brasil começa a conviver com o ambiente modernista, tornando-se amida da pintora Anita Malfati e do escritor Mario de Andrade. Em 1920 realizaria sua primeira exposição individual, justamente na sua cidade natal.
“Assim como Anita havia inaugurado o modernismo em São Paulo, desper- tando uma estética revolucionária nas artes plásticas, Zina Aita transpôs para o cenário cultural ainda acanhado, de Belo Horizonte, no início do século XX, uma arte que funcionou como mecanismo de subversão ao sistema de valores plásticos convencionais. Em 31 de janeiro de 1920 foi inaugurada, no edifício do Conselho Deliberativo da Capital, uma exposição de suas obras, que canalizou os contrastes existentes no ambiente cultural da cidade. Partindo de uma nova sintaxe da cor e de uma liberdade no tratamento técnico que a aproximam do fauvismo de Matisse e Derain, Zina Aita introduziu uma maneira revolucionária de pintar, estranha ao gosto da cidade”, comenta a professora de História da Arte Mônica Eustáquio Fonseca (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais).
Para alguns estudiosos, sua pintura desse período aproxima-se do movimento art nouveau e do pós-impressionismo. Dois anos após paryocipar da Semana de Arte Moderna, Zina muda-se para Itália onde teve intensa produção artística, sobretudo como ceramista. Faleceu em Napoli em 1967.
Pintora, ceramista e desenhista, seu nome de batismo era Tereza Aita. Ainda adolescente parte com a família para a Itália) em 1914 onde permanece por quatro anos, realizando estudos na Accademia di Belle Arti di Firenze [Academia de Belas Artes. Em seu retorno ao Brasil começa a conviver com o ambiente modernista, tornando-se amida da pintora Anita Malfati e do escritor Mario de Andrade. Em 1920 realizaria sua primeira exposição individual, justamente na sua cidade natal.
“Assim como Anita havia inaugurado o modernismo em São Paulo, desper- tando uma estética revolucionária nas artes plásticas, Zina Aita transpôs para o cenário cultural ainda acanhado, de Belo Horizonte, no início do século XX, uma arte que funcionou como mecanismo de subversão ao sistema de valores plásticos convencionais. Em 31 de janeiro de 1920 foi inaugurada, no edifício do Conselho Deliberativo da Capital, uma exposição de suas obras, que canalizou os contrastes existentes no ambiente cultural da cidade. Partindo de uma nova sintaxe da cor e de uma liberdade no tratamento técnico que a aproximam do fauvismo de Matisse e Derain, Zina Aita introduziu uma maneira revolucionária de pintar, estranha ao gosto da cidade”, comenta a professora de História da Arte Mônica Eustáquio Fonseca (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais).
Para alguns estudiosos, sua pintura desse período aproxima-se do movimento art nouveau e do pós-impressionismo. Dois anos após paryocipar da Semana de Arte Moderna, Zina muda-se para Itália onde teve intensa produção artística, sobretudo como ceramista. Faleceu em Napoli em 1967.
História (78 ) – ”Far l´America (46 )”: perfil dos imigrantes Piemonteses no Estado do Espírito Santo
Chiara Vangelista, autora do trabalho Gênero e estratégias migratórias: mulheres italianas imigrantes no Estado do Espírito Santo Brasil, 1894-1895 , analisa o perfil dos piemonteses que desembarcaram no Espírito Santo no final do século XIX.
“Contrariamente ao que se passou em São Paulo, e de forma
semelhante à situação dos Estados do Sul, a imigração das últimas
décadas do século XIX consolidou, no Espírito Santo, o sistema introduzido
pelas colônias imperiais.
