sábado, 6 de fevereiro de 2010

História 61 - "Far l'America" (29): a delimitação das colônias na serra gaúcha

A professora Vania Herédia do Departamento de Sociologia da Universidade de Caxias do Sul, explica no texto intitulado A imigração européia no século passado: o programa de colonização no Rio Grande do Sul explica como foi a demarcação das colonias gaúchas que receberam os imigrantes europeus.



“A retomada da colonização pelo Governo Imperial foi provocada pelo fracasso da política colonizatória exercida pela Província.

 Desta forma, o Governo Imperial se empenhou em promover o povoamento das colônias Conde D’ Eu e D. Isabel, colônias já demarcadas, e também fundar uma terceira colônia chamada "Fundos de Nova Palmira", cujos limites eram os Campos de Cima da Serra, as colônias de Nova Petrópolis, Nova Palmira e Picada Feliz .

Essa colônia foi sugerida pelo engenheiro Augusto Napoleão de Saint Brison, medidor oficial dessas terras, ao prever problemas administrativos, caso essas terras fossem anexadas à Colônia Imperial de Santa Maria da Soledade. Essa nova colônia compreendia 17 léguas quadradas. Dois anos mais tarde, o Governo Imperial criava a quarta colônia para abrigar os novos imigrantes chegados à Província. Essa colônia chamou-se Colônia Silveira Martins, completando com sua criação o núcleo básico inicial da imigração italiana no Rio Grande do Sul” A colonização no Rio Grande do Sul foi fundada sob o regime da pequena propriedade. Os alemães em 1824 receberam lotes coloniais de 77 hectares. Em 1848, os lotes coloniais foram reduzidos para 48 hectares (28), parecendo ser um tamanho ideal para um lote a ser ocupado com agricultura intensiva.

Em 1875, os lotes foram alternados para 25 hectares, medindo 200 a 250m de frente e 1.000 a 1.250 de profundidade, conforme descreve Jean Roche em seu estudo sobre a colonização alemã no Rio Grande do Sul (29). As colônias agrícolas do Nordeste do Rio Grande do Sul foram no início divididas em léguas quadradas, linhas e travessões. Nem todas as léguas possuíam o mesmo número de travessões, dependendo dos acidentes do terreno, visto que as divisões eram feitas de forma geral sobre os mapas, não respeitando os acidentes geográficos de grande relevo . Esse sistema foi parcialmente alterado sendo os travessões substituídos por linhas numeradas, e as léguas, substituídas por secções. O número médio de lotes em cada légua era de 132, enquanto o de travessões era de 32 .Desta maneira, os limites de cada colônia eram demarcados pelos travessões que significavam a divisão territorial entre as diversas localidades. Os colonos, quando chegavam à colônia, podiam escolher livremente o lote de sua preferência, pagando à vista o preço fixado segundo o regulamento da colônia"

"Os colonos que compravam terras a prazo recebiam títulos provisórios ou de designação de lotes e o título fosse quitado com a Fazenda Nacional e assinado pelo Presidente da Província (39). Os imigrantes no início da Colônia prestavam serviços na abertura de estradas, na construção de barracões, na abertura de picadas, em troca de somas que eram investidas em terras. Era uma forma de trabalho assalariado que lhes permitia ganhar em dinheiro para pagar as dívidas existentes".

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