domingo, 21 de fevereiro de 2010

Italiani - Sangue toscano nas veias do Modernismo brasileiro: as telas de Alfredo Volpi

Na segunda geração do Modernismo brasileiro, Alfredo Volpi, italiano natural de Lucca ( 1896) foi, sem dúvida, um dos grandes nomes.

O site doMuseu de Artte Conteporânea, USP), assim descreve Volpi,  falecido em São Paulo em 1988.

"De origem italiana humilde, Alfredo Volpi chega ao Brasil com dois anos de idade e na adolescência começa a trabalhar como pintor-decorador de paredes. Desde então, manifesta uma pintura dotada de um procedimento artesanal cuidadoso, que irá se manter ao longo de toda sua trajetória artística.

Autodidata e à margem da movimentação modernista decorrente da Semana de 1922, Volpi elabora sua pintura a partir da observação atenta de cenas de gênero (família, trabalho, cotidiano simples dos arredores de São Paulo) e de paisagens, resultando em uma poética intuitiva e de linguagem simplificada, decorrente de seu autodidatismo.

É a partir de sua proximidade com os artistas do Palacete Santa Helena1, e da formação da Família Artística Paulista em 1937, que Volpi entra em contato com a arte moderna italiana influenciada pelas pesquisas de Paul Cézanne e pela metafísica, e com a obra de Ernesto De Fiori que irão influenciá-lo. Passa a compreender que a qualidade da pintura está, como afirmava, em 'resolver o quadro'.

Sua primeira exposição individual, em 1944, evidencia o percurso traçado pelo pintor em busca do domínio das cores para atingir a harmonia entre as formas que compõem suas imagens e o modo inteligente como soube traduzir as influências recebidas. 'O plasticismo italiano concorre com a cor matissiana para criar um novo universo estilístico, que será um ponto de chegada para a pesquisa de Volpi. É significativo, porém, que a cristalização desse universo se dê num campo delimitado pela pintura popular' afirma o teórico Lorenzo Mammì em sua análise da obra do artista.

A crítica daquele momento o compreende como um artista promissor. Como um artesão imerso em seu ofício, Volpi produz suas próprias têmperas e faz surgir, na superfície das telas, casarios e fachadas marcados pelo gesto cuidadoso das pinceladas que preenchem as formas sensivelmente geometrizadas. Gradativamente sua pintura deixa de sugerir a ilusão de profundidade e toda a composição passa a se realizar num primeiro plano.

Em 1950, tem a oportunidade de ver na Itália mestres pré-renascentistas como Giotto e Margarito d'Arezzo. Nas imagens frontais realizadas a têmpera e nos antigos painéis italianos, Volpi confirma as possibilidades poéticas que com maestria saberá interpretar nas séries de imagens sacras das décadas de 1950 e 1960.

O reconhecimento de sua obra inicia-se com o Prêmio de Pintura Nacional que divide com DI CAVALCANTI na II Bienal do MAM de São Paulo, em 1954, por influência do crítico inglês Herbert Read. A agitação cultural provocada pelas bienais, com a decorrente assimilação das vanguardas européias, como a abstração geométrica e a arte concreta, iriam transformar o gosto do público e a arte brasileira.

Esta transformação também se percebe na produção de Volpi. ' […] Mar e céu desaparecem em simples faixas coloridas, telhados viram simples triângulos, ladeiras e ruas são lisas formas retangulares em diagonal, portas e janelas se reduzem a retângulos e quadrados […]', verifica Mário Pedrosa no final dos anos 1950.4

A síntese de elementos alcançada por Volpi em suas composições a partir de formas como casarios, fachadas, bandeirinhas, mastros e barcos à vela, proporcionam à arte moderna brasileira uma dimensão de estilo inconfundível".

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