O bom êxito das colônias agrícolas deveu-se ao fato de que estas não foram simples núcleos de povoamento, mas ligaram-se ao circuito comercial internacional, participando da produção do café, produzido, desta maneira, tanto pelas fazendas do sul do Estado, como pelas colônias agrícolas do Centro (Saletto, 1996; Reginato, Vangelista, 1997)”
“Os emigrantes piemonteses aqui analisados embarcaram para o Espírito Santo entre outubro e dezembro de 1894 e chegaram em Vitória entre novembro de 1894 e janeiro de 1895 São no total 467 pessoas que, tendo emigrado no final de 1894, formam parte das estatísticas da imigração dos dois anos – 1894 e 1895 – que representaram um dos picos da imigração italiana no Espírito Santo” “Nos três navios os emigrantes procedentes do Piemonte representam de 8 a 14,5% do total dos passageiros. No caso destes três navios, a emigração piemontesa é formada exclusivamente por unidades familiares (famílias nucleares, famílias com agregados, ou, mais raramente, grupos de famílias nu- cleares, indicadas como unidades pelo registro de embarque”
"Dos 467 emigrantes, com efeito, somente um viajava sozinho e os outros formavam 112 unidades familiares, com uma média de 4,2 pessoas cada uma). O índice de masculinidade médio dos pie- monteses para os três navios (122) é superior àquele do total dos passageiros (107.8)”. “No que se refere à procedência 44,6% das unidades familiares partiu da Província de Alessandria, 24% e 18% das Províncias de Cuneo e Vercelli, enquanto que Asti, Novara e Torino forneceram, juntas, somente 16% das famílias restantes”.
O bom êxito das colônias agrícolas deveu-se ao fato de que estas não foram simples núcleos de povoamento, mas ligaram-se ao circuito comercial internacional, participando da produção do café, produzido, desta maneira, tanto pelas fazendas do sul do Estado, como pelas colônias agrícolas do Centro (Saletto, 1996; Reginato, Vangelista, 1997)”
“Os emigrantes piemonteses aqui analisados embarcaram para o Espírito Santo entre outubro e dezembro de 1894 e chegaram em Vitória entre novembro de 1894 e janeiro de 1895 São no total 467 pessoas que, tendo emigrado no final de 1894, formam parte das estatísticas da imigração dos dois anos – 1894 e 1895 – que representaram um dos picos da imigração italiana no Espírito Santo” “Nos três navios os emigrantes procedentes do Piemonte representam de 8 a 14,5% do total dos passageiros. No caso destes três navios, a emigração piemontesa é formada exclusivamente por unidades familiares (famílias nucleares, famílias com agregados, ou, mais raramente, grupos de famílias nu- cleares, indicadas como unidades pelo registro de embarque”
"Dos 467 emigrantes, com efeito, somente um viajava sozinho e os outros formavam 112 unidades familiares, com uma média de 4,2 pessoas cada uma). O índice de masculinidade médio dos pie- monteses para os três navios (122) é superior àquele do total dos passageiros (107.8)”. “No que se refere à procedência 44,6% das unidades familiares partiu da Província de Alessandria, 24% e 18% das Províncias de Cuneo e Vercelli, enquanto que Asti, Novara e Torino forneceram, juntas, somente 16% das famílias restantes”.
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
História (77 ) - "Far l´America ( 45)": imigrantes italianos no Estado do Espírito Santo
A grande imigração italiana também ganhou o pequeno território do Estado do Espírito Santo, tema do trabalhoGênero e estratégias migratórias: mulheres italianas imigrantes no Estado do Espírito Santo Brasil, 1894-1895 , cuja autora é Chiara Vangelista (Università degli Studi di Torino).
“Marginalizado economicamente por motivos estratégicos no período colonial, a Província do Espírito Santo foi objeto de uma política de povoamento a partir da primeira metade do século XIX, principalmente através da formação de colônias imperiais. Os imigrantes europeus (sobretudo alemães e italianos) se inseriram desta maneira em um fluxo imigratório já alimentado, desde o início do século, por mineiros e cariocas, os quais, ocupando os territórios dos grupos indígenas da região, introduziram o cultivo da cana e, desde 1840, o do café”.
“No caso da imigração italiana, todos os estudos sobre o assunto concordam em indicar, além da primeira relevante imigração em 1877, dois momentos importantes: o biênio 1888-1889, logo depois da abolição da escravidão, e o triênio 1893-1895. No ano seguinte, houve um declínio na entrada de italianos, devido à proibição da emigração para o Espírito Santo, estabelecida pela lei italiana de 23 de julho de 1894”.
“Embora tenham chegado neste Estado espanhóis, portugueses, alemães, suíços, árabes, franceses (Nagar, 1895, p. 29) os italianos representaram, neste período, a parte mais numerosa da imigração. Segundo os dados levantados por Demoner a imigração italiana representou 91% da imigração total no ano de 1892, 77% em 1893, 81% em 1894, 99% em 1895 e 94% em 1896.
”O porto de Vitória, que em 1892-1894 deu abrigo a 111 navios ingleses e 226 italianos, em 1902 recebeu um só navio italiano, e nenhum em 1903”
“No final do século, o período da grande imigração estran- geira havia terminado para o Espírito Santo. No entanto, as transfor- mações que a imigração propiciou manifestaram-se também a médio e longo prazo, mesmo depois do fim do movimento”.
“As transformações geradas pela imigração – interna e internacional – são evidentes seja no acréscimo populacional, seja na ocupação do território. De 1872 até 1920, a população do Espírito Santo apresentou uma taxa de cresci- mento superior à do Brasil, passando de 82.137 habitantes em 1872 a 209.783 em 1900, e a 457.328 em 1920 (IBGE, 1995). Ao mesmo tempo, a população italiana ou de origem italiana no Estado continuava crescendo, passando de 20.000-35.000 indivíduos em 1894, a 40.000-75.000 em 1900 e a 50.000 em 1910”
“Marginalizado economicamente por motivos estratégicos no período colonial, a Província do Espírito Santo foi objeto de uma política de povoamento a partir da primeira metade do século XIX, principalmente através da formação de colônias imperiais. Os imigrantes europeus (sobretudo alemães e italianos) se inseriram desta maneira em um fluxo imigratório já alimentado, desde o início do século, por mineiros e cariocas, os quais, ocupando os territórios dos grupos indígenas da região, introduziram o cultivo da cana e, desde 1840, o do café”.
“No caso da imigração italiana, todos os estudos sobre o assunto concordam em indicar, além da primeira relevante imigração em 1877, dois momentos importantes: o biênio 1888-1889, logo depois da abolição da escravidão, e o triênio 1893-1895. No ano seguinte, houve um declínio na entrada de italianos, devido à proibição da emigração para o Espírito Santo, estabelecida pela lei italiana de 23 de julho de 1894”.
“Embora tenham chegado neste Estado espanhóis, portugueses, alemães, suíços, árabes, franceses (Nagar, 1895, p. 29) os italianos representaram, neste período, a parte mais numerosa da imigração. Segundo os dados levantados por Demoner a imigração italiana representou 91% da imigração total no ano de 1892, 77% em 1893, 81% em 1894, 99% em 1895 e 94% em 1896.
”O porto de Vitória, que em 1892-1894 deu abrigo a 111 navios ingleses e 226 italianos, em 1902 recebeu um só navio italiano, e nenhum em 1903”
“No final do século, o período da grande imigração estran- geira havia terminado para o Espírito Santo. No entanto, as transfor- mações que a imigração propiciou manifestaram-se também a médio e longo prazo, mesmo depois do fim do movimento”.
“As transformações geradas pela imigração – interna e internacional – são evidentes seja no acréscimo populacional, seja na ocupação do território. De 1872 até 1920, a população do Espírito Santo apresentou uma taxa de cresci- mento superior à do Brasil, passando de 82.137 habitantes em 1872 a 209.783 em 1900, e a 457.328 em 1920 (IBGE, 1995). Ao mesmo tempo, a população italiana ou de origem italiana no Estado continuava crescendo, passando de 20.000-35.000 indivíduos em 1894, a 40.000-75.000 em 1900 e a 50.000 em 1910”
Italianità - Projeto "Caminhos de Pedra" em Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul
“Nesse sentido, tanto o projeto relativo aos ‘Caminho de Pedra’ quanto àquele que promove o passeio na Maria Fumaça trazem a magia de sonhar um tempo que não se viveu, mas que pertence a um período onde tudo era melhor. Efetivamente produz a idéia de um tempo que não flui mais, permanecendo imutável em um eterno presente. As experiências do hoje são a continuidade desta eternização do passado, fruto de um processo de recordação do que se pensou ser o real passado”.
“A estruturação dos “Caminhos de Pedra” – no interior do município de Bento Gonçalves – encaixa-se nessa busca contemporânea de trazer a vida o passado, como se o tempo não tivesse exercido sua misteriosa ação sobre a trajetória daqueles homens. Com clara intenção turística – o projeto foi idealizado e implementado pelo Hotel Dall’Onder, a partir de diversas parcerias – inclusive da região do Vêneto. O roteiro propõe – de acordo com fôlderes divulgativos – trazer à luz o vêneto rural do século XIX. Para esse intento, a rota – antiga ligação entre Bento Gonçalves e Farroupilha – sofreu um processo de restauração em diversas habitações que se encontravam em seu percurso. Procurava-se destacar o autêntico, mostrando como eram as edificações quando da chegada dos imigrantes e como esse Vêneto rural tinha permanecido intacto na região serrana”.
“A nostalgia de um tempo melhor que existiu no passado marca a sua positividade e segurança, pois se contrapõe a realidade do presente – sempre negativa – e a insegurança do futuro, o qual se apresenta etéreo. Essa realidade produz um mercado turístico que se propõe a vender emoções ao nostálgico, promovendo o reconhecimento deste lugar estranho que é o passado: 'Projeto Cultura' – como é denominado pelo Hotel Dall’Onder – visa instituir-se enquanto um museu vivo da imigração italiana”.
"Entende construir uma presentificação do passado – ou melhor – o seu renascimento, os ‘Caminhos de Pedra’ produzem um efeito de real e constituem-se em uma representação, em uma memória da imigração, engendrando em si uma dimensão criativa. O chamado 'Caminhos de Pedra', o qual buscava resgatar a história dos primeiros imigrantes italianos no Rio Grande do Sul, no intuito de “mostrar como era”, compõem-se de construções – muitas em pedra – que remontam ao período inicial do fluxo imigratório na região serrana, entre 1880 e 1900".
"Destacam-se algumas habitações do roteiro, como a casa Bertarello, a ferraria dos Ferri, a casa das massas e a cantina Strapazzon”.
“A casa Bertarello é um sobrado em pedra, com balcão frontal – com cantina – o qual reproduz a arquitetura da região montanhosa do norte italiano".
"A ferraria dos Ferri constitui-se de um pavilhão de madeira, com um moinho acoplado, o qual mantém instrumentos de trabalho que identificam as funções de ferreiro, na virada dos séculos XIX e XX” .
“Seguindo a rota, ainda na comunidade de São Pedro, tem-se a casa das massas, um sobrado em madeira – sem balcão e com cantina – que disponibiliza a venda de biscoitos e massas, apresentando instrumentos de produção caseira da pasta. No piso da cantina, tem-se uma pequena tecelagem, com produtos em lã e linha para venda. Por fim, a casa Strapazzon, uma habitação com um primeiro andar e um mezanino, toda em pedra, que é utilizada hoje como lugar de armazenamento de uma produção caseira de vinho e de derivados da uva, sendo lugar também de degustação”.
“Destaca-se que – particularmente nessas duas últimas casas mencionadas – faz parte da narrativa a vinculação com o passado. Na casa das massas entende-se essa ação forte da busca do autêntico, pois na fala do administrador e de outros membros da comunidade, a casa que existia antes do restauro foi refeita – aos moldes da original. Dessa forma, conta-se que a habitação originalmente possuía dois pisos além da cantina; porém, com o empobrecimento e diminuição da família, destruiu-se o piso superior, pois era oneroso mantê-lo”.
“Para o projeto, refez-se o segundo piso, praticamente destruindo o primeiro, pois as madeiras, como no original, deveriam ser inteiras. Cumpriu-se a meta – o tempo não passou e a habitação renasceu mais bem estruturada que quando foi construída pela primeira vez. Como em um efeito mimetizador, a estrutura arquitetônica passada surge como um duplo no presente – igual como havia sido em sua primeira edificação: o tempo parou!”
“Na cantina, antigamente último ponto do roteiro, menciona-se sempre – como ponto valorativo da construção – o fato de cenas do filme O Quatrilho terem sido rodadas em seu interior, pois ela refletia esse momento histórico. Como parte da construção imagética, a fala do demonstrador significa a habitação, informando que ela foi a moradia dos ‘nonos’ recém-chegados, permanecendo sempre com a família. Como em um roteiro museológico, haja vista que a proposta da estrada é um ‘museu vivo da imigração’, faz-se referência ao contexto, remarcando sempre o caráter de fidelidade às tradições italianas do vêneto rural do século XIX. Inclusive, são utilizados esses 'restos' dialetais como forma de produzir uma sensação de viagem temporal, possibilitando esse renascimento do passado”.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Oriundi - Sangue italiano nas veias do Modernismo brasileiro: as telas de Candido Portinari (2)
Em 1941, Portinari executa quatro grandes murais na Fundação Hispânica da Biblioteca do Congresso em Washington, com temas referentes à história latino-americana. De volta ao Brasil, realiza em 1943 oito painéis conhecidos como SÉRIE BÍBLICA, fortemente influenciado pela visão picassiana de Guernica e sob o impacto da 2ª Guerra Mundial. A convite do arquiteto Oscaar Niemeyer (1944), inicia as obras de decoração do conjunto arquitetônicoda Pampulha, em Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, destacando-se o mural SÃO FRANCISCO e a VIA SACRA, na Igreja da Pampulha. A escalada do nazi-fascismo e os horrores da guerra reforçam o caráter social e trágico de sua obra, levando-o à produção das séries RETIRANTES e MENINOS DE BRODOSWKI, entre 1944 e 1946, e à militância política, filiando-se ao Partido Comunista Brasileiro e candidatando-se a deputado, em 1945, e a senador, 1947.
Ainda em 1946, Portinari volta a Paris para realizar sua primeira exposição em solo europeu , na Galerie Charpentier. A exposição teve grande repercussão, tendo sido Portinari agraciado, pelo governo francês, com a Légion d!Honneur.
Em 1947 expõe no salão Peuser, de Buenos Aires e nos salões da Comissão nacional de Belas Artes, de Montevidéu, recebendo grandes homenagens por parte de artistas, intelectuais e autoridades dos dois países. O final da década de quarenta assinala o início da exploração dos temas históricos através da afirmação do muralismo. Em 1948, Portinari exila-se no Uruguai, por motivos políticos, onde pinta o painel A PRIMEIRA MISSA NO BRASIL, encomendado pelo banco Boavista do Brasil.
Em 1949 executa o grande painel TIRADENTES, narrando episódios do julgamento e excecução do herói brasileiro que lutou contra o domínio colonial português. Por este trabalho Portinari recebeu, em 1950, a medalha de ouro concedida pelo Juri do Prêmio Internacional das Paz, reunido em Varsóvia.
Ainda em 1946, Portinari volta a Paris para realizar sua primeira exposição em solo europeu , na Galerie Charpentier. A exposição teve grande repercussão, tendo sido Portinari agraciado, pelo governo francês, com a Légion d!Honneur.
Em 1947 expõe no salão Peuser, de Buenos Aires e nos salões da Comissão nacional de Belas Artes, de Montevidéu, recebendo grandes homenagens por parte de artistas, intelectuais e autoridades dos dois países. O final da década de quarenta assinala o início da exploração dos temas históricos através da afirmação do muralismo. Em 1948, Portinari exila-se no Uruguai, por motivos políticos, onde pinta o painel A PRIMEIRA MISSA NO BRASIL, encomendado pelo banco Boavista do Brasil.
Em 1949 executa o grande painel TIRADENTES, narrando episódios do julgamento e excecução do herói brasileiro que lutou contra o domínio colonial português. Por este trabalho Portinari recebeu, em 1950, a medalha de ouro concedida pelo Juri do Prêmio Internacional das Paz, reunido em Varsóvia.
Assinar:
Postagens (Atom)